Rosas e segredos

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Chanyeol estava em puro frenesi. Não havia conseguido pregar os olhos a noite inteira, apenas pensando em como havia sido fantástico, finalmente, dar um beijo de verdade nos lábios macios do bailarino. Ainda conseguia sentir o friozinho na barriga ao lembrar-se de Jongin se levantando do banquinho, só para sentar em seu colo. Se pudesse escolher uma palavra para descrever aquele momento na roda-gigante, seria libertação. Era libertador finalmente deixar o medo e os receios de lado e fazer apenas o que tinha vontade. Estava começando a entender melhor sobre várias coisas, e acabou concluindo que, bom... Estava tudo bem gostar de outro garoto. E, poxa, como gostava dele! Tudo havia se tornado mais fácil desde que aceitou que era apaixonado por Jongin, e permitiu que aquela tensão sexual, reprimida por tanto tempo, queimasse como fogo dentro daquela cabine apertada, esta que, assim que a volta se completava, eles retornavam à fila, só para poderem trocar beijos apaixonados lá no topo novamente. Park tinha certeza que nenhuma adrenalina causada pelos brinquedos se comparava à agitação de seu coração batendo com força no peito por causa do moreno bonito ao seu lado, que abraçava com força o ursinho de pelúcia que ganhara de presente.

Se aquela era a felicidade, o bad boy não tinha mais intenções de desembarcar. Foi difícil quando a hora de se separarem finalmente chegou.

Pensando nele, pegou o Nokia embaixo do travesseiro e notou uma mensagem de texto de Jongin. Ele também não havia conseguido pegar no sono, e corou vergonhosamente ao notar os vários emoticons de beijinhos, chegando até a cobrir o rosto com os lençóis, mesmo que ninguém pudesse vê-lo. Contudo, sua própria consciência alarmava de forma barulhenta que estava completamente perdido quando, com as mãos grandes, suadas e tremendo em nervosismo, respondeu aos emoticons românticos. Céus! Era tão constrangedor. A troca de SMS foi encerrada quando, ansiosos para ficarem sozinhos de novo, marcaram um encontro na biblioteca, naquela seção mais afastada. Já havia se tornado o lugarzinho dos dois, e o coração de Park já batia mais acelerado só ao imaginar-se abraçando e beijando o bailarino ali. Estava viciado! E nada nunca o fizera sair tão cedo de casa antes. Colocou a mochila nos ombros e correu em direção ao ponto de ônibus, sem nem ao menos esperar pela carona do pai. Estava desesperado para encontrar o garoto que bagunçava todos os seus sentidos, permitindo que a mente vagasse nas lembranças do primeiro encontro.

Era estranho, o beijo parecia recente o suficiente para a sensação do contato ainda formigar em seus lábios, ao mesmo tempo que parecia demasiado distante para que Chanyeol sentisse a tortura da abstinência.

Caminhava — com os pensamentos um pouco distantes dali — pelos corredores de El Dorado. Devido ao horário, o colégio ainda estava consideravelmente vazio, com apenas alguns grupinhos de esportistas e CDFs aqui e acolá. Passou por alguns poucos alunos distraídos, que, apesar de sua altura, nem chegaram a notar sua presença. Não era mais tão temido quanto um dia já fora, e muito menos popular. Havia se tornado um aluno comum, um fantasma. Doh Kyungsoo tinha espalhado a notícia da expulsão de Park do grupo de valentões por toda a escola, e deixou bem claro que se pegasse alguém de conversinha com o traidor, ou que até mesmo direcionassem um olhar para ele, sofreriam consequências. Amedrontados, todos passaram a fingir que Park simplesmente não existia. Doh tinha tirado tudo de si, o isolado na escola em que Chanyeol costumava dominar. Isso o tirou o sono durante muitas semanas, o sentimento de perda doía, era como ver todo o prestígio que havia demorado para conquistar, escorregar por entre seus dedos como água.

Passou direto pela escada que levava à sua sala de aula e seguiu caminhando pelo térreo, onde encontraria Jongin. Queria ver o bailarino antes mesmo de se livrar da mochila incômoda, chegando até mesmo a apressar o passo. Contudo, um pouco à frente, encontrou uma figura baixinha e um tanto marrenta. Só então Park deu-se conta de que seus momentos de paz estavam prestes a acabar: Minseok havia voltado da suspensão e, em pouco tempo, Jongdae e Doh Kyungsoo também retornariam. Kim discutia com outro aluno, tão alto quanto Chanyeol, mas isso não impedia que o baixinho o intimidasse. A tensão nos ombros do garoto era visível, enquanto o delinquente estendia a mão e balançava o pé impacientemente.

Por Trás das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora