Quando Chanyeol adentrou o Santana bordô, seu pai estava com uma expressão rígida, beirando a decepção. Ele cumprimentou o pastor, que não o respondeu, então colocou o cinto, enquanto o pai engatava a primeira marcha e dava partida no automóvel. Seguiram todo o caminho até em casa em silêncio, Park KangSoo apertava o volante com força, e Chanyeol sentiu o característico frio na barriga quando o pai acelerou — mais do que a velocidade indicada — na estrada. A primeira vez durante todo o percurso que o mais velho lhe direcionou alguma palavra, foi quando estacionou e pediu para que olhasse o porta-luvas. Chanyeol o fez, sem entender, mas logo descobriu quando encontrou um envelope amarelo e gasto.
— Abra — o pai pediu, a voz trêmula indicava uma alteração nada agradável de suas emoções.
Chanyeol devia ter desconfiado quando as coisas começaram a ficar calmas demais para ele. Não havia possibilidade de que, após tudo o que fizera em seus tempos rebeldes, o carma esquecesse de sua existência. O conteúdo do envelope era diversas fotografias de Chanyeol se embriagando e fumando cigarros baratos com seus amigos no terraço da escola. Olhou hesitante para o pai, que não conseguia encarar o rosto do próprio filho, e continuou a passar as fotografias. Todas as articulações pareceram enrijecer quando, entre elas, haviam fotos dele e Jongin trocando afetos na biblioteca.
— Pai — tentou fazer-se ouvir, mas sabia que não adiantaria até mesmo o melhor dos discursos. Estava registrado. — Eu posso explicar.
— Então, além de marginal, você também é viado? — Seu pai virou o rosto para encarar a avenida. Alguns carros passavam, e foi com a luz dos faróis que pôde perceber os olhos marejados de KangSoo. — Logo você, Chanyeol? Meu filho. O filho de um pastor.
A notícia era chocante para sua família, sabia disso. Não se orgulhava de todas as ruindades que fizera com outras pessoas, outros alunos, mas não se arrependia de ter se envolvido com Jongin. Seu único desejo era tê-lo conhecido em outra ocasião, uma que não envolvesse toda a história caótica que os rondava.
Chegou a pensar que seu pai estivesse decepcionado por se preocupar consigo ou por ter uma ideia oposta do filho que carregava ao seu lado na igreja evangélica, mas sua última sentença só provou com o que e com quem o pastor se importava. Na verdade, Park KangSoo não ligava muito para o álcool e para a nicotina, acreditava que umas boas surras de cinto pudessem resolver o problema, entretanto, tinha vergonha que seus fiéis descobrissem que Chanyeol estava envolvido com outro garoto.
— Então é só com isso que você se importa? Com o que os outros vão pensar? — O olhar confirmativo do pai doeu no fundo de seu coração, mais do que sua ação seguinte. — Sim, aqui sou eu beijando outro garoto, e daí? — Levantou a fotografia para que o pastor a encarasse, o que desencadeou mais ainda sua ira. — Nós estamos juntos e eu o amo!
O tapa que lhe atingiu a face foi forte e seco, latejava de um modo que Chanyeol teve de levar longos segundos para se recuperar.
— O ama?! — KangSoo riu soprado, desgostoso. — Eu tenho nojo de você! Saia do meu carro.
— O quê? — perguntou, ainda atordoado. — Pai...
— Eu mandei sair do meu carro! — Park KangSoo retirou o cinto de segurança de Chanyeol à força, abriu a trava e empurrou o garoto contra a porta entreaberta. — Não volte mais para a minha casa, eu não tenho mais filho.
Expulso do automóvel, Chanyeol ficou largado na calçada, tentando digerir as palavras duras do próprio pai, aquele que supostamente o protegeria do mundo. Ainda com as fotografias em mãos, as guardou no envelope e se permitiu analisá-lo melhor. O destinatário: Park Chanyeol. No verso, onde continham as informações do remetente, apenas um recado: "Um presentinho de Doh Kyungsoo".
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por Trás das Máscaras
FanficSer um adolescente assumidamente gay nos anos noventa não era nada fácil, principalmente quando tinha o sonho de se tornar um bailarino profissional. No seu último ano do colegial, Kim Jongin transfere-se para uma escola nova, a conceituada El Dorad...