Coragem, tolice e segredos

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Chanyeol estava indo em direção ao terraço com seus amigos... e Zhang Yixing. E isso significava que tinha feito sua escolha. Não queria dar para trás (de novo) com a promessa que fez para Jongin, mas, a cada passo que dava, se perguntava se aquela havia sido a escolha certa.

Era estranho sentir seu estômago embrulhar ao se aproximar daquele lugar, conhecido entre seu grupo como point, pois já esteve lá muitas vezes. Era no point — o terraço da escola — que resolviam os conflitos olho por olho. Ali, ninguém os incomodava quando manchavam o chão com o sangue de algum pobre coitado.

Chanyeol não queria fazer mal nenhum a Yixing, nem ao menos conhecia o garoto, mas assisti-lo ser arrastado escada acima como um saco de batatas não parecia uma apresentação muito bacana.

Se fosse parar para pensar, não andava querendo fazer mal a ninguém ultimamente, o que era estranho para um líder de um grupo de bullies.

O que mais intrigava Park, na verdade, era que entre o bailarino e o "traidor", a resposta veio quase imediatamente a sua cabeça. Não estava animado para o que deveria fazer em poucos minutos, no entanto, sabia quais eram as regras do grupo, pois, afinal, ele mesmo as havia criado.

Chegando ao terraço, os Kim se colocaram atrás de Yixing, impedindo que ele tentasse alcançar a saída. O chinês estava inquieto (provavelmente se cagando de medo) e, durante todo o caminho, veio se agarrando nos corrimões das escadas, na tentativa falha de conseguir se soltar dos demais. Ele sabia que ajudar Jongin era um risco, e que receber o troco de um Kyungsoo enfurecido era uma consequência.

— Vou ver se tem algo interessante na bolsa dele. — Jongdae abriu o zíper da mochila e vasculhou lá dentro como se pudesse encontrar ouro, no entanto, só concluiu que Zhang era um rapaz de hábitos muito estranhos. — Por que diabos você tem uma pelúcia de ovelha dentro da mochila?

— É um carneiro — Yixing corrigiu. — Me dá sorte.

Não encontrou nada além dos livros acadêmicos, a pelúcia e uma coleção de vários Tazos repetidos.

— Esse cara é muito estranho. — Jongdae largou a mochila, um pouco frustrado por não ter faturado nada.

— Não sei não, hein, você não me parece muito sortudo no momento. — Minseok soltava risadinhas ao ouvido de Yixing e apontava para Kyungsoo e Chanyeol que estavam a sua frente, tentando mostrar o quanto ele estava ferrado.

Doh mantinha aquela expressão séria enquanto acendia um cigarro. Comprava sempre os mais vagabundos, assim conseguia fumar mais. A mão coçava para dar o primeiro soco, porém, passaria a responsabilidade para Park. Estava achando ele quieto demais naqueles últimos dias.

Deu uma tragada profunda e depois soprou, do jeito tradicional, sem as frescuras de anéis de fumaça que os iniciantes achavam descolado.

— Vamos fingir que você não sabe porque está aqui, estrangeiro — Kyungsoo disse, com a voz rasgada por conta do tabaco. — Devia ter ficado no seu país.

— Eu sei porque estou aqui. Fiz o que achei ser o certo. Não me arrependo.

Há muito tempo Yixing vinha acompanhando o terror que o grupo tocava naquele colégio, muitas vezes já tinham até mesmo levado seu dinheiro do almoço ou o empurrado pelos corredores. Uma vez, enquanto o grupo brigava com alguns esportistas pelo corredor, próximo ao seu armário, Yixing foi empurrado e acabou adquirindo um roxo enorme no quadril. Não conseguiu dançar hip-hop por uma semana.

Sempre quis fazer algo a respeito, mas sentia-se impotente. Isso até Kim Jongin chegar e Zhang enxergar nele uma espécie de aliança.

— Se bater em mim estará fazendo mal a si mesmo.

Por Trás das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora