Magia e segredos

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Durante aquela semana inteira, Jongin tinha se levantado para ir à escola pela força do ódio. Mal tinha conseguido estudar para as provas — que já estavam praticamente em cima — porque todos os seus esforços estavam concentrados em melhorar suas habilidades de balé. Faltavam apenas dois meses para o baile da Feira Artística e era sabido por todos os clubes que olheiros estariam presentes em busca de novos talentos.

Se conseguisse chamar a atenção de algum, estaria com a faculdade garantida!

O problema é que estava totalmente fora da sintonia da turma, além de já estar em desvantagem, por ser o único que a não ir para o Grande Concerto de Música Clássica, de onde, como dito pela professora que ele mais odiava nessa terra, tirariam todo o repertório da apresentação do baile. Para piorar sua situação, levaria uma bronca de sua avó quando a conta de telefone chegasse no fim do mês, porque tinha ligado para todos os números da maldita lista telefônica, só pra descobrir que os ingressos estavam esgotados.

Já as olheiras enormes, eram consequência das noites em claro. Jongin sentia que, pior do que tirar uma sequência de "uns" no RPG, era ter tirada de si a simples oportunidade de jogar os dados. Afinal, um adolescente padrão tinha preocupações comuns como: perder a virgindade, o fliperama não estar lotado, não esquecer de alimentar o Tamagotchi ou, pelo menos, conseguir a média 7,0 para passar de ano. Mas Jongin sabia bem que não era um jovem padrão, e, justamente por não ter vergonha de dizer "sim, eu sou gay mesmo, e daí?" que ele tinha que ter uma motivação diária para se levantar da cama.

Foi andando pelos corredores que avistou aquele orelhudo com uma puta cara fechada escorado na parede, como se esperasse alguém. Rapidamente, esqueceu-se sobre o que reclamava mentalmente, e até pensou em ir falar com ele, mas tinha um certo receio de estar sendo observado, então, ao invés disso, ficou o olhando de longe, sem conseguir conter um sorrisinho, pois havia passado tempo suficiente entre as seções da biblioteca com Chanyeol naquela semana para saber que a pose de durão era só uma casca.

Não deveria estar fazendo aquilo, sabia que aquele ritmo acelerado em seu peito não significava coisa boa para si mesmo. O vigiava de rabo de olho, enquanto fingia mexer no próprio armário, e descobriu que, talvez, achasse Park realmente bonito.

Se deu conta de que aquele boné ridículo — vezes virado para trás, vezes para o lado — não o incomodava mais tanto assim, nem aquele franzido que ele fazia na sobrancelha quando queria passar um olhar de bad boy. A única coisa que ainda o incomodava, era aquele maldito uniforme com coraçõezinhos desenhados, que acabou ganhando mais um para a coleção pouco tempo depois de Seulgi praticamente voar nos braços de Chanyeol, o cumprimentando com um beijo nada casto, em que mesmo de longe era possível ver as línguas se engolindo.

Pensou em como a jovem era bonita, rica e talentosa em tudo que inventasse fazer, a perfeita representação de garota que os pais de Chanyeol gostariam como nora. Já Jongin, sentindo a realidade lhe atingir em cheio, virou o rosto em outra direção, encontrando em sua bagunça pessoal de livros e fones de ouvido, alguma outra justificativa para aquele formigamento irritante no peito.

Nem se deu conta de quando Yixing brotou ao seu lado, dando dois toques em seu ombro. A primeira reação do bailarino foi um susto que quase o desequilibrou, a segunda, foi paralisia completa.

— Quem é você e o que fez com Zhang Yixing? — perguntou com os olhos arregalados, ainda não acreditando no que via.

O chinês estava com uma maquiagem preta pesada nos olhos, completamente borrada, como um panda. O rosto estava branco demais, contrastando com o tom de pele mais escuro do pescoço. Usava um tipo de coleira com spikes e um sobretudo preto por cima da blusa do uniforme, combinando totalmente com a calça apertada de couro.

Por Trás das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora