Eu te amo e segredos

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Olhava o próprio reflexo sorridente através do espelho, deslizando os dedos pelo band-aid com estampa de ursinhos coloridos.

Jongin havia o comprado um curativo na noite anterior, após saírem da escola, debandando velozes pelas redondezas, enquanto curtiam a excitação de estarem juntos novamente. Chanyeol cessou os passos, querendo olhar nos olhos daquele que fazia seu coração bater mais rápido do que a própria correria. Suas mãos estavam quentes, assim como o hálito que se misturou ao seu, junto do gostinho do chiclete de tutti-frutti recém-aberto. A boca era macia e irresistível, e não ficou incomodado por beijá-lo em público. Que vissem. Que dedurassem. Estava louco de amor!

— Você foi... perfeito agora há pouco. — Suspirou entre o selar, arrancando do outro o que julgava, em sua humilde opinião, ser o sorriso mais lindo do mundo inteirinho. — Você nasceu para aquilo. Não imagina como fica lindo quando está dançando.

— É mesmo? — As bochechinhas adquiriram um tom rosado e os olhos se fecharam, aproximando os rostos novamente. — Pois eu acho que nasci pra beijar você, Park Chanyeol.

Agarrava a cintura do bailarino à medida que os lábios afoitos se encontravam novamente, até que Jongin separou-se e balançou, nos dedos finos, chaves de carro que retirara do bolso interno do blazer.

— O que é isso? — Chanyeol perguntou, com aquele finco entre as sobrancelhas. — Como arranjou um carro?

— É do Sehun, ele me emprestou — Jongin explicou, parecendo animado demais enquanto caçava o carrinho de burguês com os olhos. — Vem, vamos dar uma volta.

— Espera! Você ao menos tem licença para dirigir? — Chanyeol notou a visível dificuldade que Jongin possuía ao tentar destravar o carro. — Quer dizer, preciso saber antes de confiar minha vida a você.

— Na verdade, não tenho. Mas sei o suficiente — revelou com uma expressão arteira. Tinha certeza que Park entraria naquele carro mesmo assim. — Acha que só você pode ser o rebelde por aqui?

Rebelde? Eu não sou rebelde!

— Ah, desculpe-me, senhor. Como você se autointitula mesmo? Lembrei: bad boy.

O afastou pelos ombros, adentrando o Corolla, gargalhando.

— Ei! Eu nunca disse essas palavras — reclamou e abaixou-se para encarar Jongin pela janela. — Isso não é meio brega?

Jongin rolou os olhos. Chegava a ser engraçado como Park se ofendia com muito pouco.

— Entra logo no carro, bonitão.

O elogio em tom de deboche, mesmo que piegas ao extremo, amaciou Chanyeol ao ponto de arrancar um sorriso dele, ainda que tentasse, esforçadamente, disfarçar. A sensação de sentar-se no banco do carona, com Jongin girando a chave para conduzir o automóvel, era estranha. Chanyeol sempre desejava estar na linha de frente, o guiando e o defendendo, mas parecia que, não importava o quanto tentasse, era Jongin quem sempre estava tomando conta dele. Levou um longo tempo pensando que, talvez, fosse toda aquela personalidade voraz de seu ursinho que tivesse o feito cair em seus encantos, como um inseto quando é hipnotizado por uma planta carnívora. Kim Jongin era, no sentido mais puro da palavra, uma rosa. Desde a flor aos seus espinhos. Porém, infinitamente mais bela do que qualquer uma que Park já pudesse ter visto na floricultura de seus pais.

Tentando conformar-se com o fato de que, com Kim Jongin, Chanyeol nunca teria para si o controle, optou por preocupar-se com a direção que estavam tomando, não conseguindo segurar o riso ao perceber que o outro dirigia segurando com muita força as duas mãos no volante, e muito devagar, quase parando. Não o culpava pelo receio. Se fosse Chanyeol, ele também teria medo de bater aquele carro.

Por Trás das MáscarasOnde histórias criam vida. Descubra agora