— Plié! — Lee Soo Yang, a professora, ditou para a turma.
Jongin posicionou os pés para fora e flexionou os joelhos de maneira meio torta, segurando-se porcamente na barra de ferro à sua direita, contrastando de maneira esquisita com as outras bailarinas perfeitamente alinhadas.
O plié é um dos movimentos mais importantes do balé, o início e acabamento de cada salto. Por esse motivo que, religiosamente, toda aula, os alunos praticavam tanto esse passo.
— Quer ter uma lesão no joelho, garoto? — a professora disse, meio irritadiça, enquanto acompanhava o movimento mal-executado do único aluno homem da sala. — Mantenha seu en dehors!
Jongin suspirou um pouco pesado pelo esforço em corrigir sua postura, não ligando muito para o tom prepotente que a mais velha sempre costumava usar com ele, e somente com ele. Corrigindo a coluna, alinhou os joelhos, mantendo um plié adequado.
— Gran plié!
Nesse movimento, as alunas fizeram como no anterior, porém a flexão do joelho deveria ser maior, demandando mais esforço por conta das bailarinas. E novamente, Jongin entregou um passo falho e um tanto torto.
— O que está fazendo? — Seulgi sussurrou, logo atrás de si. — Parece que sua cabeça está em outra dimensão.
Olhando para o grande espelho de parede, Jongin assustou-se com o próprio reflexo. Sempre entregou saltos leves e perfeitamente executados, que despertava a inveja em algumas bailarinas e impedia a professora Lee de expulsá-lo do clube para manter uma turma só de garotas, como a mais velha acreditava que um clube de balé clássico deveria ser. Mas, naquela tarde, Jongin estava diferente. Logo nos alongamentos, demonstrava estar distraído. Pedia para a professora repetir os comandos, estava mais lento que as demais bailarinas e, quando se viu no espelho, percebeu que estava sorrindo.
— Jovem Kim? — A voz aguda da professora chamou sua atenção.
— Sim, professora! — respondeu em um tom animado, ainda que desconfiasse que quando a mais velha chamava seu nome, nada de bom viria com aquilo.
— Talvez dez minutos no banco lhe devolvam o foco, está atrapalhando as minhas meninas.
Sem perceber seus próprios atos, Kim reclamou com um biquinho, exatamente quando sua avó lhe negava algo. Ninguém fora de sua casa jamais tinha o visto franzir os lábios daquela forma um tanto infantil, e somente acontecia nos momentos raros em que se sentia completamente à vontade, o que era estranho, porque Jongin sempre se sentia pressionado e humilhado naquele ambiente.
No entanto, não discutiu com a mais velha, andou até o banco de espera e pegou sua garrafinha de água na bolsa, feliz pela temperatura estar exatamente do jeito que gostava — nem muito gelada, nem natural.
Começou a cantarolar alguma música do A-ha de olhos fechados, nem percebendo quando sua colega de turma se sentou ao seu lado.
— Pelo menos alguém está feliz hoje, não é? — A garota tinha a voz meio xôxa e massageava a coxa dolorida sob o collant rosa-choque.
— Ah! — Jongin sobressaltou-se um pouco do banco, surpreso com a companhia. — Oi, Kang.
— Você é sempre o reclamão que bate boca com a professora Lee, mas hoje está tão sorridente. Aconteceu alguma coisa?
Nada de diferente vinha acontecendo na vida de Kim. Era sempre a mesma rotina. Acordava, se arrumava para a escola, depois o clube... Exceto que, nos dias anteriores, não tinha abraçado Park Chanyeol, e o ocorrido não saía de sua cabeça.
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Por Trás das Máscaras
FanficSer um adolescente assumidamente gay nos anos noventa não era nada fácil, principalmente quando tinha o sonho de se tornar um bailarino profissional. No seu último ano do colegial, Kim Jongin transfere-se para uma escola nova, a conceituada El Dorad...