capítulo 37

370 13 2
                                    

Tento focar em qualquer coisa mas parece que tudo que eu penso me retorna para Heitor agora eu sei muito bem o quão escroto ele é, eu nunca pude imaginar que ele teria a coragem de fazer tudo o que fez. Está mais do que na cara que eu sou simplismente um objeto sexual e de posse para ele. Minha vontade é de sumir, pegar Jéssica e sair por aí sem rumo apenas podendo ser nós mesmas, saber que esse filho da mãe nos culpa pela morte da Flávia só me dá mais certeza de que as coisas podem piorar antes de melhorar.

Aviso Gonçalves que estou encerrando o expediente mais cedo na verdade eu nem o iniciei direito, vou até o hospital preciso de respostas eu sei que meu pai está fraco mas tudo que ele precisa me dizer será apenas com um olhar. Preciso saber se ele realmente fez tudo que Heitor diz se tudo que está escrito naqueles arquivos é verdade pois só agora eu penso que nunca o confrontei com os fatos meu medo sempre foi tanto por sua saúde que nunca pensei em fazer nada que o trouxesse desgosto.

Parece que a cada quadra que me aproximo daquele hospital meu coração vai sair pela boca, vejo as pessoas pelas ruas e como suas vidas me parecem simples. Encosto meu carro na frente do hospital e respiro fundo, ou é agora ou nunca.
Ao passar pela recepção os seguranças apenas me deixam subir, ando frequentando tanto esse hospital que acabei por fazer amizade com a maioria dos funcionários. 

No caminho encontro Ariadne com sua cara mais interrogativa se perguntando o que eu faço ali, pois a mesma me disse que me ligaria se acaso houvesse alguma mudança no quadro clínico do meu pai.

- Olá Alexandra, aconteceu algo por um acaso? Não foi me informado nenhuma mudança no quadro clínico do seu pai. (Ariadne)

- Oi minha querida, eu não sei. Aconteceram tantas coisas nos últimos dias e os médicos vem me dizendo que ele anda melhorando tanto que eu quis vir para vê-lo, ver se por um acaso ele escutar minha voz possa me dar alguma luz nessa escuridão aonde eu estou me afundando. (Alexandra)

- Oh eu compreendo mas por favor não se iluda, os sequelas desse AVC que atingiu seu pai podem ser maiores do que as mostradas pelos exames. Você me disse para sempre ser realista com você e eu estou sendo, tenha esperanças mas seja realista. Não carregue sua felicidade em um barco que pode afundar a qualquer momento. (Ariadne)

- Eu sei mas como diz o ditado " a esperança é a última que morre " eu vou indo está bem. Obrigada por tudo principalmente com os cuidados com a Jéssica. Não esquece de mandar um abraço pra Angélica. (Alexandra)

- Pode deixar, qualquer coisa você tem meu telefone é só me dar um toque ok? Fica bem. (Ariadne)

Caminhando em direção ao quarto em que meu pai está internado percebo o quão as palavras de Ariadne foram duas, mas ao mesmo tempo foram certeiras. Eu preciso estar preparada pra tudo, preciso antes de entrar naquele quarto estar ciente que as respostas que posso encontrar e se as encontrar podem não ser as que realmente eu desejo.

Abro a porta calmamente e vejo meu velho dormindo como um bebê, existem tantos tubos e fios saindo de seu corpo e isso me faz querer chorar. Porque meu Deus, por que me diz. Afago sua mão e pela primeira vez me entrego as lágrimas que guardei nos últimos dez dias, parece que minha alma vai sair do meu corpo a cada lágrima que escorre pela minha face. Murmuro baixinho as coisas que aconteceram e me pergunto por que.

Por que eu não posso ser simplismente feliz ao lado da mulher que amo, porque as pessoas que eu pensei que mais poderia confiar nesse mundo fizeram tudo isso. Como minha mãe teve coragem de mandar atentar com Jéssica e o que mais ela pode ter sido capaz de fazer para chegar aonde está. Sinto algo na minha mão e ouço um pequeno soluco:

- Pai, pai pelo amor de Deus pai você acordou. Pai o senhor está bem, vou chamar um médico. (Alexandra)

Tento sair de perto dele mas sou travada por seus dedos tortos que se enrolam na manda da minha blusa, olho para sua face e vejo uma lágrima escorrer. A seco com o dorso de minha mão. Eu não sei como agir, aperto o botão acima de sua cama, sei que em alguns momentos alguém irá aparecer para me ajudar.

- Alex... Seu rosto. (Ricardo)

- Pai por favor não fala nada, os médicos já estão chegando. Se acalma o senhor vai ficar bem. (Alexandra)

- Filha me ouve por favor. (Ricardo)

Ouço meu pai contar coisas desconexas que me fazem tremer de raiva, ódio e nojo. Como eles puderam fazer isso, minha vontade e de acabar com tudo da forma mais rápida mais eu não posso. Vejo meu pai falando e as forças dele se esvaindo como água de uma fonte, uma lágrima besta se forma em meus olhos e não posso acreditar.

- Filha eu só quero que você seja feliz, eu sei que já te prejudiquei demais, mas sei que ainda não é tarde. Não abaixe sua cabeça para sua mãe pois aquela ali é pior que um vidro de veneno.

Os médicos entram no quarto e começam os procedimentos para ver se está tudo bem, me sinto atordoada pois uma avalanche de informações foi jogada em meus ombros e eu não sei como assimilar. Vejo Nádia entrar no quarto e só nesse momento percebo o quanto essa mulher se tornou uma parte de meu pai. A forma como ela me passa muita ternura.

- Alexandra por favor a senhorita pode me acompanhar. (Doutor )

- Claro Doutor mas houve algo? (Alexandra)

- Por favor venha comigo, precisamos conversar alguma formalidades. ( Doutor )

Acompanho o Doutor até uma sala mais tranquila aonde posso ver em seu semblante que a conversa que está por vir pode não ser tão agradável.

- Olha senhorita Alexandra serei muito direto. Seu pai é relativamente um milagre para nós, nas condições que ele chegou e o quão pareceu extenso o AVC nos exames ele provavelmente nem deveria ter acordado e muito menos falando. Não sabemos o que aconteceu mas no momento ele é um mistério para nós. (Doutor)

- Então isso é bom né quer dizer que meu pai é mais forte do que imaginamos. Ele vai ficar bem Doutor? (Alexandra)

- Se ele vai ficar bem ou não é muito cedo para se falar, mas estamos bem esperançosos, mas não era sobre isso que eu gostaria de tratar com você. Nós documentos anteriores quando seu pai deu entrada notamos que você era a guardiã legal do seu pai correto? (Doutor)

- Sim Doutor, desde que meu pai adoeceu mais devido o câncer eu tomei a frente para cuidar de tudo por ele. (Alexandra)

- Então o que houve é que, enquanto a senhorita estava ausente no hospital um senhora veio aqui se dizendo responsável pelo seu pai e tentando induzir alguns funcionários a cometerem erros para que pudesse abreviar a vida do seu pai se me entende. Esse fato chegou até nosso supervisor mas ele nos disse para não nos metemos que o mesmo resolveria tudo. (Doutor)

- Como assim Doutor por que não me ligaram? Vocês não tinham o direito, eu preciso saber e quero ver as filmagens pra saber quem é  essa pessoa. (Alexandra)

- Não será necessário Alexandra pois você sabe muito bem quem é essa pessoa, pois essa pessoa foi a Nathalia sua mãe. (Nadia)




Voltando aos poucos essa semana deve ter mais um capítulo pelo ao menos

Uma Atração Inconfundível!Onde histórias criam vida. Descubra agora