Capítulo 31

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Acordo sentindo meu rosto quente, tento abrir meus olhos devagar mas sinto algo me impedir ouço um barulho longe e tento me concentrar só que nada faz sentido, sinto um afago em minha cabeça e isso faz com que meu corpo se acalme, consigo olhar para o teto e vejo uma luminária colorida e isso é engraçado tento me sentar mas meu corpo mal consegue se mexer.

- Não se mexa por favor seu corpo está machucado demais para você tentar fazer qualquer coisa. (Desconhecida)

- Eu tenho que ir embora daqui, preciso chegar ao hospital no centro, por favor me ajuda eu nem sei aonde estou e nem quem é você? (Alexandra)

- Eu sou somente uma boa samaritana me chamo Kalila eu trabalho no motel aonde você estava eu fui fazer a faxina de um quarto e acabei te encontrando ensanguentada na cama e quando chamei os seguranças eles iam te jogar em um lugar qualquer mas eu não podia deixar isso acontecer. (Kalila)

- Mas como você mal me conhece, você tem um telefone eu preciso ligar pra uma pessoa. (Alexandra)

- Vou ser franca com você eu já vi muita merda naquele lugar mas te ver daquele jeito jogada como lixo naquela cama ultrapassou qualquer limite que um dia eu poderia aguentar, eu não conseguia acreditar que uma pessoa seria usada e abusada pra depois ser descartada daquela forma. (Kalila)

- Eu devo estar horrível, você não tem obrigação nenhuma comigo só me empresta um telefone que eu vou embora. (Alexandra)

- Moça eu nem sei o seu nome e quero te ajudar, eu olho pra você e penso o que será que aconteceu para chegar a aquele estado, eu posso te ajudar mas não vou lhe emprestar um celular para ligar para um táxi e ir embora, você só vai sair daqui se for para a delegacia e eu vou com você não aceito não como resposta. (Kalila)

- Você quer que eu vá a delegacia Kalila, você mal me conhece e não deve se meter na vida dos outros. Sabe quem eu sou eu me chamo Alexandra Freitas, Delegada Alexandra Freitas, acha que vai ser bonito eu chegar assim na delegacia para todos verem a merda que aquele bosta faz comigo e eu nem posso fazer nada. Que credibilidade eu vou ter se eu sou a merda de uma delegada que não sabe se defender me diz. (Alexandra)

- Ei se acalme moça, não importa a sua profissão ou a sua posição social. Sei que você como delegada deve pensar comigo deveria ser diferente eu deveria agir assim mas isso não importa, ele te agrediu e abusou de você por mais que você diga o que for jamais o que eu vi lá, aquela cena de você jogada em uma poça de sangue pode ser chamada de uma relação por livre e espontânea vontade. (Kalila)

- Eu jamais transaria com aquele homem por querer, aquele escroto desgraçado, eu preciso ir embora daqui porque ele vai atrás dela. (Alexandra)

- Você não vai a lugar nenhum assim, você precisa se reestabelecer pois se for pra sair daqui vamos a dois lugares, uma delegacia e um hospital eu não aceito nada diferente disso. Quanto a ela que você está dizendo é da Jéssica que você está falando? (Kalila)

- Como você sabe o nome dela? Quem é você de verdade, você está com ele  tudo isso né. (Alexandra)

- Hei se acalma por favor, vc não pode se alterar assine tentar se levantar, eu imagino que seja dessa tal de Jéssica que você está falando pois você não parou de chama-lá um segundo sequer. Mesmo semi inconsciente quando eu consegui te arrastar até aqui você não parava de pedir por ela um segundo sequer. (Kalila)

Olho para aquela mulher e só agora para para reparar na boa samaritana que está me ajudando, ela é uma jovem de cabelos pretos com mechas azuis, piercing no nariz, corpo farto mas com uma cara de criança levada e só agora eu me pergunto quantos anos essa pessoa tem para estar naquele lugar e conseguir me ajudar pois ela deve pesar bem menos que eu. Tento falar alguma coisa mas começo a ter pequenos flash do que Heitor fez comigo na noite passada e isso me embrulha o estômago, como ele  foi capaz de fazer tal coisa comigo. Ninguém nesse mundo merece passar por tal situação, olho pra Kalila e começo a enxergar embaçado pois só agora noto que estou chorando não sei se de raiva ou se de medo por mim e por tudo. Sinto seu corpo tocar o meu e ela me abraçar  de uma forma terna me passando uma segurança indescritível.

- Se acalma por favor moça, aqui ele não vai te encontrar e se acaso isso acontecer ele não pode entrar aqui. Você melhor que ninguém sabe como essas coisas são ele não vai mudar, se encostou em você uma vez fará novamente, ele pode lhe dar presentes ou mudar por umas semanas mas quando ele se frustar ou quiser algo a mais vai fazer tudo novamente. Você como mulher da lei sabe o roteiro disso certinho. (Kalila)

Abaixo minha cabeça e ouço cada pequena palavra daquela que até poucas horas era uma completa desconhecida e pra falar a verdade nunca ouvi nada que fizesse tanto sentido eu sei muito bem como essas coisas acontecem e voltam a se repetir se o agressor não for denunciado, ele tem que ser parado antes de que quem pare no necrotério sou eu.

- Sim eu sei o que eu tenho que fazer mas a sensação que eu tenho é totalmente diferente. Eu não sei como agir muito menos por onde começar. (Alexandra)

- É normal esse sensação de estar confusa mas faremos o seguinte você deve estar em choque ainda então vamos a delegacia da mulher e lá você conta tudo que aconteceu depois de lá eles vão tomar as medidas contra o seu namorado. (Kalila)

- Você está certa só que antes de ir eu preciso fazer uma ligação pode ser você me empresta o seu celular? (Alexandra)

- Tudo bem só que veja bem para quem você liga pois que não seja ninguém que possa avisar seu agressor. (Kalila)

Sou pega de surpresa por tal recomendação eu realmente estava pensando em ligar para minha mãe mas quando imaginei que ela iria tirar satisfações com Heitor e por consequência Heitor saberia aonde eu estava poderia ser bem pior. Um nome vem em minha mente mas eu não tenho o número dele resolvo ligar no único número que conheço de cor e se tudo der certo ele deve estar com o celular dela em mãos.

- Alô tudo bem? É a Alexandra que está falando eu preciso de ajuda. (Alexandra)

-....

- Aconteceu uma coisa horrível mas eu não quero falar por telefone teria como você me encontrar na delegacia da mulher próximo ao hospital do centro. (Alexandra)

-...

- Eu não vou conseguir te explicar tudo o que está acontecendo por telefone não me pergunte mais só me encontra na delegacia por favor. (Alexandra)

- Já fez sua ligação, eu posso chamar um Uber pra gente. (Kalila)

- Há gente como assim você vai comigo?(Alexandra)

- Se você não se importar eu gostaria de ir sim, não vai ser fácil o que você vai passar e vai precisar de alguma pessoa lhe apoiando lá mesmo que seja sempre uma estranha. (Kalila)

- Você já deixou de ser estranha quando me ajudou e cuidou de mim mas essa história de ajudar por ajudar não está me convencendo eu sinto que você está me escondendo algo e quando quiser contar eu quero muito ouvir. (Alexandra)

Ela me ajuda a vestir um moleton largo e uma camiseta de manga longaz, não demora muito um Uber encosta na frente da casa simples aonde estou e ela indica o endereço ao motorista. Durante todo o caminho ela segura minha mão e apoia meu corpo contra o dela para tentar minimizar os impactos de quando passamos pelos buracos da via. Só agora eu noto que estamos em uma periferia próximo ao condomínio aonde meu pai mora, pode parecer loucura mas o apoio dessa estranha me faz ficar em paz e ter coragem para lutar por mim mesma.

- Alexandra você está bem chegamos na delegacia vamos entrar? (Kalila)

Olho para Kalila e seguro sua mão, desço do carro com dificuldade olho para aquele lugar, aquela delegacia e uma insegurança toma conta de mim eu sei o que é certo fazer mas será que eu aguento e estou disposta a tudo isso. Olho para o lado e vejo Moisés vindo na minha direção com um olhar de piedade e medo para mim, respiro fundo e tomo uma das decisões mais difíceis da minha vida não importa o que acontecer de qui em diante eu não parar até que ele me pague por tudo que ele já fez...

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