Descanso

133 20 5
                                    

Descemos as escadas e fomos direto à cozinha, Cadu na frente e eu logo atrás, mas só no andar de baixo me dei conta que estávamos de mãos dadas, eu me segurei para não rir daquela ação involuntária, mas Cadu  notou algo de estranho e parou no balcão que separa o cômodo cozinha e sala, lá estava algo incomum, Cadu parou olhando os objetos em cima do balcão era uma aliança e uma corrente de prata e um papel escrito com caneta vermelha – “aberrações”.
Cadu me olhou confuso e olhou para a porta que estava aberta por uma pequena fresta, marca sutil de sapatos molhados sob o tapete, rapidamente Cadu tirou o celular do bolso checando sua dúvida. Aquilo era de Rodrigo, Cadu quem havia o presenteado e a aliança era do seu namoro.

— Ótimo, ele me bloqueou.

— O quê isso?

— Acho que... acho que o Rodrigo voltou na hora em que estávamos conversando no banheiro, eu escutei um barulho na escada mas pensei que fosse o vento ou a chuva — disse Cadu pegando o bilhete — Ele me bloqueou no celular, acho que meu lance com ele já era. Ele nos ouviu José...

Que alívio! – penso eu, mas também não esbocei nenhuma reação, me contive.

— Ah, desculpa, sinto muito. — disse eu não sentindo porra nenhuma.

— Não, você não tem culpa e eu pedi para ele ir, ele não devia ter voltado... ah sei lá — Cadu colocou a mão na testa pensativo — Deixa para lá... acha que ele vai contar para alguém? Seja lá o que ele ouviu ou viu?

— E se contar? — eu dei os ombros — Não dá nada Cadu.

— Não quero ser mal visto. Sabe o pai nunca gostou do fato de eu ser gay, imagine ser mal visto por...

— Você já é, tipo nós já somos de algum modo ninguém nos vê como queríamos.

— José...

— Esquece isso — felei empurrando de leve Cadu — Bora lá, faz minha bebida e te faço o café que cê gosta.

Eu realmente estava cagando para aquela situação, ou fingindo não me importar, queria passar o tempo com cadu.

...

Sentamos no chão da cozinha, me sentei com meu copo quente de achocolatado que Cadu fizeram e ele sentou em meu lado com seu copo de café quente, peguei a garrafa de xarope de groselha que estava ao meu lado e despejei no copo de café que Cadu segurava.

— Está bom? — perguntei da quantidade.

— Está ótimo. — disse ele ajeitando um dos cachos de seu cabelo que caíra na frente dos olhos, sorriu após morder os lábios rosadinhos.

Ah moleque!

— Isso vai acabar te matando.

— Eu morreria de um jeito ou de outro — riu Cadu ponderando seu caneco de café com groselha. — Eu amo isso — disse ele olhando como os olhos brilhosos para seu café

Está aí algo estranho, Cadu gostava de café com Tubaína de groselha, e caso não houvesse refrigerante de groselha podia ser o xarope de groselha, o café não era adoçado exceto pelo suco de groselha lançado no mesmo. Bizarro, mas particularmente aquela esquisitice de Cadu era apreciável, ele era o único no mundo que eu que gostava daquele tipo de iguaria.

— Deixa eu provar — disse eu pegando o seu caneco.

Beberiquei e automaticamente cuspi para o lado oposto, fazendo um chafariz e uma careta repentina pelo gosto amargo e agridoce indescritível.

— José! — disse Cadu tomando de minha mão — Toda vez você faz isso.

— Para não perder o costume, isso é horrível, parece até pior do que antes — disse

Amor Azul CentáureaOnde histórias criam vida. Descubra agora