Acordei com a claridade da manhã, o sol invadia a sala e iluminava tudo, eu estava coberto com um cobertor branco, os pássaros cantavam lá fora como se aquele dia fosse um alerta de um bom dia após o caos do dia anterior. Bati o olho no relógio na estante do outro lado, era 7:36 da manhã, me espreguicei ainda com muito sono, me dando conta que Cadu não estava mais ali no sofá, é claro.
— Vi que você já havia arrumado suas malas então coloquei suas malas no carro, vou te levar. — disse Cadu de surpresa e eu ergui a cabeça confuso, mas logo concordei afinal eu já havia comprado minhas passagens anteontem.
— Beleza — falei baixinho
Parecia que um caminhão havia passado por cima de mim, minha cabeça estava explodindo, seu corpo mais cansado do que nunca.
— Cadu tem algum calmante algo assim aí? Eu tô... nossa eu tô muito, eu não sei nem como vou viajar assim.
— Tem sim...
Me arrumei para ir embora, entrei no carro tomei dois calmantes de uma vez.
Não houve nenhum assunto entre Cadu e eu, ele não disse nada e eu muito menos, o silêncio rendeu sono...
— Chegamos Zé acorda babão, o avião já vai sair... — disse Cadu batendo com as costas da mão no meu peito me fazendo acordar
Dei um pulinho assustado olhando para frente e não estávamos no aeroporto, eu sorri involuntariamente, estávamos na casa de campo, reformada eu diria. Não havia mais os cavalos, meu pai os vendeu, e também nenhum animal se quer. O jardim estava meio abandonado, e entrada da casa estava em bom aspecto, ainda havia a cadeira de balanço de meu pai, flores mortas em vasos de plantas na varanda de entrada da casa. Olhei confuso para meu relógio de pulso, a hora do vôo, ele saiu ha trinta minutos atrás.
— Carlos, eu perdi o vôo, eles não vão querer reagendar de novo, eu já solicitei ontem por conta do pai... — disse a ele — por que estamos aqui?
— Te levei no aeroporto, mas daí eu pensei... você não podia ir embora assim, então quando você estiver realmente bem... — ele respondeu meio confuso — Eu pago a passagem...
José o olhou com um pesar.
— Eu sei, mas é que... eu fiquei pensando e se você passasse mal, tivesse uma crise de choro novamente e... — ele desistiu de suas explicações confusa — Eu não queria ficar sozinho — confessou. — Não quero que você fique para sempre, eu só, você poderia ficar só um pouco? E depois eu pago a sua passagem, eu só... está doendo José.
Abanei a cabeça que sim o entendendo.
Cadu levou a mão em seu próprio peito segurando a sua camisa e amarrotando a mesma na região do coração, os olhos dele se encheram, e ele tentou segurar o choro mas uma lágrima ou duas escaparam, Senti que não podia abandonar na dor do luto novamente, não podia fazer aquilo com ele.
— Tudo bem — falei baixinho e o puxei para meus braços.
Ele me abraçou e eu o abracei ainda mais, ficamos ali dentro do carro abraçados por alguns segundos, o choro pareceu esvair-se rapidamente de nossas almas.
Descemos do carro e caminhamos silenciosamente para dentro, retirei os meus óculos escuros, eu havia dormido com eles, paramos no pequeno hall de entrada que era bem pequeno, e já dava de cara com sala que era grande e espaçosa, o piso também de madeira um pouco empoeirado, e tudo na casa era na cor creme – como as paredes e alguns móveis, mesclando-se com a cor de madeira, rústico e sofisticado. Cadu tapou os olhos com as mãos.
— Um, dois, três... — disse ele fazendo os meus olhos se encherem.
Não conseguiu sair do lugar, eu entendi que devia me esconder de Cadu, mas travei, tentei conter o choro mas foi muito mais forte, tão forte quanto uma tromba d’agua em uma cascata fina, levei a mão para meu rosto tapando os lábios tentando não emitir o som, mas falhei miseravelmente, e Cadu tirou as mão dos olhos ao escutar uma arfada chorosa e quando me olhou. Meu Deus foi tão dolorido, mas tão dolorido, que eu não me sustentei e explodi em um choro, e fui perdendo as forças me curvando em meio ao choro, colocando as mãos no meio das pernas e apertando com o máximo de força as mãos entre as coxas, Cadu rapidamente me puxou.
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Amor Azul Centáurea
RomansaAlerta de gatilhos história para +18 Suas pernas encaixaram-se em minha cintura e eu estava muito apressado, eu queria muito explorar o seu corpo, mas também queria muito tirar o atraso de algo que queríamos e nunca tivemos, eu queria comer ele ali...