Capítulo VIII

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P.V - Beck:

Já passa das dez e eu e Sam estamos sentados no sofá falando sobre... Bem, qualquer coisa que tenha nos irritado minimamente. E considerando como as coisas estão, então temos muito assunto.

— Cara, eu ainda não acredito que você fez aquilo. — Sam me encara.

— Qual é... Eu já pedi desculpas.

— Desculpas não mudam o fato que ele me beijou.

— Então tá! — Levanto minhas mãos em sinal de rendição. — O que eu posso fazer pra' você me desculpar?

Sam fica em silêncio, provavelmente pensando em algo.

— Bolo gordo. — Ela sorri.

— É sério? Não faço ideia onde vende isso.

— Aquela padaria no outro quarteirão vende.

— Você vai me fazer andar um quarteirão pra' comprar bolo gordo? — Me levanto.

Sam assente com a cabeça. Bem, acho que vou ter sair e comprar isso para ela.

— Então tá... Vai pedindo alguma coisa pra' comer ai.

Pego o casaco que estava pendurado no cabideiro e saio. A padaria era muito perto e eu não via necessidade alguma de ir de carro. O caminho até lá é muito fácil e tranquilo, por mais que de vez em quando alguém me pare e peça uma foto. E sim, de vez em quando. Acho que quando você fala que atuou em um filme para um empresa multinacional, esperam que você não consiga andar sem que tenha pelo menos quinze pessoas aos seus pés. Mas não, comigo foi algo bem diferente e só algumas vezes me paravam, tipo umas duas ou três vezes por semana. Acho que grande parte e porquê eu não saio tanto de casa, outra parte é porquê eu tenho escrito mais do que atuado. Apesar de tudo ainda assim tem os paparazzis que estão sempre ali, por isso sair de um jeito que você se considera confortável pode ser um terror. Então saiba de que: metade do reconhecimento que eu tenho, é por ter saído de um jeito/com alguém que pessoas que eu nunca vi não gostaram. Inclusive, é extremamente divertido os encontrar e encarar as câmeras até que eles entendam que têm que sair, hoje foi um dos dias que eu tive que fazer isso, passa uma sensação muito gratificante de não ter mais alguém te seguindo.

Chego na padaria e logo avisto uma prateleira com o bendito bolo gordo. Não acredito que Sam fez eu vir até aqui só por causa disso e também não acredito que eu vim. Para ser sincero, eu nem sei porque eu vim. Talvez porquê eu ache que isso faça ela me perdoar, talvez porquê eu só seja idiota ou talvez porquê eu sou acostumado a fazer o que pedem sem questionar (eu sei, isso tem nome: necessidade de aprovação, mas eu prefiro só ignorar isso.). Aposto na terceira opção. Aproveito que estou ali e pego um café, eu iria ter que esperar quase vinte minutos, mas valeria a pena.

Me sento em um dos bancos, tiro meu telefone do bolso e mando mensagem para Sam avisando que eu ia demorar um pouco mais.

"Ei, vou demorar um pouco pra voltar. Em no máximo 30 minutos eu tô ai."
"Me espera pra comer."

Sam:
"30 MJNUTOS?"
"MINUTOS*"
"OQ VOCÊ TÁ FAZENDO?"

"Nada, só decidi pegar um café."
"Você não vai morrer se esperar"

"Vou."
"Pra que você pediu um café?"

"Pra jogar da janela"
"Pra beber, né. Loira burra."

"Me respeita, imbecíl."

Sim, é assim que a gente interage. Acontece em grande parte das nossas conversas, e isso é o normal para mim.
Fico mexendo no telefone na espera, até que uma voz familiar me surge.

Missão Hollywood ArtsOnde histórias criam vida. Descubra agora