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De competidores à suspeitos

Ela se aproxima de nós, uma mulher ruiva que aparentava ser experiente. Em seu crachá, consigo ler "detetive". Era estranho alguém tão alto vir apenas para um caso de desmaio de uma modelo.

- O que vocês estão fazendo aqui? - Pergunta ela brava.

Um dos nossos colegas, um loiro de olhos azuis aparentemente rico, responde: - Nós somos novos na empresa. A modelo está bem?

- A modelo se chama Giulia Gregory, e ela está morta.

Naquele momento, fico incrédula, tentando não me exaltar colocando a mão sobre minha boca, assim como os outros que estão aparentemente assustados com aquela notícia.

- Hey, quem vocês pensam que são para entrar assim na minha empresa? - Diz a mulher que nos repreendeu antes.

- Detetive Gregory, - ela pega seu distintivo mostrando suas várias estrelas, que representam sua experiência.

Eu então penso em minha mente, "Gregory? Assim como a modelo?"

- Eu sou Natalie Nevouir, a dona dessa empresa.

- Por que deixou esses jovens aqui? - Diz a detetive.

- Eles estavam esperando eu liberá-los para casa. Eles iniciariam o trabalho hoje, - diz Natalie.

- Eles não irão para casa agora, - diz a detetive Gregory.

- Você não pode impedi-los de irem para casa, isso vai contra as leis.

- O que pensa que é para falar sobre leis, - diz ela, pegando no braço de Natalie com força.

- Eu sou advogada, e diminua o tom da sua voz ao falar comigo e não me toque, ou lhe dou voz de prisão agora por abuso de poder, - dando à detetive um contrato que ela lê brevemente.

A detetive a solta, "eu não posso prender vocês agora, mas irei conseguir um mandado para isso."

Ela olha para o rosto de Natalie convencida e diz: - Enquanto isso, todos vocês estão proibidos de saírem da cidade até darem seus depoimentos. Agora todos são suspeitos.

- Como assim? Suspeitos? - Diz Uriela incrédula.

- A jovem de hoje foi assassinada, - ela pega as fotos da perícia e mostra a todos, seu abdômen estava com muitas perfurações, "o vermelho que vocês viram antes, se tratava de sangue da vítima". Todos olham horrorizados para aquilo, na hora meu estômago embrulha, aquilo era a coisa mais horrível que eu já tinha visto em toda minha vida. De repente, alguns começam a passar mal.

- E mais uma coisa, essa área estará fechada até próximas ordens para investigação.

- Ei, não podemos fazer isso, tenho contratos a seguir.

- Então o que você prefere, que eu pare a área do concurso ou a empresa inteira?

Natalie olha para ela com ódio, mordendo seu lábio inferior, tentando não transparecer sua raiva, - Não posso discordar disso, - então até próximas ordens o concurso terá uma pausa de uma semana. E mais uma coisa, o salário do primeiro mês será revertido para que uma nova área seja preparada.

- Mas o quê? - Diz Uriela com revolta.

- Alguma objeção? Qualquer objeção, podemos cancelar os seus contratos de tutela e enviá-los para suas casas, - retruca Natalie.

Na hora todos, inclusive eu, se calam, e se preparam para ir embora, chamo meus amigos e vamos juntos caminhando para fora da empresa, não conseguíamos falar sobre o que aconteceu antes, e sabíamos que dependíamos do salário para nos manter, tudo parecia incerto naquele momento.

Na empresa, Natalie diz "Eu sinto muito, Dafne", olhando para a detetive Gregory, enquanto ela olha a poça de sangue e chora. As câmeras continuam piscando, naquela sala, como se estivesse alguém as observando, uma canção ecoava, era algum tipo de ópera, a fumaça de um cigarro preenchia a sala, do lado daquela pessoa havia alguns croquis de moda, entre eles estava o vestido branco que a modelo havia usado antes... então aquela pessoa pega um mecha de cabelo vermelho, assim como o da modelo, e cola ao lado do caderno, sorrindo com um ar de missão completa.

Caminhamos juntos até chegar em casa, "Chegamos", diz Cley tentando não transparecer que estava assustado, tocamos a campainha e entramos.

- Ei! O que pensam que estão fazendo! - Diz a velha Daniela brava.

- Desculpe o horário, senhora, nós ficamos presos no trabalho, - eu falo com tristeza.

- Vocês acham que estão em um cabaré que entram e saem a qualquer hora? Essa é a última vez que tolerarei isso.

Assentimos com a cabeça e vamos em direção ao quarto, enquanto subíamos as escadas ela nota nossas caras aflitas e fala: "tem frango e batatas na geladeira".

- Agradecemos! - diz Uri.

Chegamos no quarto e tomamos banho, todos ainda sem falar sobre o que tinha acontecido.

Eu então ponho meu pijama rosa, ainda um pouco infantil, e me visto para dormir, Uriela faz o mesmo, então escutamos umas batidas na porta e nos assustamos. Quando a porta se abre, percebemos que era Cley. "Frango com batata?"

Começamos a rir juntos, aquele momento foi aliviante em vista do que tinha acontecido antes.

Começamos a comer e conversar sobre como nos sentíamos, então eu disse, vocês notaram uma coisa? Eles me olham esperando que eu continue.

Eu digo então, "deixa pra lá", eu não achava relevante falar que a vítima tinha o mesmo sobrenome da detetive. Continuamos a conversar, e de repente, Uriela toca no assunto do dinheiro.

"Sem o salário não teremos dinheiro para pagar nem a pensão."

"Eu achei muito ridículo da parte da Chefe Devouir retirar nosso salário", diz Cley desconsolado.

"Precisamos arrumar empregos", eu disse pensando em tudo oque passei até chegar aqui, pensando em minha mãe duvidando das minhas capacidades, de meus irmãos me intitulando a estranha da família pelo meu estilo e a forma que eu não combinava com o lugar que vivia. Eu não queria voltar pra lá, não agora.

Com o tempo conseguimos adormecer, não conseguimos comer o frango, apenas as batatas... deixamos a porta aberta e de madrugada a velha entra na sala e começa a nos cobrir com lençóis, apenas eu estava acordada e mesmo atordoada de sono percebi que era ela. Então adormeci, enquanto pensava nas estranhas circunstâncias que nos rodeavam, esperando que no amanhecer tudo aquilo se esclarecesse, mas uma sensação de inquietação persistia, como se algo ainda estivesse por vir.

Fashion'a Kill'aOnde histórias criam vida. Descubra agora