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Costuras e trabalhos

Amanheceu... acordo com a brisa da janela entrando naquele mausoléu. Rapidamente tomo um banho, visto minhas roupas e vou em direção às escadas. De repente, acabo me distraindo com as fotos da família da senhora Daniela. As fotos eram tão antigas que os rostos das pessoas quase não eram nítidos.

Além disso, era estranho ela estar com tantas crianças na foto e agora viver sozinha nessa casa grande... Ignoro isso e desço as escadas, explorando a cada passo a beleza daquele mausoléu que, apesar de rústico, era aconchegante.

Chegando na cozinha, vejo Uriela e Cley conversando entre si, enquanto a dona Daniela lia seu jornal, ignorando suas presenças. "Rose, venha comer!" Meu estômago logo faz barulho, e eu rapidamente chego à mesa e começo a comer também. Aquelas comidas eram deliciosas.

"Rose, eu e a Uri estávamos pensando em hoje irmos procurar emprego, o que acha?"

"Acho perfeito," digo isso e lambo os dedos. "Por onde começamos?"

A dona Daniela para e nos mostra o jornal com algumas vagas, o que era estranho, pois achávamos que ela não estava reparando em nossas conversas.

Eu tiro uma foto da manchete e saímos do mausoléu em busca de emprego. Primeiro, fomos a uma farmácia, mas o emprego exigia experiência. Depois, a uma floricultura, mas Uriela não quis porque lembrou que sua mãe a obrigava a trabalhar na floricultura da família, mesmo sabendo que ela tinha TOC e não gostava de se sujar.

Então, chegamos a uma pequena fábrica de costura. Olhei para os lados e percebi um garoto loiro, ainda perdido. Notei que era o mesmo garoto que estava na competição conosco. Ele vem em nossa direção e repentinamente diz:

"Hey, vocês também são parte da competição? Estão procurando emprego também?"

Respondemos com a cabeça que sim e entramos os quatro juntos. "Qual é seu nome mesmo?" pergunta Cley, aparentemente atraído por ele.

"Eu me chamo Martines González."

"Seu sobrenome é bonito. Vem de alguma família espanhola?"

"Não, meus pais têm um pouco de ascendência mexicana."

"Olá," diz uma mulher com a voz fina, tão fina que chegava a ser chata de ouvir. "Se vocês vieram para trabalhar, estão no lugar certo. Vamos..." Chegando lá, encontramos mais alguns rostos conhecidos. Éramos cerca de 10 pessoas que estavam na competição. Assim como nós, tentavam arrumar dinheiro para se manterem até que a competição voltasse a pagar. Começamos a fazer os testes. Todos nós estávamos acostumados a costurar, e a senhora da voz irritante estava feliz com isso. Afinal, o que é melhor do que designers de moda para costurar?

Ela então pede que nós troquemos de máquinas, pois antes cada um de nós havia escolhido uma a que já estávamos acostumados. E começamos a costurar. Ela disse: "Aqui está o que vocês precisam costurar hoje." Trazendo um carrinho com montes de roupas, nos assustando. "Não irei pagar por hora e sim por peças. Então comecem hoje, logo! Vamos, me digam seus nomes para que eu faça a lista de contagem. Quem faltar, não precisa mais vir!"

Então, cada um começa a se apresentar:

Adriana Perez, uma linda garota negra com olhos expressivos, que lembravam os de uma sereia. Sua pele era de um tom profundo e reluzente, e sua cintura bem fina dava um ar de elegância natural. Adriana exalava confiança e tinha um estilo sensual, que a destacava como uma forte competidora.

Layla Lovric, uma garota extremamente pálida com cabelos escuros. Seu visual era marcado por um estilo obscuro e punk. Os olhos eram intensos, quase hipnóticos, e ela possuía um ar misterioso, falando pouco mas transmitindo uma presença forte e enigmática.

Estevam Santos, um rapaz com aparência robusta, vindo do interior. Seu estilo country lhe dava um charme especial, complementado por sua energia masculina. Ele possuía olhos penetrantes que causavam certo temor, mas também intrigavam. Sua presença era marcada por uma aura de força e determinação.

Martines González, que aparentava ser da alta sociedade. Tinha cabelos loiros bem cuidados e uma postura que exalava classe. Seus traços finos e pele clara contrastavam com seu empenho em trabalhar para conseguir dinheiro, o que o tornava um personagem intrigante.

Yoshi Haroto, um jovem asiático com um estilo elegante. Seus trajes eram sempre bem escolhidos, dando-lhe uma aparência de sofisticação e extravagância. Yoshi possuía um carisma natural e um senso de moda apurado, o que fazia dele um competidor notável.

Ela sai da sala, então todos vão em direção aos montes para pegar as melhores roupas para costurar, de preferência as que não tivessem malhas finas para evitar ter que ir devagar.

Pego as minhas e me sento na mesa ao lado de Estevam. Começo a costurar para não perder tempo, e fico impressionada com as capacidades que ele tem na costura. Apesar de ser um homem aparentemente bruto e com mãos grossas, ele não errava nenhum ponto sequer e deixava as peças perfeitamente alinhadas.

Logo, reparei que Uriela estava na mesa da frente, ao lado de Yoshi. Eles estavam conversando calorosamente, diferente de mim:

"Oh, parece que você ficou com as malhas mais finas," diz Uriela.

"Bom, você também. Eu estou acostumada a lidar com tecidos finos."

"Bom, então vamos nos dar bem... qual é o seu nome?"

"Pétala Uriela," ela responde.

Eles então sorriem e ele desvia o olhar, demonstrando uma enorme timidez. Não reparo muito nas outras mesas; os outros continuam seus trabalhos. Parecia que estava tudo bem. Chegando à noite, todos estavam cansados e finalizando a última peça, assim como eu. Estevam estava com dificuldade em uma peça específica, então me proponho a ajudá-lo.

"Não precisa," ele responde, retirando minha mão rapidamente do tecido dele, me fazendo machucar na agulha.

Ele então percebe o que fez e ignora. Na hora, Uriela vê e diz: "Hey, seu lixo, tá ficando doido em tocar na minha amiga?" Ela queria brigar com ele, mas ele apenas fica calado e segue costurando sua roupa.

Eu ignoro, ponho um band-aid e chamo meus amigos, que já haviam terminado, para ir embora. A moça nos pagou e fechou a pequena fábrica. Logo fomos rapidamente e chegamos ao mausoléu no horário que a velha nos impôs. Tomei meu banho e fui dormir. Eu estava cansada e ao mesmo tempo pensativa, sem saber por que aquele rapaz agiu daquela forma, sendo que eu só queria ajudá-lo.

Pensei um pouco e logo dormi, mas antes que o sono me dominasse, ouvi um barulho estranho vindo do andar de baixo. Será que alguém mais estava no mausoléu além de nós? Meu coração acelerou com a possibilidade, e eu sabia que precisaria descobrir o que estava acontecendo.

Fashion'a Kill'aOnde histórias criam vida. Descubra agora