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Primeiros Passos

A hora chegou. Não havia mais como fugir. Senti meu coração bater rapidamente; eu não conseguia me mexer. A ansiedade estava me afetando, e em um segundo, meus amigos seguraram minha mão. Em seguida, Cley disse:

- Vamos, Rose. Hoje damos o primeiro passo para costurarmos nossos sonhos, ponto a ponto.

Aquelas palavras foram muito importantes; fizeram-me ter um estalo e lembrar por que eu estava ali.

Então partimos, dando nossos primeiros passos. A cada passo, algo me fazia temer o que estava por vir, mas eu estava animada pelo inesperado. Logo pegamos um táxi, juntando nossas moedas como fazíamos de costume. Não era fácil, pois nos sustentávamos a partir de um emprego que pagava muito pouco e ainda pagávamos aluguel com algumas taxas de alimentação, mas por enquanto era a melhor opção. Natalie nunca disse quando voltaria a nos assalariar, mas esperávamos que isso logo ocorresse.

- Nossa, que buraco é esse que estamos indo? - diz Cley, confuso.

- Eu não sei, não consigo pensar nesse calor - sussurra Uriela.

- Pelo mapa, estamos quase chegando - eu digo de forma raivosa.

Eu estava impaciente, assim como eles. O calor estava de matar; aquele táxi nem abria as janelas, muito menos tinha ar condicionado. Eu estava fervendo de ódio e de calor.

- CHEGAMOS! - grita o taxista, com uma voz extremamente rouca e raivosa, talvez por ter escutado nossas reclamações sobre seu serviço.

Logo descemos do carro. Quando Uri tira sua perna para fora, ele dá partida, dando um susto nela. Na hora, Cley não repara, pois está olhando vidrado para algo. Então, eu e Uriela olhamos e percebemos o que o estava distraindo. Aquele local era lindo; parecia uma escola para jovens ricos. Eu me sentia estagnada com tamanha beleza. Os pilares tornavam o ar daquele local deveras elegante, parecia um palácio de deuses gregos com um ar modernista. Eu admirei cada centímetro daquela fachada "Instituto Áurea", só pelo nome dava pra notar o esplendor que o local expressava.

Começamos a andar e logo chegamos à guarita, onde havia um segurança de aparência impactante. Seu bigode era perfeitamente desenhado e sua aura era extremamente autoritária. Seus olhos azuis tão claros que chegavam a me fazer perder-me em seu olhar.

- Boa tarde! Por que estão atrasados?

- Atrasados? Mas estamos meia hora adiantados.

- Ah, então vocês são os alunos da nova sala que alugaram?

- Sim - responde Uriela.

Então ele nos guia. Em um momento, ele olha para mim de uma forma estranha que chega a me deixar constrangida, então apenas desvio o olhar e sigo andando com meus amigos.

Chegamos à sala; agora somos os primeiros, diferente da última vez. Quando a porta abriu, tudo parecia perfeito. As luzes entravam perfeitamente pela janela. Na sala, existiam dez mesas diferentes, todas elas com três tipos de máquinas de costura, e uma em específico só tinha algumas maquinarias para adereços. Meus olhos brilharam o suficiente para meus amigos verem estrelas em meu olhar. Aquilo era um sonho para todos nós. Além disso, havia uma porta grande que dava espaço a uma passarela que ficava ao lado da nossa sala, que não conseguíamos ver.

Então, daquela porta grande, veio uma mulher de meia-idade, mais ou menos trinta anos. Seu cabelo ruivo era sua característica mais forte, apesar de parecer que ela sofria de calvície. Na hora, tento não rir, lembrando em seguida que se tratava da assistente de Natalie. Qual era o nome dela mesmo?

- Boa tarde, senhora Laenyr Corvet - Uriela expressa.

- Ah, são vocês os atrasadinhos. Vocês chegaram bem antes dessa vez. Por quê?

Ficamos estáticos sem saber como nos portar naquele momento. Então Cley diz:

- Bom, estávamos passando pela rua e pensamos em passar aqui só pra dizer um oi - ele fala em tom irônico.

Bato nele discretamente e em seguida busco contornar: - Nós estamos muito animados para o primeiro dia. Viemos perguntar se precisam de ajuda para algo na organização.

- Que seja. Façam o que desejarem. Podem pegar as roupas naquela sala ali - ela diz, acrescentando, "SE QUEBRAREM ALGUMA COISA, EU VOU ESCULACHAR VOCÊS. Não são vocês que prestam contas com a Natalie, então sejam ao menos cuidadosos."

Assentimos e ajudamos ela. Então a porta se abre e alguém chega.

Era Estevam Santos, meu colega de mesa de trabalho. Na hora, me surpreendi com seu estilo impecável. Ele havia trocado seu chapéu habitual por um de cowboy, mantendo a mesma modelagem, mas agora complementando um conjunto de jeans adornado com detalhes de couro. Esses detalhes em couro harmonizavam perfeitamente com sua roupa, destacando ainda mais sua figura. A combinação era arrematada por uma bota alta, também com detalhes em couro, que capturava imediatamente o olhar. Além do traje impressionante, o que realmente me chamou a atenção foi seu lindo rosto e seus olhos castanhos amadeirados, profundamente atraentes e cativantes.

- Alguém avisa a roça que o capataz fugiu - diz Cley em um tom de sussurro quase inaudível.

Uriela e eu quase rimos, mas nos contemos enquanto ele vinha em nossa direção.

- Então, é aqui mesmo. Pensei que estava no lugar errado - diz ele com sua voz extremamente profunda. Era a primeira vez que ele falava assim; mal tínhamos escutado sua voz antes.

- Sim, não está nos vendo aqui? - responde Uriela, ainda sentida pelo ocorrido entre nós dois.

Ele a ignora, baixa a cabeça e vai para uma das cadeiras longe da nossa. Naquele momento, até entendo o porquê.

Duas pessoas entraram na sala, e nós quatro as observamos atentamente. Eram Adriana e Layla. Layla vestia uma roupa de modelagem tradicional, mas o que realmente chamava a atenção eram os inúmeros cintos de couro preto que ela havia escolhido para criar um tipo de corset em seu visual. Além disso, ela usava um coldre repleto de linhas e agulhas, sugerindo uma preparação meticulosa. Ficava claro que ela não estava ali apenas para exibir seu estilo, mas para competir seriamente. Em seguida, voltei meu olhar para Adriana.

Fashion'a Kill'aOnde histórias criam vida. Descubra agora