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Fios de tensão

"TRIM, TRIM"

O alarme toca. Eram 6 da manhã. De repente, sinto uma dor nas minhas costas que quase me falta o ar: era Uriela. Ela me batia para me fazer acordar. Meus olhos estavam pesados, não querendo abrir, e, mesmo com esforço, eu não conseguia. Quando finalmente acordo, sinto uma pressão. Fiquei acordada até tarde terminando meu trabalho.

Esse sono mortal estava me afetando. Abro os olhos ainda marejados, e parecia que minhas costas estavam com pesos, assim como minhas pupilas. Levanto-me rapidamente e corro para o banheiro, retiro a roupa e tomo uma ducha bem rápida. Minha sorte foi que dona Daniela consertou a água quente; a velha senhora poderia ser "uma querida", como Uriela diz, quando não estava tão ranzinza.

Enquanto me olho no espelho para me maquiar, percebo que minhas olheiras estavam muito fundas. Lembro das coisas que aconteceram na noite passada; a detetive me deixou com tantas perguntas que eu nunca pensei que estaria ansiosa para vê-la novamente. Essa cidade começava a se tornar cada vez mais uma prisão de curiosidades, onde os muros não eram de concreto, mas de mistérios e segredos.

De repente, a porta se abre: "BAM". A batida ecoa tão forte que eu pulo de medo. Se tem uma coisa que a detetive deixou clara é que eu deveria ter medo.

Era Uriela. Grito: "Caralho, Uriela, vai se foder, sua idiota! Quase me mata de susto."

Ela ri debochando e diz: "Vamos, loira sem sal, o Cley está muito ansioso."

Me apresso e rapidamente chego à cozinha. Daniela, como de costume, estava lendo seu jornal e nem sequer nos dava atenção. "Porra, Rose, achei que o Titanic afundaria novamente e você sairia daquele banheiro," diz Cley exaltado.

— Vamos! — expressa Uriela, também exaltada e ansiosa.

Pegamos nossas roupas. Eu não tinha reparado em nada do que eles tinham preparado individualmente, o que me deixou curiosa. Porém, em minha mente havia apenas dúvidas e medo de que aquele fosse meu último dia na competição. Ignorei isso por um momento e pegamos o táxi.

No caminho, deixei-me levar por devaneios, imaginando como minha vida seria se tudo desse certo. Finalmente poder criar uma coleção, orgulhar meus pais, meus amigos e até mesmo minha mãe. Mas começo a imaginar também o que ocorreria se tudo desse errado: voltar para casa, viver uma vida em trabalhos comuns em uma cidade que eu não gostava, com pessoas que eu não gostava.

A buzina do carro toca repentinamente, me tirando dos pensamentos. Havíamos chegado ao instituto onde a competição estava ocorrendo. "EI, SEU BIGODE DE PELO DE SUVACO, TÁ CEGO?" Uma voz grita de longe. Logo percebo de quem se tratava: aquela testa enorme junto com a calvície e o tom ruivo escuro eram difíceis de confundir. Saímos rápido do carro e vimos apenas ela entrando no instituto antes.

"OI" Uma voz calma fala atrás de nós. Naquele momento, sinto arrepios na espinha e meu coração bate rápido. Viro em coro junto com meus amigos.

— Oi, menina dos cintos! Me enfie uma faca da próxima vez, seria menos assustador! — diz Cley ironicamente.

— Oi, Layla, como vai? Conseguiu terminar? — pergunto, abrindo um sorriso estridente.

— Bom... mais ou menos. — ela desvia o olhar, tímida, em seguida entrando.

— Rose, quando virou amiga dessa querida? — pergunta Uriela.

Eu não queria falar sobre aquele dia, sinceramente, então apenas desviei do assunto na hora que Cley falou. Apressei-os para entrar no ateliê.

Chegando lá, começo a notar que a maioria já estava montando suas roupas nos manequins secretamente, com um tecido cobrindo tudo e dando seus toques finais. Algo me bate, me fazendo cair por cima de Uriela: era Yoshi, o garoto por quem Uriela tinha uma certa atração. A queda foi tão forte que fiquei estática no chão.

"DESCULPA" — ele grita sussurrando. "Oi, Uri." Ele, apressado, corre à máquina de botões, derrubando tecidos no meio da sala. Ignoramos e fomos em direção às nossas mesas e começamos a trabalhar nos últimos retoques. Busquei trazer na minha peça algo que remetesse ao tema, mas tudo parecia simplório demais. Então fui ao pequeno estoque de peças de moda e procurei algo. Algo que me fizesse pensar "Isso!". Então achei: uma linha de bordado antiga e malfeita, completando uma peça branca, o que me deu uma ideia sensacional que ao mesmo tempo era arriscada pelo tempo que eu tinha.

Corri para a mesa e nos últimos cinco minutos terminei minha peça de roupa. Agora comecei a reparar melhor nas outras pessoas. Cley parecia preocupado, não era de se esperar menos. Ele estava em uma posição arriscada. Todos ao redor esboçaram diferentes reações, até mesmo Elias, que bateu no seu manequim de moda e falou:

— Cola, merda!

A porta da sala se abre. Laenyr estava ali. Junto com ela, havia algumas pessoas que começaram a pegar nossas peças e arrastar para as salas ao lado.

— Corram, vocês têm três minutos para ajudarem suas modelos — grita espantada.

Corri o mais rápido que pude, chegando à modelo. Estava tão concentrada que quase esqueci de falar com ela.

— Oi? Como você se chama?

Coloco seu braço sobre a manga da camisa.

— Me chame de Adélia. Seu vestido está simplesmente lindo.

— Obrigada por fazer isso por mim, Adélia — sorrio, tímida.

— Não se preocupe. Parte do propósito de ser uma modelo é me tornar parte da arte. Vou fazer o meu melhor na passarela por você — ela me olha com um sorriso de canto.

Palmas ressoam como um raio, de uma forma estrondosa, fazendo Uriela rasgar seu vestido de susto. Só eu e Cley conseguimos reparar: era Natalie.

"Modelos, podem vir." As modelos, em fila, andam para trás da sala, e mudamos de lugar para lá também. Sentamos no palco mais para baixo; não havia muitos bancos, então Uriela sentou na mesma que eu. Ela estava extremamente nervosa e eu conseguia sentir seu corpo aos poucos tremendo cada vez mais. Assim que olho para Cley, vejo seu rosto, que já era branco, ainda mais pálido. Fiquei então mais ansiosa que eles, batendo os pés rapidamente, minha boca seca e meu coração acelera furtivamente, e nesse momento a modelo entra e junto com ela vez um barulho vindo dos bastidores.

Fashion'a Kill'aOnde histórias criam vida. Descubra agora