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Notícias ruins tem consequências

Antes que ele chegasse, a detetive Gregory o interceptou com rapidez, segurando a garrafa e jogando-a com força no chão. Imobilizou-o em seguida, com uma precisão que não deixou dúvidas sobre sua habilidade.

— Ei, por favor, não bata nele. Ele está apenas bêbado. Não precisa ser assim — pediu Sophie, com a voz elevada e cheia de preocupação.

Natalie saiu acompanhada pela escolta de Laenyr e pelos meninos, que também foram para fora. Cley, Uriela, Adriana e eu permanecemos. Eles pareciam tão nervosos quanto eu com a situação instável que estava acontecendo.

"Bom, talvez passar uma noite na cadeia seja o que você precisa. Vamos ver se seu pai paga a fiança dessa sua bunda branca."

— Detetive, seu cabelo é muito bonito. Qual tinta você usa? Quero fazer luzes com ela no meu — perguntou ele, tentando desviar a atenção da situação. A detetive observou, começando a rir ao perceber o estado completamente bêbado e possivelmente drogado dele.

— Ei, você, loirinha, leve-o para casa e dê-lhe um banho. Se ele tentar ferir mais alguém, vou me certificar de que ele fique atrás das grades, entendeu?

— Sim, me desculpe por isso — disse a detetive, enquanto levantava o homem de forma prática e decidida. Eu então perguntei:

— Está tudo bem, detetive?

— O quê? Sim, por que não estaria? — indagou ela, sem entender minha preocupação.

— Você está sangrando.

— Ah, isso? É só um arranhão, não se preocupe. Bom, vamos voltar à normalidade. Precisamos ir à delegacia.

O telefone de Uriela tocou, e o que era estranho era a identidade do chamador: Dona Daniela.

— O quê? O que está quebrado? Não fomos nós. Senhora, não temos outro lugar para ir. Por que isso? Podemos conversar?

Ela desligou o telefone e disse:

— Rose, a velha enlouqueceu. Disse que quebramos um vaso e um quadro dela e que iria nos jogar para fora porque não estava recebendo para ter suas coisas destruídas.

Olhei para ela com incredulidade. Cley e eu começamos a entrar em desespero; não tínhamos para onde ir.

— Vamos, Cleyton e Adriana — falou a detetive, com um tom firme que parecia encorajar a todos.

— Meninas, vocês não vêm comigo? — perguntou Cley, com a voz trêmula, refletindo seu desespero.

Uriela, com uma voz tranquila e decidida, disse: — Rose, você vai com ele. Você sabe que ele fica nervoso nesses lugares. Deixe que eu converso com a Daniela.

Concordei com a cabeça. Ainda estava preocupada, mas sabia que não poderia deixar Cley sozinho, especialmente após o que aconteceu da última vez. Peguei minha bolsa e fui com eles. De longe, no carro, consegui ver Uriela andando rápido, quase correndo, tentando chegar antes que a velha jogasse nossas coisas fora.

Abri o compartimento do carro da detetive, um Fusca, um modelo clássico e discreto. Encontrei uma pequena bandagem e fiquei intrigada ao ver um broche antigo que me lembrava os da Dona Daniela. Ignorei isso e peguei a mão da detetive.

— Ei, o que você está fazendo? — perguntou ela, confusa e surpresa com minha ação.

— Calma, é apenas uma bandagem — respondi, colocando-a cuidadosamente na sua mão cortada.

— Senhora detetive, nós chegamos? — perguntou Adriana, com um tom de ansiedade evidente.

Ela parou o carro, e um sentimento de nervosismo tomou conta de nós. Eu estava tão ansiosa que nem conseguia identificar o motivo exato. Caminhamos até a recepção.

— Ei, José, a sala de interrogatório 2 está livre.

— Sim, Gregory, mas o capitão deu uma nova ordem. Infelizmente, você não está mais nesse caso.

— Mas que porra? Como assim? Quem agora está responsável?

— Eu! — uma voz fina, mas com um tom autoritário, respondeu. Era um homem calvo, com cerca de 30 anos, vestindo a roupa comum de um policial. Não parecia ser um detetive.

— Eles vão designar um policial comum para o meu trabalho? É isso mesmo?

— Desculpe, Gregory. Infelizmente, recebo ordens assim como você — falou José, enquanto conduzia a detetive, Cley e Adriana para perto da sala. Eu fui junto e me sentei ao lado de Adriana, tentando encontrar algum conforto.

Logo, Cley e Adriana foram chamados para salas diferentes. A detetive então se sentou ao meu lado, com um olhar sério.

— Rose, apenas não chame a atenção. Escute bem. Parece que estão tentando me tirar desse caso, o que significa que tudo aqui está corrompido, como eu já suspeitava. Daqui a dois minutos, quero que você siga aquele corredor e entre na segunda porta à esquerda — disse ela, apontando com precisão.

Fiquei calada, aguardando o momento certo. Olhei para o relógio várias vezes, ansiosa. Quando chegou a hora, segui rapidamente as instruções da detetive. Aquele lugar parecia muito mais mórbido do que o mausoléu onde morávamos. Entrei pela porta e encontrei a detetive sentada, observando Adriana, que estava aflita atrás do vidro transparente, aguardando o interrogatório.

— Detetive, por que estamos aqui?

— Aqui podemos conversar sem interrupções — respondeu ela.

— Estou realmente confusa sobre o que está acontecendo desde aquele dia.

Ela arrastou uma pasta com documentos e me entregou um fichário médio.

— Abra conforme eu mandar.

Em 1989, as ruas estavam tomadas pela criminalidade. O crescimento das favelas contribuiu para a popularização dos mais diversos tipos de violência. No mesmo ano, ocorreu um acidente: uma jovem loira, de olhos verdes, chamada Bela, com uma vida inteira pela frente, foi ceifada. Na cena do crime, não havia evidências claras sobre a causa da morte, nem mesmo sobre o responsável.

Abri o caderno conforme as instruções e fiquei pasma ao ver o conteúdo: a jovem estava vestida de forma majestosa, com uma roupa da era vitoriana, adornada com um corset ajustado à cintura. Seus olhos não tinham brilho, estavam opacos e sem vida.

Ela continuou:

— O chefe da polícia na época era meu antigo chefe, um detetive negro. Vindo de origem humilde, ele lutava internamente para ser promovido na polícia. Ele começou a investigar a morte misteriosa de Bela, e o que o motivou não foi apenas ela, mas também um novo assassinato ocorrido no mesmo mês. As vítimas não tinham semelhanças evidentes até então, portanto, todos ignoraram, exceto ele. Ele percebeu algo em comum entre elas.

— As roupas.

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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