07 • ANIMAL IMPULSES

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"Olhos de navalha brilhantes antes que as paredes desabem

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"Olhos de navalha brilhantes antes que as paredes desabem. Mais selvagens que leões, mais altos que o som. Os pássaros e as abelhas estão envelhecendo. Há uma brisa fria soprando sobre minha alma. Olhos de navalha brilhantes em prazer. Olhos de navalha brilhantes antes de você morrer. Olhos de navalha brilhantes sob essa luz. Há uma brisa fria soprando sobre minha alma.[...] Estou cansado desse dueto humano. Nenhuma civilização esconde nossos impulsos animais".


Éramos sem dúvida uma dupla engraçada. Mostarda e Ketchup, mais perdidas que camaleão perto de arco-íris, e ainda assim muito corajosas ― ou só estúpidas mesmo ― de estarem enfrentando juntas o terror de um novo Ensino Médio.

Posso fazer isso. Escutei Bella sussurrar. Ninguém vai me morder.

― Quer parar? Você está me deixando nervosa ― disse em um tom que só ela escutaria, porque né, depois dessa última fala ela realmente me deixou aterrorizada.

Ninguém vai me morder. Ninguém vai me morder. Eu comecei a repetir mentalmente, do mesmo jeito paranoico que Bella estava fazendo antes.

― Desculpa ― ela disse baixinho, se agarrando ainda mais ao meu braço.

― Tudo bem ― abanei uma das mãos com descaso. ― Não somos um pedaço de carne. Somos só alunas novas. Não devemos nada para ninguém, e ninguém tem nada a ver com nossa vida.

― Ainda bem que você está aqui ― ela sorriu minimamente, mas de um jeito tão sincero, que fez eu me sentir bem.

― Digo o mesmo ― respondi, porque a verdade é que eu gostava de Bella, mesmo ela sendo um pouquinho, só um pouquinho, irritante, fofinha e teimosa demais.

Com o rosto coberto pelos capuzes enquanto caminhávamos até a calçada apinhada de adolescentes acabamos chamando a atenção de algumas pessoas. Não porque soubessem quem éramos, mas, sim, por conta da nossa paleta de cores. A maioria das pessoas usavam cores sóbrias, como se tivessem perdido toda a criatividade junto com o clima frio, e Bella e eu, de mostarda e ketchup, quebrávamos completamente essa vibe.

Assim que chegamos no refeitório identificamos o prédio 3 com facilidade. O que minha memória falhava em lembrar, Bella completava, e vice e versa. Enquanto nos aproximávamos da porta da sala de aula, eu devo ter puxado Bella uma ou três vezes, porque de vez em quando as pernas dela simplesmente travavam no meio do caminho.

A sala de aula era pequena. As pessoas na nossa frente pararam para pendurar seus casacos numa longa fileira de ganchos. Fizemos o mesmo. Tinham duas garotas perto de nós. Uma loira com pele de porcelana, outra, também com a pele clara, tinha cabelos castanho claro. Peguei Bella as analisando, e quase a zoei por não ser a única branquela do grupo. Mas aí me lembrei que sem sol meu bronzeado também não duraria muito, e meu sorriso logo foi morrendo.

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