De três coisas Alyssa estava convicta. Primeira, ela tinha enlouquecido. Segunda, havia uma parte dela - e ela realmente não sabia o quão longe essa parte poderia ir - que gostava de toda a situação.
E terceira, ela estava muito ferrada, mas também...
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"Eu não poderia te dizer por que ela se sentia daquele jeito. Ela sentia aquilo todos os dias. Eu não pude ajudá-la. Apenas assistia ela cometer os mesmos erros de novo. O que ela tem de errado? Ela tem muitos problemas. Ela não sabe a que lugar pertence. Onde ela pertence? Ela quer ir pra casa, mas não há ninguém em casa. É aqui onde ela deita, destruída por dentro. Sem nenhum lugar pra ir. Para secar suas lágrimas. Destruída por dentro. Abra seus olhos e olhe lá fora. Encontre as razões pelas quais você tem sido rejeitada. E agora você não consegue achar o que você deixou para trás. Seja forte, seja forte agora. [...] Seus sentimentos ela esconde. Seus sonhos, ela não consegue encontrar. Ela está enlouquecendo. Ela está ficando para trás. Ela não consegue encontrar seu lar. Ela está perdendo a fé. Ela está caindo em desgraça. Ela está por toda parte (sim!). Ela está perdida por dentro".
Eu sentei no meu quarto ― que na verdade não era só meu ― e observei a paisagem pela janela. Era final de tarde e começo da noite. Exatamente a hora em que o dia parecia mais embaçado, até mesmo para a minha vista que sempre foi muito boa. Não fazia um clima ruim, mas meu humor deixava a paisagem meio cinzenta.
Pela primeira vez em tempos eu estava nostálgica, e não existia um motivo específico para isso. Podia ser tudo e nada ao mesmo tempo. Acho que o suspiro que acabei deixando escapar foi um pouco exagerado, pois logo escutei a doce voz quebrando o silêncio profundo do ambiente:
― O que está te afligindo, Lyssa? ― me virei lentamente, ainda sentada sobre o parapeito da janela.
Bella me pareceu ainda mais bonita com Macbeth em mãos, me encarando como uma mocinha boa e preocupada com a saúde mental da irmã gêmea mais nova e errática. Não pude deixar de sorrir. Ela era sempre tão perfeita.
― Nada demais, bebê ― sacudi os ombros de um jeito energético, tentando espantar qualquer dúvida à respeito de eu estar realmente bem ou não. Mas isso só fez com que ela arqueasse ainda mais as sobrancelhas finas. ― É sério! Acho que preciso aquecer o esqueleto, sabe? Não estou acostumada a ficar nessa rotina de casa e escola, escola e casa.
Para minha surpresa ela balançou a cabeça como se estivesse entendendo exatamente o meu ponto de vista, mas eu tinha minhas dúvidas.
― Por que você não pega a sua bicicleta e vai dar uma volta? Você costumava fazer isso quando estávamos em Phoenix. Eu só não te acompanho, porque, bem, da última vez eu caí e trinquei o cóccix. E não foi nada legal.
Eu ri. Por algum motivo, visualizando com perfeição a cena, como em uma lembrança a muito esquecida.
― É, ― ela zoou, jogando um travesseiro na minha direção ― você ri agora. Mas quando teve que me carregar ladeira acima, porque eu não conseguia andar sem chorar de dor, eu não me lembro disso. Na verdade, você xingou tantos nomes que vovó Marie deve estar se revirando dentro do túmulo até hoje.
