capítulo 01

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Dois meses atrás..

— Não acredito que você ainda o deixará no controle da Mendonça Alimentos, vovô.— soltei um suspiro exasperado ao passar os dedos pelos meus cabelos longos e loiros.

Eu andava de um lado para o outro do amplo escritório como um tigre enjaulado, odiando completamente a situação. Embora eu tivesse meu próprio império do ramo alimentício para gerir, que abraçava um parte diferente da empresa que a duras penas o homen à minha frente tinha construído quando veio da Argentina para o Brasil, eu não podia consentir que o meu pai continuasse dilapidando o negócio familiar dessa maneira.

Era uma completa loucura que o grande Estebàn Mendonça deixasse isso acontecer, mesmo com todas as provas atestando que o atual presidente teria desviado dinheiro para seus negócios pessoais.

Não era a primeira vez que tinha essa conversa com meu avô e estava ficando completamente cansada de tentar argumentar com ele, além da pressão que eu estava sofrendo dos outros conselheiros da Mendonça por ser neta do empresário.

— E o que eu posso fazer?— a voz grave e potente me fez estacar no lugar e olhar para a figura sentada na poltrona de couro em um conto no cômodo.

Embora tivesse mais de oitenta anos, meu avô era um figura imponente em seu terno impecável e seu olhar aguçado, que indicava sua lucidez. O que não conseguia entender era por que ele abriu mão da presidência para colocar o imprestável do meu pai em seu lugar, que só pensava em farra e mulheres desde que minha mãe faleceu quando eu ainda era bem pequenininha.

Um grande tipo que se deixava levar  pelo desejo e por impulsos, não pela racionalidade exigida de alguém que queria obter sucesso.

— Substituí-lo?

Voltei a caminhar e ,sem que desse conta, comecei a abrir dois botões do meu terninho, que estava começando a me irritar, abrir, bem como a calma aparentada pelo meu avô. Como ele poderia estar tão calmo quando Ronaldo estava agindo como um sanguessuga!?

— Não posso fazer isso, você sabe bem disso, Marília

— por que não!? Pelo que sei, nada o impede.

Franzi o cenho e voltei a fitá-lo. Seus olhos castanhos brilhavam com uma intensidade que me indicava que o meu avô tinha algo em mente. Bufei, completamente exasperada. Definitivamente, eu não era uma mulher conhecida pela paciência e tato, ainda mais envolvendo negócios. E Estebàn, mais do que ninguém, sabia disso, pois eu tinha herdado o seu gênio implacável.

— Além de você, ele é o meu único herdeiro, Mari, e você tem seu próprio império para gerenciar.— fez uma pausa.— quando criei a Mendonça, queria mantê-la sob o controle da família, queria que fosse passada de geração a geração.

E se depender de Ronaldo, ela não passará da segunda, comentei amarga.

— A gente nem sempre tem o que quer, então paciência.

— você é inacreditável, vovô.

Caminhei até um aparador em um canto da sala e me service uma dose de whisky, o líquido amargo descendo queimando pela minha garganta me era bastante reconfortante. Enchi novamente o meu copo e peguei outro, colocando dois dedos de bebida, e o levei até o meu avô.

—Obrigado — de se eu pegar o destilado e bebericar um gole. estupendo!

—de fato— inquieto, sentei-me na poltrona que ficava de frente para ele e abriu mais alguns  botões da minha camiseta social enquanto com a outra girava whisky do copo.

—odeio o meu médico por limitar o meu consumo de bebida alcoólica a apenas uma dose.— ele fez uma careta enquanto saboreava  a bebida.

—vai sobreviver,  pelo menos ele não te proibiu de todo dei um outro gole no meu.

—É irei

—mas voltando ao nosso assunto...

—Diga,— pausou o copo na mesa lateral e entrelaçou os dedos, fitando– me o-me com atenção.

—já pensou na proposta de fusão que deixei na sua mesa? nós dois teríamos muito a ganhar caso isso acontecesse vovô, e a empresa seria perpetuada de forma que você quer. Não é um processo fácil, porém exigirá bastante tempo e recursos, mas nos tornará ainda mais ricos e poderosos.

—sabe, filha, pensei muito sobre o assunto e, embora A proposta ressalte o crescimento que isso acarretará, o que tenta Qualquer um, não sei se gostaria que a Mendonça fosse diluída em outra empresa, por mais que saiba que você faria prosperar. Além do mais, seu pai não gostaria nada disso.

— Não me importa muito o que Ronaldo achará da fusão. Tenho certeza que você ainda tem poder suficiente para afastá-lo e impedi-lo de foder com tudo que a duras penas você construiu, pois se continuar assim, mesmo que você queira, não sobrara5nada.— soei mais agressiva do que deveria, repetindo o que disse anteriormente, mas não me importei.

Em poucos meses a frente da presidência da indústria de alimentos, meu pai tinha dilapidado o patrimônio do meu avô em milhares de reais e continuaria o seu trabalho até destruí toda a reputação da MENDONÇA. Ronaldo sempre foi um homem mesquinho e egoísta, um péssimo pai, meu avô sendo muito mais figura paterna para mim do que meu próprio progenitor, porém nunca pensei que ele seria capaz de lesionar o próprio pai, roubando-o, para manter o seu estilo de vida luxuoso, muito além do que ela poderia com seu salário.

Não posso negar que você não é a única que tem um relacionamento difícil com ele. Sinto que eu e a sua avó falhamos e muito no modo como o criamos— fez uma pausa e, pegando seu copo, deu outro gole na sua bebida.— mas ainda o amo, afinal ele é meu filho.

—  Eu respeito isso, vovô — disse, suavemente.
Tentei não julgar Estebàn, mesmo acreditando que existi limites para esse amor. Era graças aos meus avós que eu conhecia o sentimento, o de ser amado, já que minha mãe veio a falecer quando eu tinha apenas dois anos de idade. Pouco conseguia lembra-me dela, embora Estebàn e dona Ilda, mi ha vó paterna, também falecida, sempre me contaram histórias do quanto ela me amava e me queria, diferentemente do meu pai, então poderia considerar que nutria algo pela mulher que vai nas fotos, além do evidente pesar.

— A fusão seria uma boa alternativa.

— Não para mim, minha filha.

— Entendo, — suspirei, cansada.— Apenas acho que tirar o controle da MENDONÇA das mãos dele é o melhor a se fazer.— completei, tentando voltar a minha linha de raciocínio. — Rebaixá-lo de cargo, sei lá. Só assim você conseguirá manter sua empresa.

— certo, Marília — bebeu o restante do whisky e se ajeitou na poltrona ao pousar o copo no móvel, parecendo lânguido.

— sério?— perguntei incrédula.

Meu avô tinha uma expressão serena no rosto, contudo o brilho que ardia  em seus olhos me dizia que ele estava tramando algo.  sabia o que eu queria viria com um alto preço a se pagar, pois Estebàn nunca saia perdendo em suas negociações e não me entregaria de mão beijada o que eu queria.
Ele não tinha saído da pobreza para se tornar um dos homens mais ricos e poderosos da indústria alimentícia mineira sendo complacente. Ele enredava as pessoas na sua teia pela astúcia.

— E o que eu preciso fazer?— fui direito ao ponto e levei minha bebida aos lábios.

— Me dê um herdeiro ou herdeiro, para que assuma a empresa no futuro.

Tive que me controlar para não cuspir o longo gole de whisky que tinha bebido, e senti o esôfago queimar e meus olhos lacrimejarem ao tragar o líquido. Comecei a tossir freneticamente, não podendo acreditar naquilo que acabei de escutar. O homem arqueou a sombrancelha branca enquanto assistia o meu breve momento de descontrole.

— você só pode estar brincando — sussurrei num fio de voz enquanto tentava me recuperar.

Como prometido 🌚💜
Comentem o que estão achando plis.
Bjs de luz 😍

Um Bebê Por Encomenda - Adaptado.Onde histórias criam vida. Descubra agora