24. UM IMPASSE

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MEUS OLHOS SE ABRIRAM para uma luz branca e forte. Eu estava em um quarto desconhecido, um quarto branco. A parede atrás de mim era coberta de persianas verticais; no alto, as luzes brilhantes me cegavam. Eu estava recostada em uma cama dura e desigual — uma cama com grades. Os travesseiros eram achatados e cheios de protuberâncias.

Havia um bipe irritante em algum lugar por perto. Esperei que significasse que eu ainda estava viva. A morte não devia ser tão desconfortável.

Minhas mãos estavam presas a tubos claros e alguma coisa estava colada em meu rosto, sob meu nariz. Ergui a mão para arrancar.

— Não, não pode. — E dedos frios pegaram minha mão.

— Lauren? — Virei a cabeça devagar e seu rosto extraordinário estava a centímetros do meu, o queixo pousado na beira de meu travesseiro. Percebi novamente que eu estava viva, desta vez com gratidão e alegria. — Ah, Laur, eu lamento tanto!

— Shhhh — ela me aquietou. — Agora tudo vai ficar bem.

— O que aconteceu? — Eu não conseguia lembrar com clareza e minha mente se rebelava quando eu tentava.

— Quase cheguei tarde demais. Eu podia ter me atrasado — sussurrou ela, a voz atormentada.

— Eu fui tão idiota, Lo. Pensei que ele estivesse com a minha mãe.

— Ele enganou a nós todos.

— Preciso ligar para Alejandro e para mamãe — percebi através da névoa.

— Ally ligou para eles. Sinuhe está aqui... Bom, aqui no hospital. Ela está pegando alguma coisa para comer agora.

— Ela está aqui? — Tentei me sentar, mas minha cabeça girou mais rápido e a mão dela me empurrou delicadamente para os travesseiros.

— Ela vai voltar logo — prometeu ela. — E você precisa ficar quieta.

— Mas o que vocês disseram a ela? — Entrei em pânico. Eu não estava interessada em ficar quieta. Minha mãe estava aqui e eu me recuperava de um ataque de vampiro. — Por que disse a ela que eu estou aqui?

— Você caiu dois lances de escada e atravessou uma vidraça. — Ela parou. —  Tem que admitir que isso pode acontecer.

Eu suspirei e isso doeu. Olhei meu corpo sob o lençol, o calombo enorme que era minha perna.

— O que aconteceu comigo? — perguntei.

— Você tem uma perna quebrada, quatro costelas quebradas, algumas rachaduras  no crânio, hematomas cobrindo cada centímetro de sua pele e perdeu muito sangue. Eles fizeram algumas transfusões. Eu não gostei... Deixou seu cheiro totalmente errado por algum tempo.

— Deve ser uma mudança boa para você.

— Não, prefiro o seu cheiro.

— Como você conseguiu? — perguntei em silêncio.

Ela entendeu o que eu quis dizer de imediato.

— Não tenho certeza. — Ela desviou o rosto de meus olhos curiosos, erguendo da cama minha mão enrolada em ataduras e segurando delicadamente na dela, com o cuidado de não soltar o fio que me conectava a um dos monitores.

Esperei pacientemente pelo resto.

Ela suspirou sem retribuir meu olhar.

— Foi impossível... parar — sussurrou ela. — Impossível. Mas consegui. — Ela finalmente me olhou com um meio sorriso.— Eu devo mesmo amar você.

— Meu gosto não é tão bom quanto meu cheiro? — Eu sorri em resposta. Isso provocou dor em meu rosto.

— É ainda melhor... Melhor do que eu imaginava.

Twilight - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora