07. PESADELO

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EU DISSE A ALEJANDRO que tinha muito dever de casa para fazer e que não ia querer comer nada. Havia um jogo de basquete que o estava empolgando, embora, é claro, eu não fizesse ideia do que existia de especial nisso, então ele não percebeu nada incomum no meu rosto ou na minha voz.

No meu quarto, tranquei a porta. Vasculhei minha mesa até encontrar meus velhos fones de ouvido e os conectei no pequeno CD player. Escolhi um CD que Janssen me dera de Natal. Era de uma das bandas preferidas dele, mas havia baixo demais e muitos gritos para o meu gosto. Coloquei o CD no lugar e me deitei na cama. Pus os fones, apertei Play e aumentei o volume até machucar meus ouvidos.

Fechei os olhos e me concentrei com muito cuidado na música, tentando entender a letra e desvendar o padrão complicado da bateria.

Na terceira vez que ouvi todo o CD, eu sabia pelo menos toda a letra dos refrões. Fiquei surpresa em descobrir que eu afinal de contas gostava da banda, depois de conseguir passar pelo barulho ensurdecedor. Tive que agradecer a Janssen novamente.

E deu certo: graças à batida de rachar, foi impossível pensar — e era este o propósito do exercício. Ouvi o CD repetidas vezes, até que estava cantando todas as músicas e até que, finalmente, dormi.

...

Abri os olhos para um lugar familiar. Percebia em algum canto de minha consciência que estava sonhando, reconheci a luz verde da floresta. Eu podia ouvir as ondas quebrando nas pedras em algum lugar por perto. Sabia que, se achasse o mar, poderia ver o sol. Tentava seguir o som, mas então Zayn Malik estava ali, dando puxões na minha cabeça, arrastando-me para a parte mais escura da floresta.

“Zayn? Qual é o problema?”, perguntei.

O rosto dele estava assustado enquanto ele me puxava com toda a força e eu resistia. Eu não queria ir para a escuridão.

“Corre, Mila, você tem que correr!”, sussurrou ele, apavorado.

“Por aqui, Mila!” Reconheci a voz de Austin gritando do meio sombrio das árvores, mas não consegui vê-lo.

“Por quê?”, perguntei, ainda tentando me libertar de Zayn, desesperada para encontrar o sol.

Mas Zayn soltou minha mão e gritou, tremendo de repente, caindo no chão escuro da floresta. Ele se contorcia no chão enquanto eu olhava com pavor.

“Zayn!?”, gritei.

Mas ele se fora. No lugar dele havia um lobo grande e castanho-avermelhado de olhos negros. O lobo desviou os olhos de mim, apontando o focinho para a praia, o pelo eriçado nos ombros, emitindo grunhidos baixos por entre as presas à mostra.

“Corre, Mila!”, gritou Austin novamente de trás de mim. Mas não me virei. Estava vendo uma luz que vinha da praia na minha direção.

E depois Lauren saiu das árvores, a pele brilhando um pouco, os olhos escuros e perigosos. Ergueu uma das mãos e acenou para que eu fosse com
ela. O lobo grunhiu a meus pés.

Dei um passo à frente, para Lauren. Ela sorriu e seus dentes eram afiados e pontudos.

“Confie em mim”, sussurrou ela.

Dei outro passo.

O lobo se atirou no espaço entre mim e a vampira, as presas mirando a jugular dela.

“Não!”, gritei, erguendo-me estabanada da cama.

Devido a meu movimento súbito, os fones puxaram o CD player da mesa de cabeceira e ele caiu no chão de madeira. Minha luz ainda estava acesa e eu estava sentada toda vestida na cama, ainda de sapatos.

Twilight - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora