EPÍLOGO: UM ACONTECIMENTO ESPECIAL

73 7 4
                                    

LAUREN ME AJUDOU A ENTRAR no carro dela, tomando muito cuidado com as tiras de seda e chiffon, as flores que ela acabara de prender em meus cachos elaboradamente penteados e em meu gesso volumoso. Ela ignorou a raiva em minha boca. Quando me acomodou, foi para o banco do motorista e deu a ré pela entrada de carros longa e estreita.

— A que altura exatamente vai me dizer o que está acontecendo? — perguntei, amuada.

— Estou chocada que ainda não tenha deduzido isso sozinha. — Ela me lançou um sorriso de escárnio e minha respiração ficou presa na garganta. Será que um dia eu me acostumaria com sua perfeição?

— Já lhe disse que você está muito linda? — indaguei.

— Sim. — Ela sorriu de novo.

Nunca a vira de vermelho e, com o contraste com sua pele clara, sua beleza era absolutamente surreal. Isso eu não podia negar, mesmo que o fato de ela estar usando um vestido generoso em suas partes femininas me deixasse muito nervosa.

Não tão nervosa quanto com o vestido que eu usava. Ou o sapato. Só um pé, o outro pé ainda estava enclausurado em gesso. Mas o salto agulha, preso apenas por tiras de cetim, certamente não ia me ajudar enquanto eu tentasse cambalear por aí.

— Não vou voltar mais se Ally for me tratar como a Barbie Cobaia quando eu vier — eu fui firme.

Passara a maior parte do dia no banheiro fabulosamente enorme de Ally, uma vítima impotente enquanto ela brincava de cabeleireira e maquiadora. Sempre que eu me mexia ou reclamava, ela me lembrava de que não tinha nenhuma lembrança de ser humana e me pedia para não estragar sua diversão substituta.

Depois ela me colocou no vestido mais ridículo — azul-escuro, com babados e de ombros de fora, com uma etiqueta francesa que não pude ler — um vestido mais adequado a uma passarela do que a Forks. Nada de bom podia advir de nossos trajes formais, disso eu tinha certeza. A não ser... Mas eu tinha medo de colocar minhas suspeitas em palavras, mesmo em minha própria cabeça.

Fui distraída pelo som de um telefone tocando. Lauren sacou o celular de dentro de sua bolsa de mão, olhando rapidamente o identificador de chamadas antes de atender.

— Oi, Alejandro — disse ela com cautela.

— Alejandro? — Franzi a testa.

Meu pai tem sido... difícil desde minha volta a Forks. Ele compartimentara minha experiência ruim em duas reações definidas. Em relação a Henry, foi de uma gratidão quase venerada. Por outro lado, ele teimosamente se convenceu de que a culpa era de Lauren — porque, se não fosse por ela, eu não teria saído de casa, antes de tudo. E Lauren estava longe de discordar dele. Ultimamente eu tinha regras que não existiam antes: toque de recolher... horas de visita.

Alguma coisa que Alejandro dizia estava deixando os olhos de Lauren arregalados de descrença e depois um sorriso se espalhou por seu rosto.

— Está brincando! — ela riu.

— Que foi? — perguntei.

Ela me ignorou.

— Por que não me deixa falar com ele? — sugeriu Lauren com um prazer evidente.

Ela esperou alguns segundos.

— Oi, Mateus, aqui é Lauren Jauregui.

Sua voz era muito simpática, superficialmente. Eu a conhecia muito bem para sentir o tom de ameaça. O que Matthew Hussey estava fazendo na minha casa? A verdade medonha começou a me ocorrer. Olhei novamente o vestido inadequado que Ally me obrigara a usar.

Twilight - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora