06. HISTÓRIAS DE TERROR

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SENTADA NO MEU QUARTO, tentando me concentrar no terceiro ato de Macbeth, eu na verdade tentava ouvir minha picape. Tinha pensado que mesmo com o martelar da chuva poderia ouvir o rugido do motor. Mas quando olhei pela cortina — de novo — de repente ela estava ali.

Eu não ansiava pela sexta-feira e ela mais do que cumpriu minhas não expectativas. É claro que houve comentários sobre o desmaio. Taylor especialmente parecia se divertir com a história. Por sorte Austin manteve a boca fechada e ninguém parecia saber do envolvimento de Lauren.

— E aí, o que é que a Lauren Jauregui queria ontem? — perguntou Taylor na aula de trigonometria.

— Não sei — respondi com sinceridade. — Ela não chegou a dizer.

— Você parecia meio chateada — ela jogou verde.

— Parecia? — Mantive minha expressão vazia.

— Sabe de uma coisa, eu nunca a vi se sentar com ninguém a não ser a família dela. Aquilo foi esquisito.

— Esquisito — concordei.

Ela pareceu irritada; sacudia os cachos dourados com impaciência, acho que esperava ouvir algo que lhe desse um bom assunto para fofocar.

A pior parte da sexta-feira foi que, embora soubesse que ela não estaria lá, eu ainda esperava.

Quando fui para o refeitório com Taylor e Austin, não consegui deixar de olhar a mesa dela, onde Normani, Allyson e Troy conversavam, as cabeças próximas. E não consegui evitar a depressão que me engolfou quando percebi que eu não sabia quanto tempo teria que esperar para vê-la novamente.

À minha mesa de sempre, todos estavam cheios de planos para o dia seguinte. Austin estava animado de novo, confiando muito no meteorologista local, que prometera sol para amanhã. Era ver para crer. Mas hoje estava mais quente — quase quinze graus. Talvez o passeio não fosse completamente infeliz.

Interceptei alguns olhares não amistosos de Hailee durante o almoço, que só fui entender quando todos fomos para a aula juntos. Eu estava bem ao lado dela, só a alguns palmos de seu cabelo castanho e liso, e ela evidentemente não tinha percebido isso.

— ... não sei por que a Cabello — ela pronunciou meu nome com desprezo
— simplesmente não se senta com os Jauregui de agora em diante — eu a ouvi murmurar com Shawn. Nunca havia percebido que a voz dela era anasalada e desagradável, e fiquei surpresa pela malícia implícita. Realmente não a conhecia muito bem, com certeza não o suficiente para que ela não gostasse de mim. Ou assim eu pensei.

— Ela é minha amiga; ela senta com a gente — respondeu Shawn aos cochichos, com lealdade, mas também de um jeito meio territorialista.

Parei para deixar que Tay e Alessia passassem por mim. Não queria ouvir mais nada.

No jantar, Alejandro parecia entusiasmado com minha viagem a La Push de manhã. Acho que ele se sentia culpado por me deixar em casa sozinha nos fins de semana, mas ele passara tempo demais formando seus hábitos para quebrá-los agora.

É claro que sabia os nomes de todos os meninos que iam, e dos pais deles, e dos bisavós também, provavelmente. Ele parecia aprovar. Eu me perguntei se ele aprovaria meu plano de pegar uma carona a Seattle com Lauren Jauregui. —  talvez não se importasse por ser uma menina... Mas, querendo ou não, sinto que o pessoal da cidade tem um receio com aquela família — Não que eu fosse contar a ele.

— Pai, conhece um lugar chamado Great Rocks ou coisa assim? Acho que fica ao sul de Mount Rainier — perguntei casualmente.

— Conheço... Por quê?

Dei de ombros.

— Um pessoal estava falando de acampar lá.

— Não é um lugar muito bom para acampar. — Ele pareceu surpreso. —  Tem ursos demais. Muita gente vai lá na temporada de caça.

Twilight - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora