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Existia certa curiosidade em Jaekyung, desde jovem.

O verão em Coilier era tomado pelo calor infernal, o que gerava uma drástica mudança de clima pelo resto do ano, quando a cidade era tomada pela neblina e o frio que acalentava a população em uma elegância em longos casacos e cachecóis, como se as montanhas escondessem as glórias dos legados elitistas das famílias que residiam a cidade por longas gerações. A curiosidade de Jaekyung crescia junto a outros problemas, observando o cais quando se encontrava com Junmin e Heesung. Ambos os jovens fumando longe de olhares, mas não discretos o bastante. Não era como se houvesse uma importância clara quando tudo que se via na cidade era um tédio repleto de eventos da cidade onde os três zombavam que era o mesmo que vender a si mesmo para uma vida sem nenhuma vivacidade.

Por mais rica que fosse a cidade, não sentiam que alguém poderia querer viver em meio do nada dessa maneira. As casas afastadas, erguidas como pinturas antigas, mas as aparências importavam.

Jaekyung sabia disso, quanto mais ricas eram as famílias, piores eram os segredos.

Foi aos treze os testes foram feitos e não deveria ser uma surpresa quando Jaekyung encarou aquele papel, vendo que ele se tratava de um alfa, como Heesung e Junmin. O peso de ser um alfa tomava um preço alto quando percebia a frequência em que a raiva se aumentava dentro de seu peito. Todo momento em que andava pelo cais, encarando as embarcações distantes, o moreno ponderava a razão de Heesung e Junmin não passarem pelo mesmo. E parado contra o cercado, se encolheu no casaco e no cachecol, mantendo o olhar na rua. Junmin se encolheu no casaco, tragando do cigarro ao arquear a sobrancelha, apontando para o final da rua.

- Quer ir na casa do Heesung? Dizem que as irmãs dele estão voltando da Suécia. Seria bom, os pais deles ficam tão ocupados que nem veriam se atacássemos a adega. - Junmin soprou a fumaça, voltando o olhar para a velha casa de Jaekyung. A luxuosa casa erguida há anos em uma visão vitoriana de longas janelas e estruturas de madeira, o jardim vasto se estendendo pela entrada, as luzes já acesas por conta do cair da tarde. - Sabe, daqui uma semana começam os treinos, seria ótimo se pudéssemos relaxar. Eu soube de umas festas na saída da cidade, sabe como os amigos do Choi são. - Aproximou o cigarro dos lábios, olhando as luzes acesas.

Não era uma caminhada de muitos minutos até a própria casa, geralmente Junmin atravessava o cercado e fumava na garagem de Jaekyung, por vezes podia escutar o barulho na casa que dava apenas a impressão de ser silenciosa. A música clássica que o Senhor Joo escutava, as brigas. Não ele com a esposa. Jaekyung sempre foi agressivo verbalmente, mas isso soava vago afirmar o que de fato Junmin sabia. As brigas que Jaekyung tinha com o pai iam além do limite, e isso piorava como a água que enche um balde e você não fecha a torneira, e alguma hora isso irá transbordar.

- Não importa, eu não poderia ir. Existe um... Problema. - Jaekyung se recostou no cercado, incerto sobre o que dizer. Abria os lábios, os fechava, então resolveu falar da forma objetiva - É só um problema, mais um deles.

- E desde quando não conversamos sobre... Problemas? - Junmin provocou, não se conheciam há pouco tempo. Faziam anos que se conheciam, desde o primário, mas nunca antes tinha notado aquele silêncio. Abaixou o cigarro, olhando as luzes da casa. - Seu pai usou o termo de novo? É meio estranho que ele ainda use.

- É. Ele curte isso, diz que eu pareço ridículo gritando pela casa. Que seja, foda-se essa merda. - Jaekyung não queria dizer, em parte por entender que a mente andava cheia de pensamentos ruins sobre como sair daquele inferno.

Não era a primeira vez em que discutia com o pai, mas acontecia que a cidade via os Joo de uma forma cheia uma imagem retocada. Não havia como escapar, sentia que fazia parte de uma pintura. Mostrando o que deveria ser visto, e escondendo o quando a construção do resultado final era angustiante. Ao menos a noite podia respirar um pouco de ar fresco, ignorando que o pai usava aquele termo.

Can I call you tonight?Onde histórias criam vida. Descubra agora