Can I call you tonight?

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Avisos: conteúdo sexual

Jaekyung deslizou os dedos sobre a tela do celular, mordendo o lábio inferior com as capturas de tela. O olhar mantinha um apego possessivo apesar de que não ser algo a se orgulhar, mesmo assim, encarava as capturas de tela das ligações de vídeo com Kim Dan. Os dedos naturalmente passeavam sobre as teclas e tirava uma, então mais outra. O celular cheio de fotos de Dan, observando os olhos castanhos tão cansados.

Ele percebeu, não era um completo idiota. Jaekyung entendia perfeitamente que Saint Kenneth era uma gaiola precária, quando Coilier ao menos era uma gaiola dourada e bela para Dan; e com um pouco de pesquisa, o alfa soube mais do que qualquer um saberia sobre a cidade. A ironia crescia à medida de que os pensamentos provocaram uma risada dentro dele, como se o moreno brincasse de montar quebra-cabeças. A imagem formada mentalmente ainda não agradava, Coilier sempre foi um aglomerado de famílias ricas e, Saint Kenneth, um vilarejo que cultivava abóboras. Na página da Wikipedia, o alfa leu cada dado e artigo com a atenção de quem criava um estudo científico.

Saint Kenneth não parecia tão "santo" assim para carregar o nome. O alfa repudiava ao que leu que, há anos, a cidade se tornou o escasso lar de bares, tendo só uma escola de tradição cristã onde recebia todos os jovens da cidade até que se formassem e estudassem fora, uma vez que Saint Kenneth não tinha um time esportivo nem faculdade. Mas tinham um prefeito que era humano, no mal sentido. Humano. Jaekyung ironizou que admitir isso significava que o prefeito era humano demais, o que significava que era hipócrita e um criminoso de alto nível, o que constituía (ironicamente) um político.

Não foi uma surpresa que a cidade produtora de abóboras era adornada de problemas de alcoolismo e pequenos crimes, não que isso fosse lisonjeiro, não era. Pequenos crimes guiam grandes psicopatas em treinamento. Em resumo, se tornou fácil deduzir que Saint Kenneth não era recomeço para ninguém.

O alfa ponderou ainda encarando a tela do celular. Após semanas e semanas, não era como se a presença "dele" foi excluída de tudo, as pessoas nunca tinham gentileza com o frágil ômega, então, não o surpreendia que as vidas seguiriam em frente, mas Jaekyung não conseguia. E a raiva emergia como um desastre natural. As marcas de Dan eram profundas e ele cultivava com afinco.

As notificações apareciam na tela, e ali estava Dan. A foto dele com olheiras e o cabelo bagunçado, não entendendo o sentido de "eu quero uma foto sua". O alfa desejou ver o corpo exposto, mas uma pequena felicidade o invadia ao vislumbrar o rosto, mesmo que na foto o ômega estivesse com camadas de roupas velhas. Um novo lembrete foi anotado mentalmente ao ver que poderia comprar roupas novas, coisas novas e que ele gostaria.

O olhar desviou para o lado. Após semanas, algumas coisas mudaram. Sem chance de perdoar Jaeyoon pelo que fez, nunca que deixaria isso passar. A questão era que Jaekyung conhecia bem o pai. Foi uma jogada de mestre aos olhos de Jaeyoon. Ele precisou se livrar de Dan uma vez que o ômega não se abria sobre traumas para que escrevesse o maldito livro, ainda sendo uma questão para Jaekyung como o pai conseguia acordar e se olhar no espelho depois de tudo.

"Primeiro, ele queria escrever um livro sobre traumas de um ômega sobrevivente de uma seita" ele pensou "Depois, aceitou que eu alimentasse a carência de Dan em ter um alfa". Nada era aceitável, mas Jaeyoon já fazia muitas coisas tão impunemente que Jaekyung percebeu que estava cansado.

Em meio da sala de aula, comentários se espalhavam como um vírus contagioso quando o alfa acessou a aba do e-mail, pressionando "enviar" a série de longos e-mails. Os dedos ágeis acessaram o site do Hayfield na seção especial para os alunos, incentivados a postarem graças a um projeto do clube de jornalismo. Isso estava longe da seleta lista de interesses do alfa, mas ele amava ter ao alcance o que era conveniente.