Jaekyung ainda tinha certa curiosidade sobre o pai, em como as sessões de terapia funcionavam, a única certeza era que Dan nunca ficava confortável. E ao longo dos dias, Jaeyoon repetia ainda mais sobre Jaekyung ter o dever de ser um bom irmão mais velho. O moreno odiava isso, por saber que o ômega não era adotado, ao menos não oficialmente. Por vezes invadia o escritório e vasculhava gavetas em busca de algo que saciasse a constante curiosidade, os dedos passeavam pelas inúmeras pastas catalogadas. Não demorou para achar na última gaveta uma pasta com o nome de Dan. Mas não havia apenas uma, a gaveta era o esconderijo de diversas pastas.
A primeira continha coisas comuns, mas muito importantes. Os documentos que esclareceram aquela dúvida. Um sorriso intrigado brincava aos lábios do alfa ao ler aquele papel padronizado, assinado por um juiz alegando que Jaeyoon foi nomeado como o responsável por Kim Dan. Não era uma adoção, apenas uma tutela com base em cuidado psicológico. E lendo as anotações, apesar da letra horrível do juiz, estavam as indicações. Não era atoa que desde o início existiam regras demais. "Supervisão frequente, acompanhamento psicológico, assim como consultas para verificar a recuperação física. É fortemente sugerida a necessidade de um afastamento de Dan aos meios de comunicação, de forma alguma ele deve ter redes sociais, entrar em grupos de discussão e deve ser evitado todo e qualquer contato dele com..." teria terminado de ler se não fosse pelo barulho de um carro. Jaekyung guardou as pastas e agiu como se nada tivesse acontecido.
Eram uma família, estranha, para não dizer o pior. Ainda agiam como a família mais influente de Coilier, Youngmi comparecia a eventos grandiosos e diversas vezes jantares eram dados naquela casa, onde os filhos se portavam como alunos e filhos exemplares. Youngmi ainda enfeitava Dan com as mais belas roupas, quase como se montasse um boneco que ficaria em uma vitrine. Mais um projeto dos Joo, uma vez que os olhares eram atentos demais. Todos admiravam a grandiosa mansão, os jardins bem cuidados e todo o luxo decorando os cômodos. Móveis antigos em madeira escura, obras de arte penduradas nas paredes e lustres cristalinos.
Podia-se escutar o som das risadas suaves sobre alguma história contada por Jaeyoon, que se vangloriava sobre conquistas profissionais. Por vezes, se portando como um pai orgulhoso ao se referir que Jaekyung e Dan eram suas preciosidades. Um era um astro dos esportes, e outro era um leitor dedicado e um típico filho da elite. Era o que Dan era. Tão belamente adornado de roupas formais, cabelos arrumados em leves ondulações, como um anjo, escondendo o nervosismo quando o terapeuta insistia que ele pegasse o violoncelo e tocasse.
"Ele praticamente é um Joo, escondendo o quanto que essa pressão vai fazer com que ele surte e Jaeyoon vai culpar um transtorno de ansiedade comum em adolescentes" Jaekyung pensava, sempre o olhando. Afinal, na mente de Jaekyung, não eram irmãos. Não, era apenas uma palavra usada. Uma série de letras e sons. Algo que Jaeyoon gostava de falar por conveniência, não seria de bom tom alegar que Dan era seu alvo de estudo e mantê-lo ali era como criar um ser tímido em um cativeiro aberto, mas era mesmo aberto? Jaekyung entendia como o pai fazia tudo, aprisionando pessoas em suas palavras.
Entendia a mente humana, e isso era bom e ruim ao mesmo tempo.
Mas até era agradável ter os jantares, os amigos da família tão elegantes, a sala ou a mesa de jantar repleta de risadas falsas e histórias que repetiam sem parar. Na verdade, Jaekyung adorava aquilo, amava que os pais pedissem para que os filhos fossem na adega para pegar um vinho. Adorava a adega, por outros motivos.
Sempre que entravam na adega, não demorava muito para pressionar Dan contra a parede e segurar seu queixo. "Abra" ordenava, e o ômega corado abria os lábios. Existia algo acontecendo bem debaixo do teto de Youngmi e Jaeyoon, sempre que Jaekyung se aproximava, Dan fechava os olhos, rendido ao alfa. Ele cedia facilmente para Jaekyung, mas recuava igual a um animal assustado quando se deparava com o toque de alguém diferente. E naquela adega o alfa o beijava, as mãos agarrando a cintura fina, dedos alisando as nádegas. Por deus, não conseguia se controlar quando estavam sozinhos, simplesmente por saber que Dan se rendia a seu toque.
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Can I call you tonight?
Fanfiction|| Plágio é crime. Eu não autorizo de nenhuma forma traduções ou adaptações || Na fria cidade de Coilier, Jaekyung vive como o filho alfa de Joo Jaeyoon, um renomado especialista no estudo de traumas em ômegas. Apesar da fama sendo o filho único de...