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Avisos: Conteúdo Sexual


Jaekyung sabia que aquela família um dia seria a história mais infame de Coilier. O dinheiro obtinha um grande papel na reputação de Jaeyoon, uma vez que rumores sequer existiam por mais que entendessem que existia algo muito errado naquela casa. Não errado, o alfa pensava que a palavra certa seria "distorcida". Desceu os degraus, enfim com as roupas mais folgadas e pouco importava os exames que tinha de fazer, não sairia naquela noite. Aparentemente, ninguém sairia também.

Respirou profundamente, afundando as mãos nos bolsos da calça, passos silenciosos até a sala de estar onde Youngmi continuava inquieta, as pernas cruzadas, escondidas nas camadas do vestido. Os olhares agora miravam Jaekyung na porta, aparentemente não era o tipo de conversa que ele gostaria de se sentar e provar biscoitos e o chá. Em parte, o desejo era poder ter escondido que algumas coisas aconteciam. Era fácil compreender que ele era um alfa puro, com dificuldade do controle de raiva. E por um bom tempo, era previsível que outras famílias achassem que ele era um filho ingrato por nenhuma razão. Afinal, o pai era um terapeuta respeitado, soava como se Jaekyung quisesse ser um problema.

Como se ele não tivesse motivos para ser daquela maneira errada.

Encostando-se no batente da porta, o alfa pensou que aquilo era algo que talvez fosse melhor que Dan acreditasse. Não era desagradável ser um filho mimado e problemático, o que era profundamente inquietante era que Dan sabia e sentiu na pele o que eram os castigos de Youngmi. O porão escuro onde era trancado até que pensasse em como estava agindo. Não existiam outras coisas que assustavam Jaekyung. Um pensamento curioso se estendia dentro de si, desde o início o que queria era o controle sobre aquilo que os pais se viam obcecados. Era bom ver Dan pedindo por permissão para tudo, até mesmo o relacionamento com Junmin só se estendia por Jaekyung não interferir.

Olhou a mãe, a ômega inquieta, esfregavam o terço com o pequeno crucifixo dourado.

— Ele está melhor? — Jaeyoon questionou, e Jaekyung gostava quando alguém quebrava o silêncio, era o mesmo que entregar o controle da situação. E por mais inteligente que o terapeuta pudesse ser, percebia tarde demais que um muro alto e imaginário foi criado. Eram eles que enfeitavam o ômega sem perguntar do que ele gostava, ou o interrogavam impiedosamente em sessões de terapia que estavam bem longe de respeitar um propósito médico. — Uma sessão poderia fazer bem a ele agora.

— Ele não está falando.

Assim que afirmou, o silêncio pesou e Youngmi pressionou os lábios marcados pelo batom avermelhado. O silêncio era repleto de questionamentos incessantes. Estava tudo bem quando era com Jaekyung, os castigos o deixando mais controlado, quieto. Mas eram contextos completamente diferentes. Jaekyung manteve a postura firme, os encarando e achando irônico que não podiam o apontar como um vilão. E o alfa sabia, no fundo, que vinha fazendo diversas coisas por Dan ser curiosamente maleável em suas mãos. Gostava do controle, do condicionamento de uma dependência tão grande que mesmo quando Dan era beijado por Junmin, sabia em quem pensava.

Jaekyung pensou um pouco, em silêncio. Sem querer, os pais não perceberam que o empurraram para o filho alfa? Afinal, Dan ainda era um ômega que viu um alfa como dominantes. Os beijos e toques incessantes, onde até Dan ansiava por sentir o perfume do alfa. E agora, aquela casa não era mais um lar seguro.

Mas Jaekyung era.

— Tenho que deixar alguma luz acesa senão ele entra em pânico de novo, e não está falando. Então, acho que deveríamos escrever um livro sobre maternidade e os piores métodos de educação. — Ironizou, cruzando os braços a frente do peito, pouco se importando quando a mãe o repreendeu com o olhar. — Não achou que seria exagerado um castigo por um ômega se tocar?

Can I call you tonight?Onde histórias criam vida. Descubra agora