Can I call you tonight?

6

Avisos: Conteúdo sexual, transtorno do pânico

Jaekyung se arrependia de como tudo se tornava um emaranhado de coisas ruins, embora a preocupação fosse exatamente como tirar Dan dos olhares dos alfas que o cercavam no Hayfield. A notícia se espalhava com facilidade em Coilier, como eco nas montanhas tornassem todo caos ainda maior. Acompanhou em silêncio quando Youngmi não pareceu satisfeita ao saber que Junmin estava levando Dan para todo lugar, sem Jaekyung. Não existia o que ser feito, as íris escuras viam que talvez existisse certa lógica naquele relacionamento falso. Apesar de Coilier ser uma cidade silenciosa e vasta em suas casas luxuosas e extensas propriedades, erguidas como pinturas clássicas monumentais, o alfa entendia que os olhares sempre chegariam ao que existia de errado.

Para um lugar onde ricos entediados precisavam de algo para conversar, qualquer passo em falso poderia ser o fim.

Viver de aparências exigia constância na manutenção de imagem, e ele via isso toda vez em que os pais davam jantares sofisticados como maneira de ostentar a casa, uma das mais belas da região. E claro, amavam expor Dan e o maldito violoncelo, tocando aquelas músicas de novo e de novo.

E toda vez o olhar de Jaekyung estava fixo nele, naquele ômega que crescia e ficava ainda mais bonito, a cada dia. Algumas vezes pensava se não estava olhando demais. E com o tempo, Youngmi fez questão de expor que era hora. Não foi exatamente agradável para Dan ter o próprio quarto, mesmo sendo ao lado do alfa, com paredes finas demais. O punho fechados batendo três vezes na parede, encostando o ouvido e esperando o sinal. Bastava que as visitas fossem embora para suas vidas vazias e que os pais estivessem dormindo para o alfa bater duas vezes na parede e Dan se esgueirava até o quarto, com os belos olhos castanhos brilhando junto ao sorriso.

Os passos silenciosos a deitar, praticamente agarrado ao corpo de Jaekyung, Sempre buscando por ele, mesmo que durante o dia tivesse de fingir ser o namorado de Junmin. E Jaekyung sabia, seria um caos se os pais descobrissem o que acontecia quando estavam dormindo. Não, Dan não estaria no próprio quarto, dormindo como um anjo. Ia correndo para o quarto do alfa como se precisasse disso como os pulmões necessitavam de ar, e ao escuro do quarto, era Dan que pedia. "Por favor, por favor". O rosto corado, apenas por querer os lábios do alfa sobre os dele.

Pequenos segredos se estendiam com o passar dos dias.

Dan crescia cada vez mais, e com ele, outros problemas. Parte de Jaekyung não esperava que os pais não tivessem pensado nisso, quando era claro que aconteceria. Dan ainda era o mesmo, o sorriso adorável ao assistir os treinos do alfa, por vezes o encontrando atrás da arquibancada. Mas a cada dia a necessidade de Dan em ficar perto de Jaekyung crescia, e mesmo quando era abraçado por Junmin, acabava abrindo os olhos procurando o moreno. Era um ato involuntário. Mas, o tempo passava, um pouco depressa, e Youngmi constantemente dava medicamentos que Dan odiava. Jaekyung observava de longe o empenho do pai em querer se aproximar de Dan, mas era inconclusivo. O livro não sairia tão cedo com Dan não conseguindo confiar nele, com tantas sessões de terapia onde o ômega apenas se calava e respondia em frases curtas.

Jaeyoon, por alguma razão, alegava que existia algo errado para o ômega não se abrir com ele.

Jaekyung sabia que seria dessa maneira, ciente de que o pai gostava das coisas do jeito dele e possivelmente achava Dan teimoso por não agir como ele queria. Por vezes, pensava que o pai apenas desistiria já que o que gostaria de arrancar de Dan nunca saía como o desejado. A ironia era saber que Jaeyoon agora o entupia de remédios alegando que Dan tinha surtos de ansiedade, ocasionado por uma depressão crescente. Jaekyung ironizava mentalmente por entender que talvez fosse a maneira do pai, um homem adulto, de ter um surto de raiva. E ria pensando no pai esperneando dentro do escritório por não conseguir Dan falar sobre traumas que provavelmente nunca falaria para ninguém.