Enquanto eu te Esquecia (KathLin)

9. Impacto

I Don't Deserve You - Plumb

You're the first face that I see
Você é o primeiro rosto que eu vejo

And the last thing I think about
E a última coisa que eu penso

You're the reason that I'm alive
Você é a razão pela qual estou vivo

You're what I can't live without
É sem você que eu não posso viver

POV Lin

Algumas semanas se passam na pequena rotina que eu e Kath criamos.

Seguindo o conselho da Dra Kaew eu continuo criando uma vida nova com Kath desde que ela expressou o desejo de que eu fosse quem eu quisesse ser e de não precisar mais buscar quem eu era antes.

Nós conversamos mais, mas nem tanto sobre quem eu era antes. Confesso que foi uma escolha minha. Se eu era feliz descobrindo quem eu queria ser e Kath também, eu já não via mais a necessidade de descobrir como era a Lin de antes. O baú trancado voltou para o closet depois das minhas poucas tentativas em abri-lo. A menção de quem eu e do que eu gostava antigamente foi ficando cada vez mais deixado de lado.

As conversas com Kath giravam principalmente em nossos gostos pessoais. Nos divertíamos deitadas na cama ou no sofá da sala, vendo imagens de animais para que eu escolhesse meu preferido. Cores, músicas e até as celebridades mais bonitas. Eu via uma Kath ir se desabrochando cada vez mais, um sorriso sincero cada vez mais presente em seu rosto. Um brilho no olhar que me iluminava cada dia mais.

Nós também nos beijávamos com frequência, desde beijos mais intensos até os mais castos e tímidos que eu gostava de dar antes dela sair para trabalhar ou quando voltava para casa. Mas nenhuma das duas parecia querer cruzar a linha de mais do que beijos e carinhos contidos. Algo estava nos privando. Eu não sabia o que lhe segurava tanto, mas quanto a mim, eu tinha medo. Era como se eu tivesse perdendo minha virgindade, tendo minha primeira vez. Inúmeras inseguranças bombeavam a minha cabeça mesmo eu sentindo que meu corpo ansiava por aquele toque mais íntimo. Era complicado.

Mas mais coisas haviam sido acrescentadas em nossa rotina. Eu tinha voltado a dirigir. Kath só precisou me levar duas vezes para praticar e eu já sentia confiança em dirigir pela cidade com o GPS. Inicialmente Kath tinha uma superproteção em relação a que eu saísse sozinha, mas ela se acostumou. Eu apenas ia para o mercado, para minha terapia. Mas principalmente, eu ia até o restaurante da mãe de Kath, Sra Pohn.

Kath sabia dessas minhas visitas frequentes até o restaurante de sua mãe. Algumas vezes era a senhora que vinha até nossa casa. Eu estava cada vez melhor na cozinha, preparando pratos cada vez melhores e conseguindo ler melhor as receitas sem estraga-las no fim do processo, apesar de sempre preferir fazer o que a senhora me ensinava. O prato preferido de Kath eu ainda não tinha nem sido apresentada. Acho que a senhora queria guardar para me ensinar em uma ocasião especial. De qualquer forma, cozinhar era um hobbie que eu adorava e sentia prazer em fazer. E Kath sentia prazer em comer.

Estava a caminho agora do restaurante. No café da manhã, Kath havia comentado que estava com desejo de comer Pang Sib e no mesmo instante fiz uma nota mental de que aprenderia a receita hoje mesmo, nem que fosse o prato mais difícil do mundo.

Hoje fazia exato um mês que eu tinha acordado no hospital, um mês que eu a vi pela primeira vez e perdi meu coração pra ela. De alguma forma eu sentia que deveria comemorar esse fato.

Estaciono na minha vaga de sempre, e já encontro a Sra Pohn no salão, arrumando as mesas para abrir na hora do almoço. May, sua ajudante de cozinha, já estava lá adiantando o corte dos alimentos, podia ouvir sua voz cantarolando junto com o rádio como era de costume. Tihn, o entregador que ficou me encarando na primeira vez que foi me levar almoço, era um rapaz energético e prestativo. Mesmo sendo contratado apenas para realizar as entregas, ele sempre se oferecia para fazer tudo que precisava no restaurante. No momento ele ajudava abrindo as cadeiras e as ajeitando nas mesas.