7- Fala Mansa

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Sana amava pessoas. Dava para dizer, sem medo de errar, que o maior medo de Sana era ficar sozinha.

Quando não estava matando monstros nem ameaçando a vida de quem ameaçasse a paz do condado, Sana era adorável e era bem recebida em qualquer casa da região. Dahyun diria que era porque ela tinha muitos amantes, mas aquilo não era 100% verdade. Sana tinha muitos amigos. Muitas vezes, Momo e Dahyun poderiam pensar que ela estava transando loucamente, mas ela estava apenas numa festa, num sarau, num encontro de amigos, às vezes era até convidada para jantares de particulares de família. Era assim que Sana gostava de viver sua vida, rodeada de pessoas.

Também não era para menos. Ficar sozinha era assustador para caralho.

Quando Sana estava sozinha, sentia de tudo e mais um pouco. Era como se tornasse consciente de tudo ao seu redor. Dahyun não sabia, mas era por isso que ela dormia tanto em seu quarto. Quando ficava sozinha em seu próprio, poderia sentir em seu peito dos sentimentos mais sujos de todo o condado (era assim que, muitas vezes, previa algum perigo), e ela não gostava. Não só isso, poderia sentir as coisas que caminhavam fora do alcance do olhar humano. Sentia os animais com medo do que eles viam e elas não. Sentia até mesmo o carinho que as babás fantasma nutriam por elas.

Sentiu a intenção de Jinyoung de ir embora no aniversário de 5 anos de Momo, um mês antes do seu.

- Por que você vai? - Perguntou ao homem enquanto ele preparava um bolo de aniversário.

O homem sorriu, um sorriso gentil e caloroso que Sana sabia, significava que ele estava orgulhoso.

- Você sabe muita coisa, não? - Se ajoelhou e ficou com quase a mesma altura de Sana. - O que mais você sabe, que só você sabe?

Sana respirou fundo.

- Muita coisa. Eu sei porque sentimos medo quando estamos sozinhos. Não é por nada. Eu também sei porque os animais ficam agitados à noite, principalmente cachorros e cavalos. Eu sei porque não gosto de dormir sozinha.

Jinyoung acariciou os cabelos de Sana.

- Isso. E você vai contar essas coisas pra suas amigas Momo e Dahyun, sabendo o quanto isso assustaria elas?

Sana negou com a cabeça.

- Não, senhor.

- Essa é minha garota. Então também não conte que estou indo. Mas eu preciso ir, porque assim vocês vão se tornar muito fortes. As mais fortes do mundo. Tá bom?

Sana não entendera muito bem e também não entendia que o homem partiria mesmo, por um longo tempo, então apenas concordou e foi brincar. Quando, uma semana depois, Jinyoung não retornara, Sana ficou sozinha e chorou.

Quando voltaram da cidade, Sana sabia que não iria conseguir dormir sozinha em seu quarto naquela noite, depois das coisas que sentiu no quarto de Sungjin, mesmo com Momo estando lá. Então foi para o quarto de Dahyun, e como uma coisa leva a outra, e ela gostava muito da maciez da pele da mais nova, logo estavam entrelaçadas. Sana jamais admitiria, mas gostava muito quando Momo se juntava a elas. Por isso, se sentiu feliz e dormiu calmamente naquela noite.

Quando acordou e viu Dahyun naquele estado, ela sentiu o que estava acontecendo. Não sabia como, nem por quê, mas sabia que Dahyun estava se conectando a gente de outro lugar, muito, muito, longe, e que água quebraria a conexão.

Então, jogou água na mais nova e percebeu ela voltando ao normal, enquanto Momo suspirava aliviada.

Alguns minutos depois, as três tomavam café da manhã enquanto Dahyun explicava.

- Basicamente, o velhote disse que as visões são porque você tem uma missão a cumprir? - Sana questionou.

- Algo do tipo.

Toc - Toc (Ato 1) - TWICE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora