9- Ser Como Uma

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Chaeyoung se sentou, memórias daquele dia a invadindo sem pedir permissão. Sabia que Tzuyu estava preocupada e confusa à sua própria maneira, mas não conseguia evitar sentir um pouco de raiva da amiga naquele momento.

- Mas, Chaeng. Se você vive aqui desde bebê, como sabe disso? Ele te contou?

Chaeyoung negou com a cabeça.

- Ele me mostrou.

Quando Chaeyoung fez seis anos, Jinyoung deu a ela um tigre de pelúcia. Ela amou tanto o presente que dormia, acordava, comia e tomava banho com ele.

No dia seguinte, Jinyoung lhe pediu um favor.

- Chaeyoung, eu já comentei com você que você tem um potencial muito bom?

A menina, que brincava com o tigre, apenas assentiu.

- Mas, é preciso desenvolvê-lo. E isso não é muito bom pra você.

- Por que? - Chaeyoung perguntou, ainda sem demonstrar muito interesse.

- Porque o seu potencial só se desenvolve a partir da dor. E está na hora de você se desenvolver. Posso te pedir um favor?

A menina agora prestava atenção enquanto esperava Jinyoung falar.

- Eu vou te mostrar algo. É uma lembrança minha.

- Como eu vou ver uma lembrança de outra pessoa?

Jinyoung sorriu.

- Você é muito inteligente. Eu desenvolvi uma forma... Não é a memória exatamente. É um vídeo que gravei, mas a partir dos meus olhos, com isso aqui - mostrou um par de óculos escuros. - Dessa forma, você pode ver tudo que vi. Entende?

Chaeyoung assentiu.

- Mas ainda assim, você vai ver coisas assustadoras. Coisas que eu fiz. E vai machucar. Mas eu preciso que você entenda, fazendo isso, você desbloqueia um poder incrível, e poderá usá-lo daqui a uns anos. Você vai poder salvar o mundo. Você quer salvar o mundo?

- Quero - Chaeyoung concordou calmamente.

O homem a acompanhou até um lugar que Chaeyoung nunca tinha ido até então, anos depois Chaeyoung e Tzuyu chamariam de laboratório e usariam para testar novas magias.

Jinyoung pegou um capacete conectado por vários fios a uma máquina e convidou Chaeyoung a se deitar em uma maca, o que a menina fez imediatamente.

- Se é um vídeo, não veríamos na Televisão?

- Digamos que assim é mais imersivo. - Explicou colocando o capacete em Chaeyoung, de forma que cobriu-lhe os olhos e ela agora não via nada.

- Eu não sei o que é imersivo - protestou.

- Vai descobrir.

Chaeyoung ouviu um som semelhante a um interruptor sendo ligado e imagens se formaram à sua frente, não como se estivesse sonhando, mas como se estivesse vivendo aquilo.

Ela entendia que era um ponto de vista de Jinyoung, e percebeu que ele andava sem pressa rumo a um castelo.

Quando alcançou a entrada do castelo, guardas o escoltaram até a sala de jantar, onde ele se sentava e comia junto a um homem e uma mulher que Chaeyoung não sabia quem eram, mas sentiu uma estranha conexão assim que os viu.

- Diga, por favor, Jinyoung, a que devemos a honra de sua visita? - Perguntou o homem com um sorriso, enquanto comia uma coxa de frango.

- Primeiramente, agradeço a hospitalidade, Minho. Sei que tem sido um bom rei para o povo de Seul.

A mulher que tinha estado calada até então abriu um lindo sorriso.

- Minho pensa sempre no melhor para o povo. Amanhã distribuiremos comida de graça para comemorar o primeiro aniversário de nossa primogênita.

Jinyoung, que ainda não havia tocado na comida, fechou o semblante.

- É sobre isso que quero falar. Sua primogênita. Mas preciso que confie em mim, Eunji.

O homem e a mulher ouviam atentamente.

- Vocês acreditam em destino?

Minho limpou sua boca com um guardanapo.

- É engraçado, se espera que um rei acredite ser destinado a reinar, mas eu não penso assim. Acredito que nós fazemos nosso destino com nossas escolhas.

- É uma bela crença, mas está errado. E sua filha, Chaeyoung, está destinada a algo incrível.

Eunji pareceu se animar.

- Bem, você nunca mentiu para nós, e é ótimo saber que nossa menina tem um futuro importante.

- Muito importante. Bem mais do que eu e você podemos compreender. Mas para isso, tenho que levá-la comigo.

Era notável que ambos ficaram tensos.

- Por alguns dias? Não me incomodo que a instrua, se for aqui dentro. - Disse Minho, e um olhar atento perceberia que ele segurava sua espada na cintura.

Jinyoung cruzou as pernas.

- Temo que não, Minho. Levarei para sempre. Ela tem um encontro marcado com outras 8 meninas e precisa ficar forte, coisa que ela jamais ficaria se vivesse aqui, sendo forçada a lidar com as obrigações de ser uma princesa, como se casar com algum velho nojento de reino vizinho. Sei que ama sua fil

ha e acha que isso é o certo para ela, mas ela foi feita para mais. Ela e as outras oito devem aprender a ser como uma pelo bem da nossa realidade.

Minho agora estava de pé, com sua espada apontada para Jinyoung.

- Sabe que o respeito e admiro, mas é bom que esteja brincando.

- Não estou.

Antes que Minho pudesse pensar sobre uma próxima ação, caiu mole sobre a mesa, e segundos depois Eunji também caiu.

- É preciso ter cuidado com o que se come - Jinyoung comentou antes de se levantar. Pegando a espada de Minho, cortou, sem muita cerimônia, a cabeça de ambos monarcas.

Minutos mais tarde, duas cozinheiras se aproximaram de Jinyoung e ele as deu malas contendo joias, ouro e moedas de prata.

- O mundo está em dívida com vocês. Fujam e não se sintam culpadas.

Quando o aparelho foi tirado de sua cabeça, Chaeyoung gritou tanto que tudo ao seu redor foi afastado e a sala foi destruída.

Toc - Toc (Ato 1) - TWICE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora