- A quanto tempo você tem essas alucinações? - A terapeuta perguntou.
Jeonghan olhava sem parar para o relógio da sala desde que entrou ali.
Marcava dez e trinta e cinco da manhã, mas o que o incomodava não era o horário, e sim o ponteiro de segund...
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— Jeonghan, meu Deus. - Soonyoung segurou a camiseta de Jeonghan, segurando-o antes que o mais velho tropeçasse no degrau que tinha para entrar no pátio.
— Desculpa.
Jihoon e Soonyoung se entreolharam, e então, Jihoon perguntou:
— Por que você está tão estranho hoje?
— Eu estou pensando.
— Pensando no que?
— Vocês namoram? - Ambos se olharam confusos antes de assentirem. Embora nunca tenham falado diretamente para Jeonghan que eram um casal, também nunca esconderam, então era presumível que ele sabia. - Como é?
— Como é o que, Jeonghan? - Jeonghan hesitou antes de responder á Soonyoung.
— Gostar de alguém. Como é?
— Você nunca gostou de ninguém?! - O Yoon negou para Jihoon, agora um pouco envergonhado. - Como?! Você é tão bonito.
— Ah... Eu não sei. Eu acho que ninguém nunca gostou de mim, e eu nunca gostei de ninguém.
— E você está gostando de alguém agora?
O silêncio de Jeonghan foi resposta o suficiente para Soonyoung, o qual sorriu e passou o braço pelo pescoço de Jeonghan.
— Você está apaixonado!
— Eu não sei se estou, vocês não me responderam.
Os três agora estavam andando pelo pátio, em volta da quadra que tinha ali. Todos os três tinham o costume de andarem por alguma parte do dia, apenas para que mantivessem algum hábito, mesmo que ali dentro. Soonyoung foi o primeiro a voltar a falar.
— Hm... Você sabe que está apaixonado quando você sente seu coração acelerar perto da pessoa. Se sente confortável na presença dela, e só de ver ela já dá vontade de sorrir. Se a pessoa faz o tempo parecer passar "mais rápido"... - Fez aspas, e então, fez uma pausa para pensar no que dizer a seguir.
— Jeonghan, o amor funciona de maneira diferente para cada pessoa. Não tem como a gente descrever isso. Você só vai sentir, caso seja amor mesmo... Deixa as coisas fluírem.
— Ah...
Jeonghan assentiu. Não havia sido de grande ajuda. Seus sentimentos ainda pareciam confusos em seu peito.
— E de quem você gosta?!
Soonyoung pareceu animado ao perguntar isso, e Jeonghan nem teve tempo de responder quando viram uma multidão se formar como uma roda dentro da quadra. Jeonghan olhou confuso, e Jihoon disse rapidamente:
— Alguém está brigando.
— Eu não quero assistir isso.
Soonyoung e Jihoon assentiram. Já haviam entendido como Jeonghan odiava discussões, e sempre ficava mal mesmo quando ouvia alguém discutir verbalmente no refeitório. Os três começaram a andar para entrar no prédio novamente, mas Jeonghan parou ao reconhecer a voz de Seungcheol vindo do meio da roda, falando em um tom alto:
— Repete o que tu disse, seu filho da puta!
Soonyoung e Jihoon perceberam que Jeonghan havia parado quando estavam alguns passos á frente, ambos se virando e os olhando confusos. Jeonghan sinalizou para que os dois não dissessem nada para que pudesse ouvir sobre o que ele discutia.
— Calma ai, Choi. - Reconheceu a voz de Taehan, e sentiu como se, por um momento, não conseguisse respirar. - Se você queria reivindicar ele como seu, era só me avisar! Não quero o que é teu não. - Seu tom era irônico, isso irritou Jeonghan.
— "Reivindicar ele como meu"? Porra, não fode, Hwang. Não fala dele como se ele fosse um objeto.
— É o Seungcheol? - Soonyoung perguntou, baixo, e Jeonghan assentiu quieto.
— Relaxa, mano. Já disse que se ele é teu, eu fico na minha.
— Não é ele "ser meu" ou não, Hwang. Ele não é de ninguém não.
— Ahh... Mas eu adoraria fazer dele meu, então.
Jeonghan ouviu algumas pessoas falarem para Seungcheol soltar Taehan, e se perguntou o que aconteceu, ao mesmo tempo que não queria se aproximar para ouvir.
Não queria ver.
Odiava discussões.
Odiava brigas.
Não queria que Seungcheol estivesse ali.
Seu corpo começou a tremer e Jihoon e Soonyoung, mais uma vez, o disseram que deviam voltar para dentro do prédio, mas Jeonghan permaneceu imóvel.
— Filho da puta! Eu juro para você, eu te mato, eu acabo com a sua vida se você repetir isso na frente dele algum dia. Eu acabo com você se você ousar pensar em tocar nele.
— Pode ter certeza que eu já pensei muito. - Novamente, disseram para que Seungcheol o soltasse, mas dessa vez pareceu mais sério pois algumas pessoas entraram na roda. - Esses com carinha de bebê e jeitinho de criança assustada são os piores, Choi.
Os três ali arregalaram os olhos, olhando em direção á briga.
— Você é doente! Você acabou de chamar ele de "gostosinho" e agora tá comparando ele com uma criança! Como você fala isso e acha normal?! Nem maior de idade ele é para se tornar, no mínimo, aceitável você falar algo assim!
— Cheol, não vale a pena. Deixa esse ai. - Jeonghan não reconheceu a voz dessa vez, mas pelo apelido, supôs que fosse um dos amigos de Seungcheol.
— Isso, Choi. Vai atrás do Yoon para ver se ele abre as pernas para você, porque você claramente quer comer ele.
Essa frase pareceu ser o estopim, porque ficou claro - até para os três que não conseguiam ver a briga - como Seungcheol socou Taehan.
Jihoon e Soonyoung pareciam finalmente entender de quem os dois falavam, e por que Jeonghan parecia paralisado desde o início da discussão, os dois olhando para Jeonghan com pesar e irritação - não com Jeonghan, mas com o Hwang.
Jeonghan não disse nada, mas parecia à beira das lágrimas, seus lábios tremendo sem parar. Soonyoung e Jihoon começaram a puxá-lo quando viram três seguranças entrarem ali para apartarem a briga, imaginando que não seria bom a Jeonghan continuar assistindo aquilo.
— Eu sinto muito. - Soonyoung disse.
— Vamos entrar, Jeonghan.
O Yoon assentiu, deixando os dois mais novos o puxarem. Quando olhou para trás por cima do ombro, viu como Seungcheol seguia um segurança sem resistência alguma, enquanto Taehan resistia, se debatendo enquanto dois funcionários o seguravam, pontos em seu rosto sangrando, roxos enquanto o Hwang gritava xingamentos e ameaças para Seungcheol.
