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TW: briga, transtorno de personalidade borderline.

Soonyoung estava sozinho quando Jeonghan chegou á mesa, e de certa forma, ele parecia triste

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Soonyoung estava sozinho quando Jeonghan chegou á mesa, e de certa forma, ele parecia triste.

Ainda assim, ele sorriu quando viu o mais velho.

— Bom dia, Jeonghan.

— Bom dia, Soonyoung!

— O Ji não vem agora... Na verdade, eu não sei se ele vai encontrar a gente em algum momento do dia.

Jeonghan o olhou confuso, e ele desmontava o pão que seria seu café da manhã, tirando pedacinhos como um passarinho comendo.

— Por quê?

— Ele teve uma noite difícil...

Jeonghan continuou o olhando, como se esperasse uma explicação melhor, e Soonyoung ficou em silêncio por um tempo.

— O Jihoon me contou o que você tem.

Jeonghan assentiu.

— Eu já esperava.

— Hm... Eu estou assumindo que você então saiba o que eu tenho? Mas não o que ele tem?

Dessa vez, Jeonghan demorou mais para responder. Não sabia se Jihoon queria que Soonyoung soubesse que ele o contou, então esperou até que Soonyoung continuasse a frase sozinho.

— Você sabe o que é Transtorno de Personalidade Borderline? - Jeonghan negou rapidamente. - É um transtorno em que a pessoa sofre por um padrão de instabilidade no humor, auto-imagem, comportamento, tudo mais...

— Tipo bipolaridade?

Soonyoung o olhou por alguns segundos, e então deu de ombros.

— Pode ser. A pessoa que tem borderline acaba passando por episódios intensos de depressão, ou raiva, ou ansiedade, ou qualquer outra coisa. Normalmente duram só algumas horas ou dias, mas afeta muito a auto-imagem, e também a pessoa fica mais propensa a ter, não sei, vícios e coisas assim.

— É o que o Jihoon tem?

— Sim. De madrugada ele teve um episódio de raiva e agora está em um quarto separado porque tem medo de acabar machucando alguém.

— Já aconteceu antes? De ele machucar alguém...

Soonyoung demorou para responder dessa vez, mas assentiu.

— Quer dizer... Não foi tanto culpa dele quanto parece ser. O resumo de uma história longa é que ele recebeu o diagnóstico depois de um episódio depressivo bem ruim, e ele tentou contar para o namorado dele da época e o menino achava que esse tipo de coisa era besteira, e disse que o Ji estava louco e coisa assim. Os dois passaram dias discutindo até que o Ji entrou num episódio de raiva, e eles tiveram uma grande briga em que os dois foram parar no Hospital.

O Soonyoung falava baixinho, como se tivesse medo de outro alguém ouvir, e precisou respirar fundo algumas vezes antes de finalmente começar a comer seu café da manhã, quando Jeonghan já estava quase no fim do seu.

— Eles fizeram um acordo verbal para terminarem sem contarem sobre a briga para ninguém. O menino era um trainee de k-pop, e tinha medo de isso ir ao ar algum dia e arruinar a carreira dele que nem tinha começado. Um dia ele surtou, se machucou bastante de propósito e foi até a polícia falar que quem fez aquilo foi o Jihoon durante uma crise. Depois ele contou sobre a discussão e sobre o diagnóstico distorcendo tudo e falando que o diagnóstico era pior do que realmente era, e a polícia mal ouviu o lado do Ji antes de mandar ele para cá.

Jeonghan arregalou os olhos e olhou para Soonyoung, surpreso.

Jihoon estava ali injustamente.

Jeonghan achava horrível estar ali realmente tendo feito algo, e não podia imaginar como Jihoon se sentiu em, do dia para a noite, ser julgado como insano quando não era bem assim.

— Ele diz que acabaria aqui mais cedo ou mais tarde, mas eu acho que se ele continuasse com o tratamento comum que fazia lá fora, ele conseguiria viver tranquilamente. Quer dizer, os episódios dele não são tão horríveis quanto costumam ser para quem é Borderline. Ele se isola quando começa a identificar um episódio de raiva porque não quer correr o risco.

— Ele já te machucou em algum episódio desses?

— Não! Não, o máximo que ele já fez foi gritar, mas nada realmente sério, pelo menos que eu saiba. Eu estou aqui a quase oito meses, e ele está a quase um ano.

— Eu sinto muito... Pela situação com ele, e pela sua também. - Soonyoung pareceu levar alguns segundos para entender, mas sorriu minimamente quando entendeu. Ainda assim, Jeonghan reparou como suas mãos começaram a tremer um pouco mais enquanto segurava o sanduíche que era seu café da manhã.

— Eu também sinto muito sobre você.

Jeonghan assentiu. Já havia acabado seu café da manhã, mas esperaria o amigo pelo tempo que precisasse. Após alguns minutos de silêncio, finalmente voltou a falar:

— Soonyoung?

— Sim?

— Que boatos foram espalhadas sobre o Seungcheol quando ele chegou? - Soonyoung o olhou confuso, e pareceu entender depois de alguns segundos.

— Ah! Olha, eu cheguei alguns meses depois dele, então o que eu vou te dizer eu ouvi do Ji. - Jeonghan assentiu. - Quando ele chegou, começaram a dizer que ele matou duas pessoas. - O outro arregalou os olhos, olhando para Soonyoung como se esperasse ele dizer que estava apenas brincando. - Aparentemente, ele nunca se esforçou para dizer que não é verdade, então a maioria das pessoas só assumiu que foi isso mesmo.

— É sério? - O outro assentiu. - Você... O que você acha disso?

— Eu não acho nada. - Deu de ombros. - Não é comigo, eu nem estava aqui quando isso começou. Eu só acho difícil julgar a atitude de qualquer pessoa aqui sem saber o que aconteceu. - Arrancou um pedacinho do pão, colocando em sua boca. - E outra, se ele só tivesse matado duas pessoas e foi isso, ele não estaria aqui, ele estaria em uma prisão convencional.

— Você está certo.

Jeonghan não deixou de pensar em si mesmo, em como, mesmo ainda sendo menor de idade, estaria em uma prisão por assassinato se não fosse pela sua psicose.

Talvez Seungcheol tenha alucinações, assim como o próprio.

Talvez também tenha sido auto defesa.

Talvez ele não tenha matado ninguém, e no fim tudo não passou de boatos.

Para si, era difícil acreditar que o homem que o acalmou a algumas noites atrás, e o fez se sentir seguro novamente, era um assassino.

Não era, sabia que não.

Mas as aparências enganam.

Talvez fosse verdade.

Talvez Seungcheol tenha acabado com a vida de duas pessoas e não se arrependa.

Talvez divida quarto com um assassino.

Talvez esteja correndo perigo.

Talvez...

— Não pensa nisso. Ele é o seu colega de quarto, talvez com o tempo ele se abra com você e te conte o que realmente aconteceu!

Jeonghan levantou o olhar. Soonyoung o olhava com um sorriso otimista, e então, se levantou, pronto para deixar sua bandeja já - quase - vazia onde deveria colocar. Jeonghan também se levantou, segurando a própria bandeja.

— Eu vou ir ver como o Ji está, você vem comigo?

— Pode ser...

— Ótimo, então!

Quarto A14; JeongcheolOnde histórias criam vida. Descubra agora