001

618 73 45
                                    

TW: Assassinato, sangue, alucinação.

— Então você assume que assassinou Yoon Junseo, seu pai?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Então você assume que assassinou Yoon Junseo, seu pai?

— Ele ia matar o Chan.

Jeonghan respondeu novamente, quase como um robô, e o policial começou a ficar frustrado.

Tentava ter paciência e compreensão porque Jeonghan, em seus olhos, era uma criança, mesmo já estando em seus dezessete anos, e nenhuma criança deveria presenciar o que Jeonghan presenciou, ou fazer o que Jeonghan fez. Ainda assim, Jeonghan só repetia a mesma frase:

"Ele ia matar o Chan."

Parecia estar em um transe. Seus olhos eram vazios, sua roupa ainda estava manchada de sangue, sua mão algemada á mesa da sala de interrogatório tinha um corte contido por um curativo mal feito e Jeonghan não demonstrava nada.

Não demonstrava tristeza. Nem remorso. Nem dor. Nem medo. Nem raiva. Nada.

— Jeonghan, eu prometo que vou fazer de tudo para te ajudar, mas eu preciso que você confesse. As provas todas apontam para você, Jeonghan, mas eu preciso que você me diga se matou ou não.

Dessa vez, portanto, Jeonghan não respondeu, e então, começou a olhar para trás do policial, e seu olhar caiu em pânico, sendo a primeira vez em três horas desde que chegou à delegacia que Jeonghan demonstrava algo. Até o próprio policial olhou para trás para entender o que apavorava o adolescente.

Quando Jeonghan olhou para o policial novamente, ele não estava mais lá.

E a mesa também não estava mais ali.

Nem a cadeira em que antes sentava.

Nem as paredes da delegacia.

Tudo era uma grande escuridão. Não tinha mais nada ali.

Jeonghan começou a andar, procurando uma saída dentro daquela escuridão toda, portanto, não achou nada. Não achou nada até que sentiu alguém atrás de si, então se virou rapidamente.

Lee Chan.

Jeonghan sentiu como se fosse começar a chorar ao ver o irmão parado, e tentou correr até ele, apenas para ser puxado para trás. Tentou novamente, e dessa vez seus pulsos começaram a sangrar. Olhou para o chão, e então, duas algemas prendiam ambas as suas mãos ao chão.

O Yoon caiu de joelhos, desesperado enquanto começava a tentar abrir as algemas. O sangue pingando ao chão se assemelhava a água escorrendo de uma mangueira, e Jeonghan parou porque Chan sempre teve pânico de sangue.

Chan sempre teve pânico de sangue, e mesmo assim, foi obrigado a ver o irmão matar o pai a sua frente.

— Jeonghan.

Jeonghan olhou para cima. Seu irmão ainda estava parado no mesmo lugar, e o mais velho não conseguia decifrar a expressão de Chan.

— Me perdoa. - Jeonghan disse. - Me perdoa. Me perdoa. Me perdoa.

— Você é um pecador. - Essas palavras saindo da boca de Chan fizeram as algemas de ambas as suas mãos se apertarem mais em torno de seus pulsos já machucados. Ainda assim, aquilo doeu menos do que seu coração ao ouvir o próprio irmão, a pessoa que mais amava no mundo todo, o chamar de pecador.

— Eu sei. Eu sei, Chan-ah. Eu sei. Me perdoa. Me perdoa. - Dessa vez não era mais um pedido, e sim uma suplícia, como se implorasse para o irmão perdoar seus pecados.

— Você é um assassino. Você matou ele.

— Ele ia te matar. Chan, ele ia te matar.

— Que deixasse ele me matar, então. - Chan se aproximou, e Jeonghan quis se levantar, mas sentiu como se não controlasse mais as suas pernas. Ao invés disso, caiu de joelhos no chão frio. Conseguia sentir seu próprio sangue lavando seus joelhos, e sentiu nojo de si mesmo. - Você acha que eu prefiro viver sabendo que meu pai está morto, e meu irmão é um assassino?! Você acha que eu prefiro viver assim, Jeonghan?!

Jeonghan ficou em silêncio.

— Você não é diferente dele! Você é um assassino!

— Por que você está falando assim? - Jeonghan chorava, e Chan pareceu irritado enquanto gritava:

— Eu nunca vou te perdoar, Jeonghan! Você é nojento! Pecador! Assassino!

— Eu não queria! Chan, eu não queria! Você ia morrer!

— É claro que você queria! Você planejou isso tudo! Você é louco!

— Eu não planejei! Eu não queria! Me perdoa, Chan. Me perdoa!

— Não tem perdão para o que você fez, Jeonghan! Você é um monstro!

Jeonghan negou com a cabeça, fechando os olhos com força. Então, cobriu ambos os ouvidos com as mãos, arranhando as próprias orelhas ao que ouvia os gritos do irmão aumentarem.

Pecador.

Assassino.

Monstro.

Não é nada disso. Isso não é verdade. Não queria. Não planejou. Nunca faria isso. Não foi sua culpa.

Não queria.

Não queria.

Não queria.

Não...

— Jeonghan!

E Jeonghan estava de volta na delegacia, o policial passando a mão em frente de seu rosto.

Sem perceber, chorava silenciosamente.

Insano.

Estava enlouquecendo.

Precisava de ajuda.

Eu matei ele.

Quarto A14; JeongcheolOnde histórias criam vida. Descubra agora