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TW: Transtorno alimentar.

TW:  Transtorno alimentar

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30/08/2023

Soonyoung não se sentia bem. Não se sentia nem um pouco bem naquele lugar.

Mas também não se sentia melhor em casa.

Muito menos na academia de ballet.

Não conseguia se sentir bem em lugar algum. Não tinha sua liberdade. Nunca teve. E agora, menos ainda.

Mal havia chegado ao Hospital e já se sentia como se estivesse passando mal.

Havia encontrado seu colega de quarto apenas uma vez.

Lee Jihoon. Ele estava no quarto quando chegou e se esforçou para parecer simpático a Soonyoung, mas após mostrar a Soonyoung onde o refeitório ficava e dizer que deveria ir no horário de almoço, saiu.

Bem, Soonyoung tentou não ir, isso até uma enfermeira ir atrás de si e ficar consigo até que terminasse de comer, o que custou muitas lágrimas, e no fim, correu para o banheiro, vomitando toda aquela comida que tinha certeza que não o faria bem, que era calórica demais.

E piorou após se ver em um reflexo qualquer.

Por que não conseguia se achar bonito?

Era magro demais. Não era atraente. Ninguém nunca gostaria de si. Mas também não poderia engordar. Não poderia comer demais. Ficaria acima do peso e nojento. Era um desgosto.

Sua mãe não estava mais ali, mas estaria na sua mente para sempre.

O torturando.

Estava se matando.

Sabia disso. Estava se matando.

Mas o que tinha a matar? Quem era ele?

Uma parte de si morreu quando ouviu de sua professora que não ficava bonito de collant branco, que parecia gordo. Outra parte morria todo dia quando precisava subir em cima da balança. Outra parte morria cada vez que via as pessoas comendo algo, mas não podia comer também.

Outra parte morreu a cada piadinha que ouvia sobre não poder sair durante a chuva porque, pelo jeito que era magro, o vento o levaria. Outra morria cada vez que ouviu que podiam ver seus ossos. Outra parte ainda maior morria cada vez que perguntavam, enquanto riam, se não tinha comida em casa.

Ainda estava vivo? Por que estava ali? Por que só não deixaram-o morrer de vez dentro daquela sala de prática?

Que diferença faria, se sua performance não era boa, e se sua mãe não gostava de si?

Alguém sentiria falta?

Por que estava ali?

Por que o mandaram para lá?

Por quanto tempo precisaria ficar preso?

Por um momento pôde pensar que talvez, mas apenas talvez, agora que sua mãe havia sido presa, e estava em um local completamente novo em que era um desconhecido, poderia ser livre. Poderia viver como uma pessoa normal. Mas ali, ajoelhado no chão frio do banheiro, com dois dedos na garganta e lágrimas que corriam sem parar pelas suas bochechas, percebeu que não, nunca estaria livre, que estava se matando novamente.

Quarto A14; JeongcheolOnde histórias criam vida. Descubra agora