- A quanto tempo você tem essas alucinações? - A terapeuta perguntou.
Jeonghan olhava sem parar para o relógio da sala desde que entrou ali.
Marcava dez e trinta e cinco da manhã, mas o que o incomodava não era o horário, e sim o ponteiro de segund...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Seungcheol não queria acordar Jeonghan, mas sabia como o mais novo ficaria chateado e ressentido caso fosse embora sem se despedir.
Então, suspirou com tristeza, sentando-se na cama do mais novo.
Jeonghan havia chorando tanto nos últimos dias que tinha a sua voz rouca.
Já haviam se passado quatro meses desde que Soonyoung havia deixado o Hospital, e o Yoon sabia que as coisas estavam indo bem. Jihoon voltou para o segundo ano do Ensino Médio, e recentemente havia vendido uma música sua para um grupo prestes a debutar.
Soonyoung havia se dado muito bem com os avós de Jihoon, e no último mês havia começado a trabalhar na recepção de um Hotel, enquanto não decidia a carreira que planejava seguir.
Tudo estava, finalmente, funcionando a favor de ambos, e Jeonghan se sentia feliz pelos dois.
Mas mesmo feliz, Jeonghan não deixava de sentir-se triste, sozinho e com saudades.
E Seungcheol tentou o seu melhor para ajudá-lo a se sentir bem.
O problema é que esses quatro meses não fizeram Jeonghan se sentir pronto para se despedir de Seungcheol também, e ficar ali sozinho de vez, e Jeonghan não conseguia não cair em pânico e ansiedade toda vez que pensava que, algum dia, Seungcheol também iria embora, e por sabe-se lá quanto tempo, precisaria se contentar em ver o Choi apenas uma vez por mês.
Bem, esse dia chegou.
Jeonghan teve uma crise na noite passada, ansioso pelo dia de hoje, e só conseguiu se acalmar após ser medicado pela enfermeira.
Ainda era de manhã, Seungcheol precisaria ir em poucos minutos e Jeonghan precisava tomar café da manhã para que tivesse seus remédios.
Então mesmo contra a sua vontade, Seungcheol colocou a mão no braço de Jeonghan, balançando-o levemente.
— Bebê... Han... Vamos, eu preciso ir.
Ainda levaram mais alguns segundos até que Jeonghan abrisse os olhos, e Seungcheol sorriu com a visão, ainda que algo em seu peito doesse em saber que demoraria até poder voltar a ver o Yoon todo dia ao acordar.
Porque têm tentado ser forte por Jeonghan, mas já havia chorado em silêncio algumas vezes.
E sentiria falta de Jeonghan tanto quanto o Yoon sentiria de si.
Jeonghan estava acostumado ao sentimento de não ter ninguém consigo, e precisar ser forte por Chan, então agora que tinha amigos e um namorado, e podia demonstrar o que sentia sem sentir-se culpado, não sabia lidar com a despedida.
Já Seungcheol, de certo modo, sentia medo, pois a última vez que amou alguém tanto quanto amava Jeonghan, teve sua confiança brutalmente quebrada, e acabou naquele lugar, lidando todo dia com a culpa de ter tirado a vida de alguém, mesmo que agora entendesse que não foi culpa sua.
E aquilo não era fácil para nenhum dos dois. Era angustiante para Jeonghan saber que não teria mais ninguém ali, e desesperador para Seungcheol todos os sentimentos que sentia.
— Jeonghan-ah, se você voltar a dormir, você não vai lembrar de nada quando acordar, e você precisa tomar remédio...
— Você já vai...? - Perguntou, confuso enquanto se sentava na cama.
Se sentia sonolento, e sua boca tinha o gosto amargo do remédio que precisou tomar na madrugada. Talvez não fosse lembrar de ter se despedido de Seungcheol, mas o mais velho esperava que lembrasse.
— Vou, Han...
Ambos ficaram em silêncio por algum tempo enquanto Jeonghan parecia acordar, e quando as palavras finalmente fizeram sentido em sua cabeça, seus olhos lacrimejaram, falando com a voz rouca e chorosa:
— Hyung... Já... Estão te esperando...?
Quando Seungcheol assentiu, Jeonghan não respondeu, mas abraçou o mais velho com força, enterrando sua cabeça no pescoço do Choi.
E finalmente foi o limite para Seungcheol quando sentiu seu pescoço molhado pelas lágrimas do outro, Seungcheol também caindo em lágrimas enquanto o abraçava.
Estava feliz por estar saindo.
Estava feliz por, agora, ter a chance de cumprir a promessa que fez a um ano para Minghao, de que recomeçaria a sua vida quando saísse do Hospital.
Estava feliz por isso.
Mas não estava feliz em saber que agora Jeonghan estaria sozinho.
Muitas pessoas lá dentro não eram boas, e mesmo que observando de longe, tentava estar perto o suficiente de Jeonghan para caso algo acontecesse. Agora não poderia mais, e isso o preocupava demais.
E para si era, de certo modo, sem sentido, pois sabia que Jeonghan sabia como ninguém como se defender sozinho. Mas também sabia o quanto ele se deixava de lado, e era disso que tinha medo.
Então embora tenha tentado não demonstrar tanto, doeu para si ter que se afastar de Jeonghan para que pudesse ir embora.
E doeu em Jeonghan, dessa vez, não ter alguém para o abraçar e dizer que estava tudo bem enquanto via mais alguém deixar aquele Hospital.
Doeu bastante a preocupação de já não ter Seungcheol em seu lado todo dia.
Sabia que o amigo de Seungcheol, Joshua, havia descoberto que Seungcheol estava no Hospital, e havia se disponibilizado para ir buscá-lo quando saísse, para que pudessem conversar e recomeçar aquela amizade.
Sabia que Seungcheol voltaria para o apartamento de antes, e estudaria para o exame nacional para que, com sorte, passasse na prova e entrasse na faculdade de pedagogia.
Sabia que Seungcheol estaria bem, porque ele é Choi Seungcheol, e conseguiria passar por qualquer coisa lá fora.
E sabia que precisava melhorar. Que precisava reencontrar Chan, Seungcheol, Jihoon e Soonyoung quando já não estivesse tão mal.
Mas ainda assim, doía saber que por um tempo indeterminado, estaria sozinho ali dentro.
Doeu bastante, mas sabia que era necessário, que não controlava aqui, e que estava orgulhoso pelos amigos e pelo namorado.
