- O QUÊ? - Gritam quase todos da turma chocados , inclusive eu.
- É claro que era mentira. Teria parecido óbvio, se tivesse pensado bem. - Diz uma garota morena com o cabelo preso.
Me senti muito burra em não ter percebido isso. Devia ter pensado mais. Mas, agora que isso não é um problema real, o Midoriya irá continuar estudando com a gente.
- Com isso, ficamos por aqui. Há uns folhetos com as disciplinas na sala de aula. Quando voltarem, deem uma olhada. Midoriya, peça para a senhora atender você na enfermaria. Amanhã vocês vão fazer treinos ainda mais rigorosos. Prepare-se. - Entrega uma folha para Midoriya.
- Professor, antes de ir, quero me desculpar por ter lhe desrespeitado, eu não devia ter intrometido sua aula daquela maneira. - Me curvo levemente. - Não farei isso de novo.
- Você estava fazendo o que achava justo. Continue com esse senso de justiça, é essencial para se tornar um heroína. - Diz e sai.
- Sim! Obrigada. - Volto minha atenção para o casal. - Vamos estudar juntos para valer agora! Que legal! - Abraço eles.
- Ai ai ai, meu dedo. - Exclama Midoriya.
- Me desculpem. Quando fico muito feliz eu acabo externando isso. - Falo envergonhada, os soltando.
- Tudo bem. Também gostei que vamos estudar juntos. - Sorri cabelos castanhos.
- Eu também. - Diz Midoriya.
- Então, Midoriya, acho melhor você ir logo curar seu dedo antes que piore. Depois nos encontramos. - Falo.
- Sim, irei agora. Obrigado pela preocupação.
Após esse treinamento, sub9 até a sala de aula junto com cabelos castanhos para pegarmos o folheto e nossa bolsa. Ela diz que vai ficar um pouco para ver algumas coisas e que depois nos encontramos, então eu decido descer logo. Enquanto estou andando, percebo o quanto a U.A. é bem organizada. A sala de aula é limpa e bem equipada, há placas para direcionar aos lugares da escola, espaços ao ar livre para as atividades, áreas verdes ao redor. Faz jus ao nome.
- Ai! - Sinto uma dor repentina na minha bunda. Quando percebo, tinha caído no chão.
- Olha por onde anda.
- Mas foi você quem esbarrou em mim.
Assim que olho para cima, vejo que é um garoto da minha turma. Nos testes não tinha reparado muito nele, estava focada demais em mim. Mas depois, eu observei seus olhos. Os olhos de uma pessoa são as portas da alma. São por eles que transmitimos nossas emoções e sentimentos e, só de observá-los, as pessoas conseguem nos identificar. E aqueles olhos transmitem uma coisa que eu conheço muito bem. É um olhar de alguém que está na escuridão do passado, que luta contra batalhas que não deveria lutar, que está sozinho desesperadamente procurando acalmar as tempestades dos seus traumas. O olhar de uma criança que teve que amadurecer muito cedo carregando o peso de aguentar a dor, acompanhada somente pela solidão. O olhar de uma criança ferida pelas pessoas que mais deveriam a amar. O meu olhar.
Não sei o motivo de eu ter essa capacidade de ler os olhares de algumas pessoas. Acho que isso acontece porque, quando eu era pequena, precisava adivinhar o que minha mãe esperava de mim e como ela estava se sentindo naquele dia, para não desapontá-la ou irritá-la. E a única maneira que eu encontrava era observando seus olhos. Acho que acontece isso até hoje.
Depois que eu vi o peso que tinha no olhar daquele garoto, surge em mim uma necessidade de ajudá-lo. Se fosse eu, eu gostaria de receber ajuda de alguém que pudesse me entender e estivesse disposto. Afinal, não nascemos no mundo para ficarmos sozinhos. Assim como eu, ele merece alguém para mostrar o que há do outro lado da escuridão, embora eu nunca tenha visto. Além disso, se for para ter alguém sofrendo, eu quero que seja uma única pessoa só, e que seja eu. Sei como é se corroer por causa de algo, e não quero que ninguém passe por isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Sanador
Hayran KurguSaito Aime no mundo de Boku no Hero Academia Créditos: Konei Horikoshi