Aos poucos Taehyung sentia o controle de seu corpo retornar ao longo da viagem.
Bem aos poucos, eram apenas movimentos curtos até então, mas não estava se esforçando para que acontecesse, manteve-se recostado no banco macio em meio ao silêncio exterior que contrastava com o tsunami que seus pensamentos efusivos eram dentro de sua cabeça.
Ninguém havia dito nada sobre suas atitudes ruins, como ele esperava que acontecesse.
Nem Niara, quando estavam no laboratório, nem nenhum deles desde que Taehyung entrou no carro.
Agiam com naturalidade e era esquisito para caramba, pois merecia uma repreensão. Talvez mais do que isso.
Seu olhar recaiu sobre Jeongguk por um momento e engoliu o nó que se formava em sua garganta.
Queria gritar que era louco de passear sorridente ao lado de um monstro, sem escrúpulos ou controle.
Queria abrir a porta do carro que corria em alta velocidade, mesmo que isso não fosse tirar sua vida.
A sensação de que deveria ser punido não o abandonava.
Mas Taehyung se sentia hipócrita. Pois queria poder manter a paralisia em seus membros para sempre, só para garantir que poderia continuar ao lado de Jeongguk, vê-lo cantarolar distraído uma música qualquer enquanto dirigia concentrado.
Só queria que o momento de tranquilidade perdurasse pela eternidade.
O problema era justamente esse: queria eternizar o que existia para ser efêmero e breve.
A felicidade não cabia em sua vida.
Talvez fosse por ser quem era, e talvez merecesse aquilo, mas a felicidade sempre se apresentava como um castigo para ele.
Sorridente e sedutora, o convidava a aproveitar o prazer de sua companhia, parecia lhe prometer esperanças de dias melhores e era assim que facilmente o ludibriava a ter fé.
E então, tão rápido quanto veio, ela ia, deixando para trás o sabor doce da esperança morta amargando em sua língua. O sabor do que poderia provar, mas nunca possuir de verdade.
Taehyung não sentia-se no direito de ficar bravo, afinal, não merecia nada de bom.
— Tem certeza? — Questionou Jeongguk, falando com o rádio. Secou o suor das temporadas com as mãos, mas optou por não abrir as janelas, já que algumas entradas eram tão cheias de terra que não parecia uma boa ideia.
O ar condicionado do veículo não parecia ser dos melhores.
Jimin chegou a lhe dar algumas instruções de coordenadas após garantir que o local que adentrava estava abandonado.
Era uma antiga vila, atualmente inabitada, pelo que pôde ouvir e era onde Jeongguk descansaria um pouco.
Ele passara a noite acordado, trabalhando, para ter o dia de folga e assim, evitaria desconfiança imediata com o seu sumiço.
Já era uma hora da tarde e, desde que partiram por volta das cinco da manhã, deveriam estar muito mais próximos do destino, mas decidiram evitar a grande concentração de forças armadas ao oeste e decidiram fazer um caminho mais longo, indo pelo leste das terras de Byeol.
Esse local tinha terrenos menos populosos devido uma onda de ataques que ocorreram há alguns anos através do mar que molha a costa leste.
— Vou descansar até às quinze horas. Peço que se mantenha atento, Taehyung, e caso alguém apareça, você não tem permissão para agir, só para me acordar.
Ditou Jeongguk antes de sair do carro para passar para o banco de trás, por ser mais espaçoso.
Taehyung assistiu pelo retrovisor quando ele se acomodou no banco. Sua pose não parecia confortável, mas o Kim sabia que haviam altas chances de o militar estar acostumado a dormir em qualquer lugar.
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Projeto V - Taekook
Roman d'amourO general Jeon estava habituado a servir, cuidar e proteger. Sua fidelidade era ao seu reino, confiava em seus líderes e amava o povo ao qual defendia nestes árduos tempos de guerra. Ou talvez... Talvez só estivesse tão acostumado a fazê-lo que segu...