O amargor tomava seu paladar e ela tentou dizer alguma coisa, mas as palavras arranharam sua garganta seca sem tomarem forma realmente.
Os membros de seu corpo pareciam pesados e lentos, como quando passava tempo demais submersa no lago, brincando com os amigos quando criança.
Mas diferentemente daquela época não havia o conforto de deitar-se nos braços de sua mãe em meio ao cansaço.
Não havia vestígio algum de segurança e em meio à onda de temor que a cercava, Niara conseguiu lembrar-se apenas de uma pessoa.
ㅡ Seokjin!
Seu intento de gritar falhou gravemente quando tudo o que emitiu foi um sussurro falho.
Conseguiu levantar as pálpebras pesadas e fazer seus olhos se focarem no que tinham à frente.
Tudo o que via era branco.
A predominância da cor atingiu seus olhos com desconforto.
Sentou-se sobre a superfície macia, a dor aguda se arrastava pela região de suas clavículas.
De uma forma que ela jamais jamais recomendaria a ninguém, segurou o acesso entre os dedos e arrancou a agulha de seu braço, puxando o ar entre os dentes pela dor que causou em si mesma pela brusquidão.
Pôs-se sobre os pés descalços testando a força dos músculos trêmulos.
Puxou a cortina pálida que cercava seu leito.
Haviam outras cortinas como divisórias e ela sabia que muitos outros poderiam estar feridos, mas a pessoa que procurava não estaria ali.
Correu como pôde em direção à saída assim que a localizou.
Não conhecia aquele lugar e seguiu o corredor longo.
A mente zonza só era capaz de dar o comando a suas pernas de que deveriam se mover.
Até o momento em que estas não aguentaram mais. A fraqueza interrompeu seu caminho sem destino claro e seus joelhos cansados apenas não foram impactados pelo chão pelo amparo que recebeu pelo braço firme que cercava seu tronco.
Foi puxada com gentileza até erguer-se o suficiente para recostar o rosto na superfície confortável do peito de Seokjin.
Estava alucinando?
A sensação de segurança por fim permitiu que a doutora relaxasse seu corpo.
ㅡ Está maluca? ㅡ O sussurro rente aos seus cabelos bagunçados soou mais ameno do que as palavras usadas. Jin a abraçava com cuidado devido aos ferimentos, ignorando a confusão que sentira ao estar a caminho da ala médica do palácio para visitar a doutora desacordada e se deparar com esta correndo como uma doida.
Foi avisado de que com os remédios injetados não devia acordar antes de amanhã de manhã e o médico responsável não podia estar mais enganado.
ㅡ Você se machucou? ㅡ Ela questionou afastando-se de seu corpo, mas o enlace de seu braço seguia evitando uma queda. Ele tinha alguns arranhões no rosto e um curativo próximo ao lábio inferior, mas no geral, parecia bem.
ㅡ Nada grave. ㅡ Jin abaixou o suficiente para que um de seus braços alcançasse a parte traseira dos joelhos dela, até erguer a doutora em seu colo. ㅡ Você salvou minha vida. Eu preciso agradecer.
Ela assentiu em silêncio, encarando o príncipe por aquele ângulo engraçado.
Seu perfume amadeirado parecia um calmante para sua mente agitada.
ㅡ Eu poderia ter morrido pela perda de sangue se não fosse por você, então também te agradeço.
ㅡ Isso, por acaso, é uma competição? ㅡ Arqueou a sobrancelha ao adentrar a divisória de seu leito para colocá-la na cama.
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Projeto V - Taekook
RomansaO general Jeon estava habituado a servir, cuidar e proteger. Sua fidelidade era ao seu reino, confiava em seus líderes e amava o povo ao qual defendia nestes árduos tempos de guerra. Ou talvez... Talvez só estivesse tão acostumado a fazê-lo que segu...