Capítulo 3

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Eu não tinha mais pelo que lutar

Aida

Mais uma madrugada havia chegado e eu me perguntava por que nossa senhora do Guadalupe havia me deixado na terra para sofrer e por que não me levava embora deste mundo, eu não entendia do porquê eu sofria tanto, estava olhando pela janela e absorvendo a Brisa fria da madrugada beijar minha pele, da mesma forma que a beleza da noite me encantava a tristeza que chegava com ela perturbava meu coração.

Por vezes eu lembrava de como era minha vida com meu pai e a minha mãe que na época eu poderia chamar de mãe, hoje em dia eu não reconhecia a mulher ao qual só servia para me aprontar para as "visitas" que eu recebia, eu sentia nojo de mim, me sentia suja e todo dia da minha vida eu clamava por ajuda, eu clamava mais ninguém me ouvia, meu corpo tinha marcas, marcas essas que eram feitas não só pelas "visitas" como pelas pessoas que eram para me proteger, eu tinha doze anos, doze malditos anos dos quais sete foram repletos de abusos, agressões, internações em hospitais e idas ao psicólogo da escola e era sempre a mesma rotina eu sentava na cadeira esperava um sermão do psicólogo e só então falava:

 " Sou uma garota problema, tenho problemas, o que fazer? Em breve estaria entregue as drogas não sei como não fui ainda" e lá se ia mais um sermão sobre estar em um seio familiar acolhedor por que era isso que a imagem que meu padrasto e minha mãe construíam fora das paredes desta maldita casa, eu era vista como uma menina que em pouco tempo estaria grávida e entregue as drogas, presa ou até mesmo morta, não sei como eu tinha alguns poucos amigos e os pais desses poucos me acolhiam em suas casas, é triste pensar que desde que nasci nunca tive ninguém com quem contar, alguém que eu pudesse me abrir verdadeiramente, nem mesmo minha melhor amiga sabe metade das coisas que passei e passo, quando não se tem mais um motivo para viver da onde se tira mais vontade? Eu me perguntava sempre se iria viver mais que 13 anos, mais que 10... 9... 8... anos e aqui estava eu com fome, triste e sozinha prestes a fazer 13 anos.

Andei pelo corredor da escola quase que atropelando quem estava em minha frente, pois eu estava em busca do bebedouro mais próximo e ignorando as risadas e cochichos dos outros alunos, assim que cheguei tomar o máximo de água que eu conseguia e qu...

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Andei pelo corredor da escola quase que atropelando quem estava em minha frente, pois eu estava em busca do bebedouro mais próximo e ignorando as risadas e cochichos dos outros alunos, assim que cheguei tomar o máximo de água que eu conseguia e quase morri com falta de ar, eu parei, absorvi um pouco do ar e voltei a beber água, eu estava faminta, com sede e não iria aguentar mais um minuto sem nada no meu estômago.

— Você passa fome, o Pirralha?-olhei de relance para o babaca do time de futebol que me infernizava a vida e o ignorei voltando a tomar água.

— Se está com fome, só pedir, não é mesmo? Falou olhando para os seus comparsas que estavam rindo da situação. — Tome isso aqui para matar sua fome. — Falou jogando uma barrinha de cereal nas minhas costas e eu juro, juro por todos os santos do céu o quanto eu quis socar a cara daquele babaca.

— Você não fala não, sua morta de fome?-falou me empurrando e como era um pouco fraca devidos as agressões e a fome acabaram que caí no chão e a minha mais pura vontade era de me desabar em lágrimas, porém não ia dar esse gostinho a esse imbecil.

O Chamado da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora