Capítulo 1

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Serei apenas eu

Aida

Perdida em meus pensamentos eu fingia prestar atenção em uma aula sem graça e sem o mínimo interesse, eu não sei por que eu vim hoje, na verdade eu sei, eu fugia de casa como o diabo foge da cruz minha breve vida nunca foi um mar de flores, eu vivia indo mais ao hospital e faltando as aulas do que tudo, a razão era tão obvia mais parecia que a cidade fechava os olhos pro que eu passava, eu vivia em uma casa num conjunto habitacional numa pequena cidade no México, essa cidade estava no topo dos destinos de inúmeros turistas todo ano, e com isso vira e mexe aparecia alguém em casa, eu morava com minha mãe se pode ser chamada assim e o meu padrasto, que miséria de vida eu levava, minha mãe uma viciada em drogas que gastava quase tudo que ganhava com a pensão que meu pai deixou nelas, meu padrasto era o meu cafetão e não era por que eu queria, eu era obrigada, vigiada a cada passo que eu dava eu ia pra escola pois o conselho de menores havia batido inúmeras vezes na nossa porta por conta das minhas faltas porem nunca fizeram nada para me tirar daquela imundice de casa.

Eu não tinha opções de fuga e nem para onde ir, porem o que eu podia fazer para permanecer o mais tempo fora de casa eu fazia, demorava na biblioteca depois da aula, pegava caminhos maiores pra chegar em casa, ficava na casa de uma das minhas amigas, pegava detenção por querer, era monitora em alguma disciplina, eu fazia tudo, só não queria voltar pra casa, eu pedia socorro mais ninguém ouvia e se ouvia eram cegos e surdos pra o que eu passava.

- Ei garota, está no mundo da lua?

- Eu queria era estar na lua. Eu falei desanimada olhando o prato de comida a minha frente.

- Problemas em casa de novo, Aida?

- E quando eu não tenho problemas? eu tentei falar em um tom divertido para maquiar o problema que eu passava.

Eu vivia triste e não tinha nenhuma perspectiva de vida, apenas de morte, aos 7 anos eu fui levada ao hospital por uma infecção intestinal, aos 8 eu fui para o hospital porque tinha febre constante, resultado¿ precisei de quase um mês pois contrair uma doença disse aos médicos que não sabia como mais meu padrasto inventou uma história e os médicos acreditaram.

Eram tantas idas que eu já conhecia toda a equipe médica, uma vez uma estagiária notou meus machucados, meus traumas e tentou me ajudar, o resultado foi que a moça havia sido demitida por justa causa, e foi ali que eu entendi que a pequena cidade que eu morava estava toda interligada com algo que fugia da minha compreensão infantil. Por vezes eu achei que minha mãe e meu padrasto faziam aquilo por que gostavam de mim e eu precisava retribuir tudo que compravam e me alimentavam, daquela maneira, com aqueles homens eu era inocente, eu tentava acreditar em algo mais com o passar do tempo eu fui vendo que eu não tinha saída e aceitando meu destino, em um mês eu faria 13 anos, quer dizer, se eu estivesse viva até lá o que eu não garantiria pois eu não tinha força de vontade.

- Vai ficar na biblioteca hoje?. Clarissa me perguntou com um tom meio triste em sua voz.

- O que aconteceu com você ?

- O Jack, ele parece que não vê que gosto dele, ele me faz como uma mera amiga ou até mesmo uma irmã. – Queria que meus únicos problemas fossem como o de Clarissa, garotos, roupas, e essas coisas.

- Você ao menos tentou falar com ele sobre ?

- A última vez que eu tentei ao menos tocar no assunto, ele desconversou como se não fosse nada, dá para acreditar?

- Homens, são animais que não percebem o bem que fazem em outra pessoa, pelo fato de a maldade terem os corrompidos por completo. - Clarissa me olhou com um olhar estranho por um tempo e só depois falou algo.

O Chamado da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora