Guto

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Hey lindezas, tudo bem? Aqui vamos nós com esse capítulo, que é uma parte importante no quebra-cabeças. Quero saber as teorias de vocês nos comentários, hein? Esse capítulo ficou maior, porque era bastante coisa pra incluir. Vocês gostam assim, ou mais curtos?


Sentimento é algo difícil de se explicar. Dizem que não existe o amor sem o ódio, talvez por isso a relação entre Luiza e Valentina fosse tão intensa. Ela nasceu mais próximo do ódio e foi crescendo em direção ao amor mais lindo que ambas já vivenciaram.

Essa experiência, no entanto, não fazia com que Valentina se sentisse experiente o suficiente para entender outras dinâmicas com as pessoas que a cercavam. Como saber que o ódio foi de fato embora para deixar o amor tomar conta? Ou então, como ter certeza de que o amor que ela tinha por alguém pudesse completamente evaporar em meio à sentimentos mais obscuros?

Ela havia passado boa parte de sua vida se questionando sobre isso em relação a diversas pessoas. A mais importante delas, sua própria mãe. Com ela as coisas nunca foram tão simples quanto o preto, ou o branco. Catarina era pintada por completo em tons de cinza o que fazia a filha se perder entre a admiração genuína e o ressentimento profundo.

No entanto, não era ela quem ocupava sua mente nesse momento, gerando tais reflexões. Era a segunda pessoa mais importante na lista de quem Valentina amava profundamente e também odiava com fervor: Gustavo Magalhães. Ela não imaginava que estaria se obrigando a lidar com esses sentimentos dessa forma, infelizmente. Mas fazia sentido, já que ele não tinha mais "amarras" ao exterior, depois da morte de seus pais, como Igor havia comentado.

A ironia da vida era que Igor não imaginava quão literais essas amarras foram na vida do rapaz. Claro que voltar pro Brasil seria sua primeira escolha depois da morte dessas amarras.

Ou será que era mesmo uma escolha tão óbvia? Valentina não tinha certeza se ainda conhecia aquela pessoa como costumava conhecer antes. Já se passavam treze anos desde que eles perderam qualquer forma de contato. Ela podia ouvir com clareza a última vez que ouviu sua voz...

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"Eu não quero ir, por favor Tina eu te amo, fala pra eles por favor!" ele dizia em prantos, a voz falha "Não faz isso comigo" enquanto a menina, de apenas quinze anos, ouvia do outro lado da linha sem saber como reagir. Seu próprio coração batia descompassado, suas lágrimas caíam sem pedir licença "Tina, fala comigo, fala comigo. Você sabe que eu não posso viver sem você, não sabe?" ele tentou novamente, mas ela não encontrava voz para responder. Até que ela ouviu um barulho do outro lado da linha

"O que? Gustavo, me dá esse telefone! Eu disse pra você ficar longe dela" era a voz de Valquíria, ela conhecia bem. A mãe do rapaz deve ter conseguido tirar o telefone dele de alguma forma, porque a próxima coisa que ela ouviu foi sua voz na linha "Valentina?" mas ela não conseguia responder, apenas chorar "Me desculpe querida, isso não vai se repetir. Como eu prometi, nós vamos cuidar dele, não se preocupe. Obrigada por nos permitir cuidar dele minha menina, eu vou cumprir com nosso combinado, fique tranquila"

E então ela pôde ouvir a ligação sendo desconectada, mas permaneceu na linha sem saber dizer por quanto tempo mais. Ela o queria longe de si, mas lhe queria bem... e apesar daquilo soar estranho depois de tudo, ela não sabia muito bem como desligar aquela chamada definitivamente.

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E ao que tudo indicava, ela de fato não havia desconectado a relação definitivamente, porque ele resolveu reaparecer. No momento em que ela se sentia mais despreparada, nada menos que isso. Parecia que ele fazia de propósito, como se soubesse exatamente quando ela se sentia vulnerável.

Não Me Deixe Cair - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora