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Lydia

Entramos na casa e logo fomos conhecer o garoto, que se chamava Júlio. Ele era um rapaz tímido, porém muito gente boa. Bento começou a orientá-lo na utilização do instrumento, enquanto eu e o resto fazíamos alvoroço no fundo.

- Olha só, Júlio! Se precisar de ajuda, é só chamar, viu? A gente também sabe umas coisinhas. - disse Dinho, piscando para Júlio com um sorriso brincalhão - Tá vendo? Já sou amigo de longas datas dele!

Júlio riu, parecendo mais relaxado com nossa presença. Enquanto isso, Sérgio tentava imitar os acordes, mas seus movimentos desengonçados resultavam em sons estranhos e desafinados.

- Sérgio, acho que você está precisando de uma aula extra, hein? - comentei, provocando mais risadas entre todos.

Ele fingiu indignação e rebateu com um olhar divertido.

- Pelo menos estou tentando! - Dá língua pra mim - Vem aqui fazer, então! - diz debochado.

Samuel, que estava mais quieto e sério até então, resolveu se juntar à brincadeira.

- É, lindona. Mostra pra gente como se faz, já que é tão boa no baixo, não é? - provocou ele, arrancando uma risada de todos.

Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir.

- Sou mesmo, Sammy! Se quiser, até faço um show particular depois. - respondi, entrando na brincadeira.

Nossos amigos se entreolham com semblantes maliciosos e faço cara de tédio.

- Gente, todo mundo aqui já percebeu que vocês são namoradinhos, não precisam esconder! - diz Dinho, com uma voz engraçada.

- Até nossos pais já deram a benção! - diz Sérgio, com um sorriso.

Mordo os lábios, desviando o meu olhar para esconder o leve rubor que meu rosto tomou. Vejo Samuel levantar e ameaçar dar um tapa na nuca do vocalista, que tenta se esconder atrás do japonês.

Bento, por sua vez, o olhou de cara feia, porém ignorou e continuou a dar instruções a Júlio, que demonstrava interesse genuíno em aprender.

- Então, aqui você posiciona os dedos assim e pressiona as cordas desta forma... Isso mesmo! Agora vamos tentar tocar essa sequência devagar. - explicava Bento, com paciência.

Júlio tentava reproduzir os acordes com dedicação, às vezes errando, mas sempre com um sorriso no rosto.

Do nada, Dinho decidiu animar ainda mais o ambiente e começou a cantarolar uma música animada, o que fez todos nós cantarmos junto, em meio aos acordes desafinados e risadas.

- Que tal uma pausa para um lanche, pessoal? - sugeriu Ana Paula, irmã de Júlio, trazendo uma bandeja com sucos e petiscos.

- EBAAAAA! HORA DO RANGO! - Dinho balança os braços que nem uma criança e dou um tapa em sua nuca - Aff,todo mundo resolveu ser agressivo comigo hoje! - resmunga emburrado.

Nos reunirmos em torno da bandeja repleta de petiscos, com os olhos brilhando. Apesar de estarmos morrendo de fome, tentamos manter a postura de pessoas educadas. Bento foi o primeiro a se servir, pegando duas coxinhas de vez.

- Ana Paula, você é um anjo! - exclamou ele, com a boca cheia, enquanto Ana ria da nossa empolgação.

- Isso é verdade! Ana, você podia abrir um buffet. - sugeriu Sérgio, rindo

Ana Paula sorriu, satisfeita com o elogio, e todos continuaram se servindo. Dinho iria para o seu segundo prato de salgados, me deixando abismada.

- Se aquieta aí, Dinho. Deixa um pouco pra gente também! - brinquei, pegando um copo de suco.

Flor de Mandacaru | 𝗠𝗔𝗠𝗢𝗡𝗔𝗦 𝗔𝗦𝗦𝗔𝗦𝗦𝗜𝗡𝗔𝗦Onde histórias criam vida. Descubra agora