Capítulo 1

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Narrador

18 de fevereiro de 2020

Adeline havia acabado de se formar em jornalismo e conseguiu um emprego como correspondente da TV Globo na Europa. Era algo simples ainda já que ficava distante das câmeras, apenas no escritório dando suporte aos repórteres que estrelavam os jornais. Aquele não era o emprego dos seus sonhos, mas o salário era bom, não para dar a base necessária para que fosse se dedicar apenas ao seu trabalho como escritora, mas já era algo grande, muitas pessoas lutavam uma vida inteira para chegar onde ela está tendo a oportunidade de ter seu primeiro emprego.
A sua meta era ter a vida estabilizada e uma boa poupança para que pudesse viajar pelo mundo por um ano, sem se preocupar em trabalhar, apenas em busca da história perfeita para seu livro. Apesar de ter grandes ideias e várias histórias já prontas, ela nunca sentia que era boa o bastante, exceto por um livro que escrevera quando tinha 12 anos e foi publicado com a ajuda de sua avó. Venderam tão poucas cópias que ela quase desistiu de continuar com essa ideia, mas Adelaide jamais deixaria que sua neta desistisse de seu sonho.

- Você tem um grande talento e um coração encantador. - dizia sua avó. - Nunca deixe que que alguém te diga que isso não se passa de um sonho bobo.

E era isso que Adeline sempre tinha em mente, mas nunca achava que sua história era boa o bastante, não para que saísse do seu bloco de notas. Aliás, como ela poderia contar histórias de amor quando nunca soube de verdade o que era?
Ela amava muito sua avó, e dizia que esse seria o grande amor de sua vida. Para Adeline aquilo bastava.

- Eu me sinto honrada por ouvir isso tantas vezes... - disse sua avó em uma noite. - Mas nós sabemos que não é verdade.

As duas riram segurando a mão uma da outra.

- Vovó, eu não busco esse amor romântico para a minha vida, apenas quero uma história grandiosa para escrever um livro. - disse Adeline. - Se um dia acontecer, ficarei muito feliz, mas essa não é a minha meta. O seu amor é tudo o que preciso. - disse se deitando no colo da avó que começou a acariciar seus cabelos.

- Eu disse para seu pai não colocar seu nome em minha homenagem, isso te traria grandes problemas. - disse a avó rindo, o que fez a neta rir também. Elas eram muito parecidas. - Quando eu tinha a sua idade, também pensava dessa forma, até que conheci seu avô.

- Eu poderia escrever sobre a história de vocês dois. - Adeline disse.

- Você vai achar algo mais emocionante para o seu livro. - Adelaide disse de um jeito calmo. - Saiba esperar e vai encontrar aquilo que procura... Você poderia continuar a sua história de fantasia, aquela que publicamos. - propôs.

- Vovó, aquela história foi um fiasco, uma coisa boba da juventude. - a garota se lembrou rindo do livro que publicara quando tinha 12 anos.

- Minha queria... - Adelaide acariciou o rosto da neta, o virando para si. - Nada daquilo que fazemos com o coração é bobo. Jamais deixe alguém dizer isso, principalmente dos seus sonhos. Você é a pessoa mais artística que eu conheço... Depois de mim, é claro. - as duas riram juntas. - Tudo aquilo que é feito com amor e dedicação, por mais simples que pareça ser, é algo grandioso.

Adeline sorriu para sua avó que beijou sua testa.

12 de abril de 2020

Adeline estava sentada com o rapaz em uma das mesas no fundo do pub. Ela ficou admirando a forma como seu cabelo e seus olhos escuros se contrastavam com sua pele clara. Afonso era um rapaz charmoso, herdeiro de uma família bem sucedida de Portugal e estava trabalhando em Londres havia pouco tempo. Eles se conheceram em um show de covers de bandas havia alguns dias e resolveram marcar um encontro.
A sintonia entre os dois era muito boa, apesar de serem bem diferentes um do outro, era algo que encaixava. Ele fazia o estilo bad boy que a encantava quando mais nova e Afonso a achava muito bonita, divertida e tranquila. Os dois acabaram ficando outra vez e ele a chamou para dormir em sua casa. Quando amanheceu, ela acordou, se despediu de Afonso e correu para casa e foi contar a suas amigas a ótima noite que teve e disse que não passaria disso.
Mais tarde, no mesmo dia, ela recebeu uma mensagem do rapaz.

Livin' just to find emotionOnde histórias criam vida. Descubra agora