VII.

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Na manhã seguinte, quando acordou, Miwa sentou-se sobre a cama, coçando os olhos

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Na manhã seguinte, quando acordou, Miwa sentou-se sobre a cama, coçando os olhos. Quando sua visão focou, sua atenção caiu em Tralfagar, que dormia em uma posição toda torta na poltrona, seus pés estavam nas costas do estofado e seu corpo quase caía dali, ele roncava baixinho, agarrado à espada, o chapéu com formato esquisito já estava bem mais longe dele e respirava pesadamente, indicando sono pesado.

A ruiva pôs os pés para fora da cama, e quando tocaram o chão frio, o corpo se arrepiou por inteiro. O chão gélido era sinistro, não que fosse anormal, estavam abaixo do nível do mar, não surpreendentemente estaria frio. Caminhou com passos suaves e silenciosos, até parar em frente a Law, agachando-se à frente dele, tirando os fios relativamente grande da frente dos rosto, parecia que não cortava há muito tempo. Analisou cada traço de suas feições, notando as ruguinhas ao lado do nariz e as olheiras profundas que tinha abaixo dos olhos, que dava uma pitada de charme aos olhos cinzentos.

Os lábios finos e o nariz arrebitado, sem tocá-lo, traçou os dedos por cima de cada ínfimo detalhe de seu rosto, analisando minuciosamente cada extremo, inevitavelmente, guardando cada informação em sua memória. Sem que percebesse, enquanto o fazia, cantarolava Bink No Sake, bem baixinho.

Yohohoho...

Tampouco percebeu a movimentação no rosto de Law, enquanto lentamente acordava. O mais velho fingiu ainda dormir, para continuar sentindo a magia que ela lhe transmitia sempre que cantava, era até mesmo surreal. Não queria que parasse, queria ouvir mais, sentir mais. Porém, não poderia, porque queria mesmo ouvi-la cantar podendo olhar em seus olhos azuis, perdendo-se na maré e profundidade daqueles que guardam tantos segredos e mistérios, iria desvedá-los e assim, embalá-la em conforto, para que nunca mais sentisse dor ou emoções ruins ao cantar.

Por outro lado, pela primeira vez, Miwa não sentia uma vontade absurda de chorar, ou dor no peito, não sentia falta de ar e nem lembrava de quando foi humilhada por aqueles que considerou sua família.

Nunca os perdoaria.

Sem ao menos notar, ela desenhava os traços de Law sem pudor, diversas e repetidas vezes, não se importando muito, ou melhor, não se dando conta do que fazia, estava agindo com tanta naturalidade, que não viu quando Tralfagar abriu os olhos e começou a observá-la com atenção, os olhos geralmente frios estavam tão calorosos. Sua mão ficou parada, quando ia fazer o desenho dos lábios dele mais uma vez, encarando-o com um pouco de surpresa e susto, quando ia se afastar, o moreno foi mais rápido e segurou-lhe pelo quadril, não permitindo que ela cortasse o contato e levou a mão pequena para os próprios lábios novamente. Foi tão rápido em se colocar de pé, que a ruiva ficou desnorteada por alguns segundos.

— Não pare, continue. — ele pediu baixinho, sua voz não passava de um sussurrou rouco e grave, a mão grande e calejada segurando o pulso da ruiva com tanta delicadeza, como se ela fosse uma porcelana. — Continue cantando...

Para ela, pareceu mais uma súplica do que um pedido, parecia necessitar daquilo. E realmente, o moreno necessitava sentir a paz que sentiu há alguns dias, querendo ter novamente a mesma sensação de paz que sentira quando a ouviu na clareira, queria ter aquilo de novo, dessa vez, tendo a permissão de olhar em seus olhos.

— Não, eu... — quando foi puxar a mão, percebeu o quão fraco ele lhe segurava, parecia tremer que quebrasse. — Ah...

O suspiro que saiu foi tão audível, que Law temeu que estivesse machucando-a, contudo, simplesmente não conseguia se afastar dela, do calor e do cheiro doce que somente ela tinha, chegava a ser um incômodo em certos momentos, geralmente vivia em uma tempestade interna com a sede de ódio e vingança que suprimia todos os dias contra Doflamingo. Porém, quando a ouviu, viu tudo isso sumir e lhe tranquilizar. Desejava, ansiava por isso.

Quando ela abriu os lábios e começou, Tralfagar imediatamente sentiu uma raja de um vento caloroso e aconchegante, sabia que era inexistente, mas o que sentia era tão real e palpável, tão sentido que não evitou o sorriso gentil, não poderia apenas decidir que não queria sentir, pois sentiria tudo, tão detalhadamente, tão atentamente, tão... Bem. Era doce, amável e afável ao ouvidos, tão confortável e gentil, parecia acariciar-lhe a alma, como um abraço quentinho de quem se ama em dias frios e chuvosos, quando tudo está dando errado e você sente que vai ruir, esta era sensação que lhe abraçava gentilmente, o sentimento de poder ouvir sem precisar se esconder ou fugir, de poder simplesmente sentir.

Miwa não sentia-se diferente, nunca antes tinha se sentido tão confortável ao cantar para alguém, cantar olhando para os olhos cinzentos que continham emoções irreconhecíveis, ser tocada com tanto apreço e suavidade, o quão acolhida se sentia naquele quase abraço.

A firmeza que Law segurava seu quadril, mantendo-a próxima dele, não conseguiu conter a vontade de passar os braços ao redor do pescoço dele, o que consequentemente fez com que ele se inclinasse na direção dela, fazendo com que seus rostos se tornassem tão próximos que suas respirações se mesclavam e ela cantasse mais baixinho, os olhos em nenhum momento perdendo a conexão quase visível que tinham, as orbes dela vibraram em um rosa tão vívido, alguns fios de cabelos dos dois se ergueram pelo choques emitidos por ela, por alguns instantes, os olhos deles se conectaram por uma pequena ligação de luz rosa, as íris de Law também brilharam em rosa, e quando, por fim, Miwa parou de cantar, os lábios se encontraram em um beijo profundo e sentimental.

(...)

Atrás da porta, a tripulação apenas ouvia em silêncio. A princípio, tinham ido ali para comunicar seu capitão que demoraria menos de uma semana para a próxima ilha, visto que aceleraram mais devido as circunstâncias. Tiveram que parar ao ouvir a movimentação agitada dentro do cômodo, se conformando apenas em bisbilhotar do outro lado da porta.

Beppo era o que mais chorava ao ouvir a voz da ruiva que achava muito assustadora e intimidante, parecia que toda a sua impressão que teve dela, se dissipando lentamente a cada verso que chegava aos seus ouvidos peludos.

O coração de todos estavam aquecidos, confortados de suas próprias dores e sentimentos ruins que nem os próprios notavam no dia a dia.

E este era o poder do canto de Miwa, o poder que ela não tinha conhecimento, o poder que quiseram guardar, o poder que ela odiou.

E este era o poder do canto de Miwa, o poder que ela não tinha conhecimento, o poder que quiseram guardar, o poder que ela odiou

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dia dois: ✓

os dias se completarão a cada manhã, certo?

e aí, o que acharam? eu particularmente quase chorei escrevendo issokkkkk

bjo na bunda<3

Vermelho Vibrante. | Tralfagar Law.Onde histórias criam vida. Descubra agora