Capítulo VIII

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| cap - VIII|

| Luta pela sobrevivência |

" Quem é você?... "


Vieve abriu os olhos lentamente, sua visão ainda turva pelo sono profundo no qual se encontrava até então. À sua volta, o cenário de um parque de diversões abandonado se revelou gradualmente.

Ela estava dentro de um enorme tanque de água, uma espécie de aquário gigante, cujas paredes estavam cobertas por algas escuras e musgos, como uma tapeçaria macabra da natureza. O tanque era fundo e parcialmente escuro. A luz filtrada pela água dava uma tonalidade esverdeada ao ambiente, intensificando a sensação de desolação.

No entanto, como uma sereia da vertente Laguna, Vieve podia adaptar-se a qualquer ambiente aquático - ácido ou alcalino, puro ou impuro, gelado ou fervente - contanto que houvesse água. Ainda assim, o tanque em que estava imersa parecia diferente. A água ali era densa, quase sem oxigênio, como um líquido desgastado pelo tempo. Um cheiro de mofo e decadência pairava sobre ela, enchendo o ambiente de um ar sufocante e apodrecido, algo que fazia sua própria essência rebelar-se.

Os brinquedos enferrujados e os antigos aquários gigantes jaziam em ruínas ao redor do tanque, testemunhas silenciosas da passagem do tempo e do abandono que havia se instalado ali.

O som do vento uivando entre as estruturas desmoronadas criava uma atmosfera sinistra, como se o próprio parque estivesse gemendo de desespero. Arrepios desciam de sua nuca até a ponta da barbatana.

A água do tanque era diferente, quase sem oxigênio devido à degradação. Aquele era um lugar esquecido por todo mundo, aquilo não poderia estar realmente acontecendo...

Vieve sentia o peso de uma corrente grossa ao redor de sua cauda, limitando-lhe os movimentos e impedindo-a de nadar livremente. A corrente, enferrujada e coberta de lodo, rangia a cada movimento que ela tentava, como se protestasse junto dela contra aquela prisão injusta. Nadando com dificuldade até a superfície do tanque, sentiu o ar rarefeito queimando seus pulmões, cada respiração se tornando uma batalha.

Seu corpo parecia hesitar, lutando contra a adaptação natural que sempre fora tão imediata e instintiva. Aquelas águas, espessas e envenenadas, pareciam carregadas de algo além da simples contaminação, do cheiro de mofo e decadência. Comprimia-lhe os pulmões e agitava-lhe os sentidos como uma ameaça invisível. Sentia-se encurralada, sufocada, uma sensação que nunca experimentara em nenhum outro ambiente aquático. Algo ali, uma força maior ou uma magia instável, interferia em sua essência, rompendo a harmonia com o que deveria ser apenas água - mesmo em sua pior forma. Em vez disso, cada gota parecia um veneno sutil, rejeitado por seu organismo, que resistia, exausto, à adaptação, enquanto os efeitos daquela contaminação se espalhavam lentamente por suas veias.

Com o coração acelerado de medo e confusão, Vieve tentou entender como tinha acabado ali. Suas lembranças eram vagas, fragmentos desconexos de um evento que parecia distante e nebuloso. Ela estava sendo mantida prisioneira naquele lugar terrível e aterrorizante, e a sensação de estar completamente indefesa a assombrava. Ela precisava encontrar uma maneira de fugir daquele lugar assutador, antes que fosse tarde demais.

Ao emergir na superfície da água, algo chama imediatamente a atenção de Vieve: um símbolo misterioso cravado numa parede de tijolos parcialmente desconstruída, próxima ao tanque. O que era aquilo? O desenho exibia um dragão vermelho, com suas asas estendidas, envolto por espadas afiadas, como se guardassem ou o protegesse. Contrapondo-se ao cenário desolado e em ruínas, o símbolo parecia pulsar com uma energia própria, como se tivesse sido recentemente inscrito ali.

Animais Fantásticos: Sereias E Onde Habitam | Newt ScamanderOnde histórias criam vida. Descubra agora