Capítulo 9

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Astarion

Já não aguentava mais aguardar. Pelos infernos, que demora! Seus trabalhos como assassino eram rápidos. Geralmente com cortes limpos e indolores. Mas, tinha desejos diferentes para o Cazador e a maldita rainha estava quase entrando para sua lista. Ouviu um baque da porta do quarto ao lado onde Ruby estava. Um garoto pálido saiu batendo os pés, empurrando as pessoas que estavam ao redor. Foi até uma fada de cabelos loiros e a puxou pelos fios, jogando-a no sofá mais próximo. Quando Astarion percebeu que o garoto não retornaria, sentiu-se aliviado por Ruby ter se livrado dele. Quando estava retornando ao seu quarto, viu um homem forte sair pela mesma porta. Os cabelos loiros caiam pelas costas e mantinha uma mão na barriga, não parecendo nada saudável. Os pés fraquejam e pessoas próximas a ele o seguram, pois, seu corpo está desabando. Parecia efeitos de um veneno, talvez não tivesse uma cura. Ruby estava sozinha naquele quarto agora ou havia mais homens ali? Se ela foi como cortesã do rei, por que o imbecil mirim procurara outra garota? A elfa estava se livrando deles aos poucos?

Aguardou mais alguns minutos, o homem fada foi levado pelos guardas após pedirem ajuda. Retornou ao seu quarto, fechando a porta e tentando se concentrar nos sons da parede ao lado. Nada além de silêncio mortal, as pontas de suas orelhas mal se mexiam pela falta de som. Seria preocupante? Devia haver algum som, fossem risadas, gemidos ou... um grito. Ruby.

Mal teve tempo de pensar se o grito foi um pedido de ajuda, susto ou dor. Apenas correu, abrindo a porta com toda a força. Seus olhos procuravam por cada canto o cabelo rosado, e encontraram o da fada, estava em um canto conversando com um homem de capuz. Rapidamente ela disse algo e foi até o vampiro.

- O que aconteceu? Escutou alguma coisa?

- Um grito, tenho certeza de que foi a Ruby.

- Ah, infernos!

Ruby

Ela ainda tentaria, mesmo que estivesse drogada e todos os seus sentidos estivessem lentos. Ruby crava suas unhas na pele do desgraçado, mesmo com a adaga em seu abdome, não se importava. Não cederia ou esmoreceria, assim como Astarion nunca fizera. Precisava sair viva e tirá-lo dali, não poderia falhar. Mas, primeiro tinha que sobreviver. Suas pernas estavam sendo presas pelo peso do macho em cima dela, fazendo pequenos riscos em sua barriga com a adaga. Não sentia muita dor, a droga a havia tirado isso, pelo menos algo bom. Parou de se debater, precisava concentrar suas forças, só tinha uma chance.

- Cansou, minha cerejinha? Seu sangue é tão lindo quanto seus cabelos, gosto das cores em você. – Ela sabia que o pedaço de pano que vestia já não cobria mais nada após o esforço que fizera. Sabia que seus seios estavam à mostra e Elessar cortara o pano que descia por suas pernas.

Sua cabeça estava zonza e não conseguia distinguir muito bem os cheiros, mas havia percebido que o rei era sádico e queria que ela resistisse. Fadas e seus jogos.

- Só acabe logo com isso, eu não aguento mais olhar para você.

Sentiu o rosto arder. Havia levado um tapa, fazendo seus olhos lacrimejarem de dor. Sairia dali marcada de cortes na barriga e um roxo no rosto. Não podia ser muito agredida ou não teria forças para levantar-se dali. Percebeu um movimento, o rei se levantando devagar e indo até um armário. Sua visão turva reconheceu o formato e suas orelhas arrepiaram com o som dos grilhões. Ele iria acorrentá-la. Ele estava abrindo sua túnica, nu por baixo. Foi nesse momento que ela reuniu sua energia. Não poderia ser presa. Usou sua velocidade para correr até a porta, mas o rei ao perceber a puxou pela cintura. Seus pés alcançaram a porta e deu dois chutes, fazendo um barulho alto. Seu grito saiu novamente, pedindo ajuda. Mãos fortes a seguraram e sua cabeça foi mergulhada na banheira. O ar saiu de seus pulmões, se agitando. Não poderia morrer ali, não agora! Seus membros enfraqueceram e percebeu que estava se afogando.

Crônicas de Baldurs Gate: O despertar vampíricoOnde histórias criam vida. Descubra agora