CAPÍTULO 1

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A Cidade Alta estava em polvorosa. Todos olhavam os cartazes espalhados pelas ruas da criatura noturna que estava chamando a atenção da cidade de Baldur's Gate. Claro, Ruby já sabia o que era e não se parecia nada com a figura da criatura nos cartazes. Sim, havia a semelhança dos caninos com sangue e os olhos vermelhos, mas nada além disso. Vampiros eram bonitos, a maioria, pelo menos. Sabia que havia algo estranho, pois costumavam ser discretos com sua alimentação.

A Cidade Alta era o bairro onde os nobres viviam, um local onde se encontravam apenas riqueza e beleza, era ali que sua clientela se concentrava quando precisavam encontrar um jeito de acabar com algum problema sem sujar as próprias mãos. O bairro da Cidade Baixa era o oposto, ruas cheias em qualquer horário do dia ou da noite, becos estreitos e muitos comércios. A guarda do Punho Flamejante não se importava com a Cidade Baixa, só apareciam se alguém chamasse para relatar um furto, roubo ou assassinato.

Quando os ataques noturnos iniciaram na Cidade Alta, achou que seria um caso isolado, mas se tornaram frequentes. O Grão-Duque colocou a patrulha em cada rua, mas as coisas estavam saindo de controle.
Os ataques estavam cada vez mais frequentes, envolvendo até crianças. Havia meses que mortes misteriosas começaram a acontecer pela cidade, pessoas desapareciam e nunca mais eram encontradas, assim como relatos de corpos que sumiram de seus túmulos.

Apesar de ser uma elfa vivida, ainda não tinha completado seus 100 anos de maturidade, só tinha 30 verões completos. Os elfos costumavam viver 750 anos e apenas aos 100 eram considerados maduros, podendo trocar seu nome de batismo. Gostava de seu nome, não podendo dizer o mesmo de seu trabalho.

Ruby odiava esse trabalho, mas conseguia sobreviver com ele, não havia do que reclamar. Contudo, hoje era um dia em que reclamaria muitas vezes. Ela se aproxima da mansão com muros altos e de cor cinza, mal dá para ver o que há do outro lado, mas sente o cheiro de morte entrando pelas narinas, que tipo de atrocidades devem ter ocorrido aqui?

As criaturas não apareciam na cidade durante o dia e se misturavam bem durante a noite, sendo quase impossível rastreá-los em qualquer lugar. Foi quando recebeu uma carta de uma mãe pedindo ajuda para encontrar sua filha desaparecida de apenas nove anos, que havia sido raptada por um homem extremamente pálido e de olhos vermelhos. O resgate prometia uma quantia em ouro. Geralmente, seu trabalho envolvia ganhar recompensas para matar assassinos, afinal que mal havia nisso? Estava há semanas tentando encontrar o covil do desgraçado. Foi quando, em uma das patrulhas da noite, viu um vampiro se alimentando de um dos cervos da floresta ao redor, a luz da lua iluminava seus cabelos brancos, mas por que atacaria animais? Seguiu-o silenciosamente até a mansão em que se encontra escondida agora, pois sabe que com o amanhecer estão todos dormindo.
Teve a sorte de nascer com habilidades aprimoradas mesmo entre os elfos, sentindo cheiros e ouvindo sons há distâncias elevadas, distinguindo cada uma delas, assim como seus movimentos extremamente velozes e
era fácil se sentir orgulhosa, e por  vezes arrogante.

Salta o muro e rola na grama, escondida atrás de um arbusto, de frente para a casa silenciosa como a morte, todos os vampiros em seus covis. Ao se aproximar da entrada, vê que um deles está na porta, o mesmo que se alimentava na noite passada, aquele cabelo era inesquecível. Não pode ser. Ele devia estar dormindo, todos deviam. Antes que ele pudesse percebê-la, ela já o emboscou.

Astarion

Ao sair pela porta da frente, o amanhecer chegando, suas orelhas pontudas tremem e ouvem passos silenciosos, mas tarde demais, pois havia uma adaga em seu pescoço. O cheiro de sangue inunda suas narinas, sangue élfico, é claro, mas há algo diferente e as presas se alongam.

- Você não devia estar dormindo, vampiro? – A voz é de uma fêmea, o que ela fazia nesse lugar?
- Você esqueceu sua educação em casa? A campainha é logo ali.  – Não sabia se a achava corajosa ou muito tola para ameaçar um vampiro em sua própria casa.

Crônicas de Baldurs Gate: O despertar vampíricoOnde histórias criam vida. Descubra agora