Astarion
Gale o observou, as feições sérias sem saber se aquilo era uma piada de mal gosto.
- O que você quer dizer com morto? Ter sido ressuscitado por um pergaminho da ressurreição ou por um clérigo? – Os olhos de Ruby, verdes como a grama lá fora, estavam esbugalhados.
- É... vamos dizer que quase isso. Mas, com caninos e apreciador de um sangue de qualidade.
- Você é um vampiro! Não sei como não percebi antes com essa pele anêmica e olheiras. – Que insulto, mago abusado.
- Eu não tenho tido as melhores noites de sono nos últimos séculos, se quer saber, muito menos vitamina D.
- Por que não me contaram? – Gale questionou, passando a mão pelo rosto.
- Faz alguma diferença?
- Não sei! Aqui não fala nada sobre vampiros! Criaturas mortas vivas não podem fazer o laço, nenhum deus nunca fez isso antes.
- Para tudo tem sua primeira vez. – Queria questionar se o mago já tinha tido algum tipo de relação sexual, pois lhe parecia desajeitado. Mas, havia loucos para tudo...
- Só... vamos continuar e ver no que dá. Onde eu parei? Ah, sim! Ligação de duas almas que formam uma. Aceitam?
- Mas é claro. – Confirmou, olhando para Ruby. Ela acenou e disse que sim.
- Bom, então vamos ao sangue. – Gale se afastou do livro e pegou uma adaga cravejada de diamantes. Foi até Ruby primeiro, olhando no fundo de seus olhos.
- Você tem certeza? Isso vai mudar sua vida para sempre. – Por que ele estava questionando isso para ela? A fazendo repensar e mudar de ideia? Mas, quis saber sua resposta.
- Eu preciso desse laço se ele me responder perguntas sobre meu passado. Astarion não é a pior companhia que eu poderia ter. – E sorriu em sua direção.
- Verdade, você poderia ter que fazer laço com o Gale, imagine que terror. – O mago o encarou e ele gargalhou.
Gale passou a ponta afiada da adaga no dedo de Ruby, o sangue vermelho apareceu aos poucos, tímido e logo escorreu lentamente. Seus caninos se alongaram automaticamente, lembrou que a última refeição havia sido nojenta e o sabor da rainha era pior que de um rato dos esgotos da cidade. O mago pareceu não se sentir confortável com os caninos do vampiro à mostra, mas se dirigiu a ele. Pegou sua mão pálida e fez um corte de uma forma mais brutal, nada tão delicado como com Ruby.
- Agora encostem as mãos de vocês, deixando o sangue se misturar.
A mão de ambos se encontrou, o sangue fluindo entre eles. Gale começou a proferir palavras que não ele não reconheceu, idioma da magia, provavelmente.
- Estou tentado a colocar nossos dedos na boca, devia me preocupar? – Brincou, percebendo a tensão de Ruby.
- Melhor não, vai que você estraga a cerimônia milimetricamente calculada de Gale.
- Ele ficaria irritado e isso me deixaria feliz. – Ela sorriu com a resposta.
O sangue dos dois se transformou em uma magia gasosa, flutuando ao redor deles, os envolvendo. Sentiu os pelos da nunca se arrepiarem e seus pensamentos não pareciam mais restritos, tinha algo ali ouvindo tudo. A sensação de uma companhia invisível que estava com medo, mas esperançosa. Logo sentiu o laço se estreitando, a intimidade de ambos se emaranhando. Sentia o ritmo da batida de seu coração, mas ao mesmo tempo, parecia que algo estava bombeando para ele. Era como se uma magia invisível fosse responsável por estar vivo, não seu coração. Percebeu seu apetite mudando. Antes, o sangue de Ruby era o melhor, sua boca salivava ao relembrar. Mas, agora era necessário, como se morresse se não o saboreasse, assim como o oxigênio para respirar. Seus caninos doeram, latejaram implorando pelo sangue fresco. Olhou para Ruby, as bochechas rosadas, tão assustada quanto ele com a ligação que havia entre eles agora. Ele precisava do sangue dela agora!
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Crônicas de Baldurs Gate: O despertar vampírico
Fantasy"Crônicas de Baldurs Gate: O despertar vampírico" é uma emocionante aventura de fantasia que se passa no mundo mágico de Baldur's Gate. A personagem principal, Ruby, é uma elfa destemida e habilidosa que se vê envolvida em uma missão perigosa quando...