Capítulo 10

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Narrador:

Se passados dez dias e dez noites, as esperanças de sair daquela ilha só ia acabando. Acordado durante a madrugada depois de ter um pesadelo, Flávio olhou em volta, vendo as duas meninas dormirem e notou algo estranho debaixo da árvore, onde Pedro dormia. Sem fazer a mínima ideia de onde Pedro estava, foi de encontro com as meninas para tentar descobrir onde seu melhor amigo estava.

— Joana… Joana… acorda– a chacoalhava de um lado para o outro, mas sem sucesso. Se virou para seu lado esquerdo e entrou dentro da barraca das meninas.

— JANAÍNA, ACORDA. – a chacoalhou e gritou no seu ouvido.

— Oi? - Janaína o respondeu, meio confusa o cérebro ainda estava em processamento. — Aconteceu alguma coisa?

— Sim… não, eu não sei, mas espero que não na verdade.

— Fala o que aconteceu Flávio, estou ficando nervosa. – falou se sentando.

— É o Pedro, ele não está aqui. – Flávio fala de vez, Janaína arregala os olhos e sai da barraca, indo em direção onde Pedro dormia.

— Janaína, me espera!

— O que será que aconteceu? – Janaína pergunta a Flávio, indo de encontro com o mesmo para abraçá-lo.

— O que está acontecendo? – Joana os pergunta, com uma voz esbaforida.

— É o Pedro– Janaína fala, com sua voz falhando e os olhos cheios de água.

— O que, que tem ele?

— Ele… ele… des- desapareceu, não sabemos onde ele está. – Janaína  gagueja um pouco segurando seu choro.

Joana não fala nada, fica ali pensando.

— Tive uma ideia, vamos para o lugar onde Pedro foi visto por último.– Joana fala depois de um tempo.

Os três logo se separaram, Joana foi para a direita, Janaína para a esquerda e Flávio seguiu o caminho da frente.

Janaína:

Não faço a mínima ideia de onde estou. Mas mesmo assim não desistirei de encontrar o Pedro.

— PEDROOO! PEDROOOO! PEDROOOO, ONDE ESTÁ VOCÊ?

Quanto mais eu andava mais as esperanças de encontrar ele sumiam, tenho que ser positiva. Andei muito, muito mesmo, andei tanto que não posso sentir mais minhas pernas. Mas mesmo assim não irei desistir, eu não posso desistir.

— PEDROOOO! – a primeira lágrima cai — CADÊ VOCÊ? – mais uma — POR FAV… – não consigo terminar, as lágrima tomaram de conta do meu rosto, não consigo mais segurar-las, não me importo em deixá-las cair, mesmo sabendo que ele não iria gostar de me ver assim, mesmo sabendo que deveria ser forte por ele, mesmo sabendo que ele só havia se perdido. – Estou no chão, minhas mãos estam cobrindo meu rosto, minhas pernas e roupas estam sujas por conta da lama que estou em cima. Mas não me importo, nada mais importa, saber que tem uma grande chance de perder um amigo, dói. Dói muito, é como enfiar uma adaga no peito, é como arrancar seu coração, é como está morto por dentro, é como se você estivesse sendo torturado no inferno sem menos poder sair de lá, é como ficar preso dentro de um buraco bem fundo fechado, lacrado, sem luz ou esperança de sair. E isso se multiplica mais em saber que a pessoa que você mais amou corre o risco de não está mais aqui, que você não conseguiu expressar esse sentimento, que você teve medo e receio, que você escondeu isso por muito tempo e agora é tarde demais. Isso com certeza dói muito. Eu me arrependo amargamente, vou me arrepender todos os dias da minha vida, pelo meu último suspiro e por toda vez que estiver vagando aqui.

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